Vitória dos atletas no COB anima, mas grupo dos 12 vive incertezas
Contemplados com poder de voto nas Assembleias da entidade, esportistas ainda terão de se reunir para definir se ficam, liderados por Tiago Camilo. Nova eleição não é descartada
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Passada a polêmica a respeito do peso dos atletas na principais decisões do Comitê Olímpico do Brasil (COB), com a aprovação do aumento dos assentos de um para 12, o grupo vive agora uma fase de incertezas sobre quem efetivamente se dedicará ao assunto e qual será o impacto de suas decisões. Uma das queixas era de que a Comissão de Atletas, na prática, não tinha força.
A lista atual dos contemplados representa um terço do colégio eleitoral da entidade, o que significa aumento animador. Mas não é certo, por exemplo, se esses nomes votarão na próxima eleição presidencial, prevista para ocorrer no quarto trimestre de 2020. Isso porque um novo pleito para se chegar aos 12 atletas não está totalmente descartado. E alguns podem não ficar.
No modelo aprovado por unanimidade, se juntarão ao presidente da Comissão, Tiago Camilo, os 11 mais votados para o cargo abaixo do judoca. São eles: Yane Marques (pentatlo moderno), Duda Amorim (handebol), Beatriz Futuro (rúgbi), Emanuel (vôlei de praia), Fabiana Murer (atletismo), Poliana Okimoto (maratona aquática), Arthur Zanetti (ginástica), Thiago Pereira (natação), Fabiano Peçanha (atletismo), Emerson Duarte (tiro esportivo) e Bruno Mendonça (hóquei sobre a grama).
Eles, no entanto, foram escolhidos em um contexto de mobilização muito menor da classe do que atualmente. De lá para cá, o debate sobre novos rumos na gestão do esporte ganhou fôlego, sobretudo com a prisão de Carlos Arthur Nuzman, investigado por atuar supostamente como peça-chave em um esquema para eleger o Rio de Janeiro como sede dos últimos Jogos. Além disso, parte já está aposentada e tem outras prioridades no momento.
- Precisamos nos organizar e fazer valer esses 12 votos, para construir um esporte mais democrático. Vou fazer uma reunião com a Comissão e definir os próximos passos. Não sei se haverá nova eleição. Acredito que não, mas preciso consultar todos para saber se os 12 estão envolvidos, se querem participar e se terão compromisso com o esporte. Sempre decidimos juntos. Não tem essa de 'eu sou o presidente e a Yane é vice' - afirmou Tiago Camilo, prata nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 e bronze em Pequim-2008.
No último pleito presidencial, que reelegeu Nuzman em dezembro do ano passado, com Paulo Wanderley de vice, o único voto da classe foi de Emanuel, então presidente da Comissão de Atletas e atual diretor de esportes olímpicos do Fluminense. Tiago Camilo, eleito em abril deste ano, foi escolhido para ser a "voz" durante o ciclo 2016-2020.
Os dirigentes inicialmente contrários ao aumento para 12 reclamavam que a adesão dos atletas é baixa. Dos 622 aptos a votar na última oportunidade para a Comissão (quem disputou os Jogos Rio-2016 e Londres-2012), apenas 170 participaram do pleito, em abril. Esses cartolas defendiam apenas cinco nomes.
Em meio à pressão da opinião pública, eles deixaram o argumento de lado. Até porque a derrota era inevitável, diante da mudança declarada de voto de algumas confederações. Na Assembleia da última quarta-feira, não propuseram nova eleição, mas há entidades que se queixam da falta de representantes de seus esportes no grupo.
- Houve comentários sobre a baixa adesão, mas foi apenas o pensamento de algumas confederações a respeito do quantitativo de atletas, do número de votos que eles obtiveram para se fazer representar em um colegiado grande. Não foi impeditivo para que elas votassem a favor dos 12 - afirmou Paulo Wanderley, atual presidente do COB.
Além dos 12 atletas, a Assembleia Geral será composta por um representante de cada uma das 35 confederações olímpicas e um membro do COI (Bernard Rajzman). Caberá a ela votar as matérias colocadas em pauta e eleger os membros de todos os conselhos do COB (Administrativo, Fiscal e Ética), além do presidente.
Tiago pretende agendar uma reunião por Skype ainda este ano com o grupo. Apesar de satisfeito com a vitória, ele admite a necessidade de mobilização maior por parte da classe em comparação com o que vinha sendo feito.
- Temos de nos organizar melhor. Temos de entender a posição atual de cada um. Às vezes, a pessoa não quer participar de tudo, porque a Comissão nunca funcionou dessa forma - avaliou o judoca.
Além dos atletas, os clubes entraram na história nesta semana. Por meio de uma carta, dez agremiações olímpicas solicitaram lugares nas duas vagas destinadas a "membros independentes" no novo estatuto. O assunto não foi discutido pela Assembleia, mas a sugestão não está descartada.
- Essa discussão cabe a qualquer momento. O estatuto abre a possibilidade de renovação a cada dois anos. Novas ideias serão estudadas e poderão ser colocadas em prática - disse o presidente do COB.
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