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Brasil bate recordes, e Estados Unidos mantêm hegemonia na história dos Jogos Olímpicos

Em Tóquio, delegação brasileira fez história, enquanto americanos conseguiram aumentar distância para os demais mesmo com desempenho abaixo do esperado

Montagem Rebeca Isaquias Bia e Fratus
imagem cameraBrasil quebrou recordes de medalhas em Tóquio (Foto: AFP)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 09/08/2021
21:39
Atualizado em 10/08/2021
10:09

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A Olimpíada de Tóquio terminou e deixou várias novas histórias marcantes. Foram os Jogos Olímpicos de estreia de modalidades como skate e surfe, que aproximaram os públicos mais jovens e velhos, de campanhas históricas de países como Brasil e Japão, e da disputa mais equilibrada pelo primeiro lugar no quadro de medalhas. Foi também o evento da união, diversidade e inclusão social, composto pela primeira vez com quase 50% das mulheres.

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Em casa, o Japão registrou a melhor campanha da sua história em Jogos Olímpicos pela segunda edição consecutiva. Na Rio-2016, os japoneses conquistaram 41 medalhas. Já em Tóquio, saltaram para 58 e quebraram o recorde de douradas: 27. Anteriormente, a melhor marca foi de 16, na Olimpíada de 1964, também na própria capital, e em Atenas-2004.

ESTADOS UNIDOS NO TOPO

A dinastia estadunidense foi mantida nos Jogos Olímpicos. Os Estados Unidos foram o país que mais conquistou medalhas em Tóquio: 113. Ao todo, foram 39 ouros, apenas um a mais que a China – a menor diferença desde 1912. Os estadunidenses já estiveram no topo em outras 17 edições e continuam transformando o investimento no esporte em resultado.

O balanço norte-americano é puxado por feitos históricos em algumas modalidades e resultados abaixo do esperado em outras. O país conquistou sua primeira medalha dourada no vôlei feminino, depois de somar três pratas, sendo duas recentemente em Pequim e Londres. Coincidentemente, os vice campeonato nesses dois Jogos foram para a Seleção Brasileira, equipe que as atletas estadunidenses superaram na final em Tóquio.

Os resultados aquém do esperado vieram principalmente do atletismo e da ginástica. Na primeira modalidade, os EUA ficaram fora da final do revezamento 4x100m masculino pela primeira vez, gerando críticas de Carl Lewis, que ganhou dez medalhas olímpicas, sendo nove de ouro, no atletismo entre os anos 80 e 90. Carl dominava os 100m e 200m rasos, além do salto em distância, sendo dono dos recordes por décadas.

Já na ginástica o desempenho inferior veio acompanhado de um tema sério e de suma importância dentro do esporte. Simone Biles, principal nome da modalidade e que somou quatro ouros e um bronze na Rio-2016, desistiu da participação em alguns aparelhos para cuidar de sua saúde mental, prejudicada muito por conta da expectativa criada sobre ela.

Na natação, esporte em que o país já contou com o astro Michael Phelps - atleta com mais medalhas na história dos Jogos Olímpicos -, a estadunidense Katie Ledecky teve seu reinado ameaçado pela australiana Ariarne Titmus, que a superou nas provas dos 200m e 400m livre. Porém, em outras provas Ledecky foi a vencedora, como no estreante 1500m livre.

Com as 113 em Tóquio-2020, os Estados Unidos chegaram a impressionantes 2.636 medalhas em 28 edições de Olimpíadas, o que representa uma média de 94.1 subidas ao pódio em cada uma delas.

Simone Biles
Simone Biles não correspondeu a expectativa dos americanos e se despediu de Tóquio sem medalhas de ouro (Foto: Loic Venance / AFP)

BRASIL MANTÉM EVOLUÇÃO

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o Brasil fez uma campanha histórica com direito a recordes de medalhas, conquistas e feitos inéditos, além de marcas quebradas entre os países da América do Sul. No continente, o país liderou com folga, enquanto nas Américas foi o terceiro com mais medalhas, atrás somente dos Estados Unidos e Canadá – este último por apenas três medalhas e empatados em ouros.

Em Tóquio, o Brasil conquistou 21 medalhas e obteve a sua melhor marca na história dos Jogos Olímpicos. Outra marca expressiva foi o número de ouros: sete – o mesmo da edição do Rio de Janeiro, em 2016. Desde Pequim-2008, quando terminou com 17 medalhas, o país se manteve acima desta média, tendo repetido o mesmo número em Londres-2012 e 19 no Rio-2016. Desde Atlanta-1996, a delegação brasileira consegue, pelo menos, dez medalhas.

O Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos na edição da Antuérpia em 1920. Na ocasião, conquistou três medalhas, sendo uma de ouro. Desde então, só ficou ausente de uma edição: Amsterdã, em 1928, por conta de uma crise econômica que afetou o país e impediu que houvesse recursos para enviar uma delegação. Antes da virada de chave nos anos 90, a melhor marca havia acontecido na edição de Los Angeles, em 1984, quando ficou com oito medalhas.

A partir dos anos 1990, é notória uma evolução no esporte brasileiro. Antes de Atlanta-1996, o Brasil tinha participado de 16 edições dos Jogos Olímpicos e conquistado 39 medalhas ao todo (média de aproximadamente 2.5 medalhas por edição). Já a partir da edição da capital da Georgia, nos Estados Unidos, foram 111 medalhas conquistadas e uma média de cerca de 16 medalhas por edição.

Na Olimpíada de Atlanta em 1996, uma das novidades foi o vôlei de praia. Com exceção de Tóquio-2020, a modalidade sempre entregou medalhas para o Brasil, seja no feminino ou masculino. Na primeira participação, foi uma dobradinha de cartão de visitas: ouro com Jaqueline Silva e Sandra Pires, e prata para Mônica Rodrigues e Adriana Samuel.

Em Sydney-2000, Adriana Samuel e Sandra Pires se juntaram e ficaram com bronze, enquanto Adriana Behar e Shelda Bedê ficaram com a prata. A dupla repetiu o vice-campeonato em Atenas-2004. O Brasil voltou ao pódio com Juliana Silva e Larissa França (bronze em Pequim-2008) e Ágatha e Bárbara no Rio-2016.

Já no masculino, são duas medalhas de ouro: Ricardo e Emanuel em Atenas-2004 e Alison e Bruno Schmidt no Rio-2016. Ricardo e Emanuel voltaram ao pódio com bronze em Pequim-2008. Na mesma edição, Márcio e Fábio Luiz foram prata. Emanuel ainda conquistou uma terceira medalha olímpica ao lado de Alison em Londres-2012. Em Tóquio, pela primeira vez o Brasil passou em branco no masculino e feminino.

No vôlei de quadra, o Brasil também se tornou uma potência a partir dos anos 1990, tendo feito cinco finais no masculino e três no feminino. Ao todo, no masculino são três ouros e três pratas (disputou uma final também em Los Angeles-1984), enquanto no feminino são dois ouros, uma prata e dois bronzes. No geral, o Brasil soma dez medalhas e está empatado com os Estados Unidos – ambos atrás da antiga União Soviética com 12 medalhas (sete de ouro).

Além do vôlei, outro esporte se tornou fundamental para o crescimento do Brasil em medalhas nos Jogos Olímpicos: a vela. Na história, são 18 medalhas, sendo sete de ouro, três de prata e oito de bronze. Houve um aumento no número de medalhas a partir dos anos 1990, com Torben Grael, Robert Scheidt e cia. No Japão, Martine Grael e Kahena Kunze se tornaram bicampeões olímpicas e igualaram Torben Grael, Marcelo Ferreira e Robert Scheidt na mesma modalidade.

Martine Grael e Kahena Kunze
Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram o bicampeonato olímpico em Tóquio (Foto: Divulgação / COB) 

CRESCIMENTO DOS ASIÁTICOS E QUEDA DE EUROPEUS

Com o aumento das modalidades ao longo da era moderna dos Jogos Olímpicos, a Ásia entrou forte na disputa por medalhas. Chineses e japoneses começaram a dar trabalho aos americanos, russos e demais europeus na ginástica, além de dominarem esportes de combates como judô e luta olímpica. Desde Pequim-2008, quando a China superou os Estados Unidos por quase 20 medalhas de ouros, a batalha por medalhas aumentou.

Países europeus tradicionais como Alemanha foram apresentando quedas ao longo dos anos. Em Tóquio, foi a pior campanha dos alemães desde a unificação. Por outro lado, a Rússia conseguiu o melhor número de medalhas após o fim da União Soviética, mesmo assim teve a pior posição de sua história na classificação geral. A França, por sua vez, apresentou uma evolução, na véspera de sediar uma Olimpíada em Paris.

VEJA AS MELHORES MÉDIAS DE MEDALHAS POR EDIÇÃO DOS JOGOS OLÍMPICOS:

Estados Unidos: 94.1 (2636 medalhas em 28 participações)
Rússia: 80.9 (1619 medalhas em 20 participações)*
China: 57.6 (634 medalhas em 11 participações)
Alemanha: 55.3 (1.383 medalhas em 25 participações)
Grã-Bretanha: 32.7 (916 medalhas em 28 participações)
França: 25.7 (746 medalhas em 29 participações)
Japão: 22.5 (497 medalhas em 22 participações)
Itália: 21.2 (617 medalhas em 29 participações)
Brasil: 6.8 (150 medalhas em 22 participações)

*: Grande maioria das medalhas russas são de participações como parte da União Soviética (URSS), parte da Equipe Unificada e Comitê Olímpico Russo (ROC).

NOVAS MODALIDADES NÃO SÃO NOVIDADES DE TÓQUIO

Seis novas modalidades entraram na agenda das Olimpíadas em Tóquio: skate, surfe, escalada, karatê, basquete 3x3 e ciclismo bmx freestyle. Nos primeiros Jogos Olímpicos, disputados em Atenas, em 1896, nove esportes fizeram parte do quadro: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, halterofilismo, luta, natação, tênis e tiro. Ao todo, hoje se disputam 46 esportes no torneio.

Na segunda Olimpíada da história, Paris-1900, estrearam arco e flecha, hipismo, futebol, golfe, remo, vela e polo aquático. Quatro anos depois, em Saint Louis, boxe e saltos ornamentais entraram na agenda. Em Londres-1908 foi a vez do hóquei na grama. O pentatlo moderno apareceu pela primeira vez em Estocolmo-1912.

A canoagem, do campeão Isaquias Queiroz, estreou em Berlim-1936, junto a basquete e handebol. Na primeira Olimpíada de Tóquio, em 1964, judô e vôlei estrearam. Oito anos depois, em Munique, a canoagem slalom entrou na agenda dos Jogos. Em Los Angeles-1984, nado sincronizado e ginástica rítmica passaram a fazer parte da agenda.

Em Seul-1988 foi a vez do tênis de mesa fazer parte dos Jogos Olímpicos. Vôlei de praia e ciclismo de montanha estrearam em Atlanta 1996. Sydney-2000 teve três modalidades debutantes: taekwondo, trampolim e triatlo. Oito anos depois, em Pequim, foi a vez do ciclismo BMX e maratona aquática. Na Rio-2016, o rúgbi fez sua estreia.

MODALIDADES EXTINTAS

Em Paris-1900 foram introduzidas novos esportes na agenda. O cabo de guerra foi um destes, vencido por uma equipe mista de dinamarqueses e suecos, enquanto a prata ficou com a França. Porém, a modalidade durou até Antuérpia-1920. O críquete também teve a primeira e última participação em Jogos Olímpicos em Paris, com a medalha de ouro conquistada pela Grã-Bretanha.

Outra modalidade que apareceu em 1900 e fez sua única participação foi o nado subaquático, no qual o atleta nadava o mais longe possível sem respirar. O vencedor foi o francês Charles Devendeville que nadou 60m sem por a cabeça para fora da água. Também na mesma edição aconteceu a primeira competição de subida em corda, que durou até Los Angeles-1932. Já o polo equestre se estendeu até Berlim-1936.

Na Olimpíada Saint Louis-1904 foi introduzido o Lacrosse, vencido pelo Canadá. O esporte também esteve presente em Londres-1908, onde fez sua última participação em Jogos Olímpicos. Ainda em 1904, também ocorreu a primeira e única competição de mergulho à distância, que terminou com a medalha de ouro para os Estados Unidos.

Já em Londres-1908 foi a vez de um esporte pouco conhecido, o 'Jogo da palma', debutar em Olimpíadas. A modalidade é parecida com o tênis praticado atualmente, mas era jogado em ambientes fechados, de concreto, com raquetes de madeira. Na primeira e única participação, o esporte teve como campeão o norte-americano Jay Gould II. Os britânicos Estauce Miles e Neville Lytton, ficaram com a prata e o bronze, respectivamente.

NOVAS MODALIDADES AUMENTAM ESPERANÇA DO BRASIL

Em Tóquio, duas modalidades estrearam e trouxeram esperança de mais medalhas para o Brasil no futuro. No skate, foram três medalhas de prata e sete atletas disputando as finais. Já no surfe, Ítalo Ferreira conquistou a medalha de ouro, enquanto Gabriel Medina chegou a disputar o bronze, mas acabou sendo derrotado e ficou fora do pódio.

O cartão de visitas dos brasileiros aumentou a expectativa. No skate, somente o medalhista de prata Kelvin Hoefler e a atual número 4 do ranking mundial feminino Letícia Bufoni terão 30 anos ou mais em Paris-2024 – ambos da categoria street. Já Rayssa Leal, também prata no street, terá apenas 16 anos e é a maior esperança do Brasil para o futuro.

Já no skate park a maior esperança é entre os homens. Em Tóquio-2020, os três atletas chegaram à final. Pedro Barros, que conquistou a medalha de prata, será o mais veterano da turma com 29 anos em Paris. Luizinho, atual número 3 do ranking mundial masculino, que ficou fora do pódio por menos de um ponto, terá 24 anos. Já Pedro Quintas, caçula da turma, terá 22.

Rayssa Leal
Rayssa Leal, de 13 anos, conquistou medalha de prata no skate street feminino (Foto: Jeff Pachoud / AFP)

*Colaborou ao LANCE!

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