Abel Ferreira sofre críticas de técnicos brasileiros por declarações e comportamento no Palmeiras
Por suas falas e estratégias, além de buscar explicar diversos modelos de jogo, o comandante português está sendo alvo de colegas de trabalho
Desde que assumiu o comando do Palmeiras, em novembro de 2020, Abel Ferreira não sabe o que é passar uma temporada sem comemorar algum título. Identificado com o clube e torcedores, o português desperta sentimentos opostos em outros técnicos do país, muito por conta de seu comportamento e de suas declarações.
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Na vitória sobre o Atlético-MG, nos pênaltis, que garantiu a classificação do Verdão para a semifinal da Libertadores, o comandante palmeirense não assistiu a disputa na marca da cal. Foi para o vestiário ouvir música e lá permaneceu até a cobrança convertida por Murilo, que levou o time a um novo êxito.
Além disso, Abel concedeu uma entrevista coletiva. Nela, explicou como fez para vencer o time mineiro e o que poderia ter sido feito pelo adversário no jogo, gerando assim inúmeras críticas, principalmente por parte de Cuca, treinador do Galo.
- Se você sai para o vestiário na hora dos pênaltis, escuta música e ganha, vira moda. E se perdesse? Quando você cai seis vezes no mesmo canto e ganha é legal. Vocês lembram do Muralha, que caiu seis vezes e perdeu, o que aconteceu? Quando você tem dois jogadores expulsos, não passa nada, porque a cabeça é fria. Mas não foram cabeça fria. Poderiam ter quebrado um jogador nosso - desabafou o técnico atleticano em coletiva após vitória no Brasileirão, no último fim de semana.
- Se a derrota vem para eles nesse jogo, vocês estavam cobrando as duas expulsões, as seis caídas do goleiro no mesmo canto, o treinador que não ficou para os pênaltis, etc. Mas quando se ganha, tudo é perfeito. Parabéns para o Abel, parabéns para o Palmeiras. Boa sorte. Pronto, falei! - concluiu.
Em entrevista à ESPN, o técnico Jorginho, do Atlético Goianiense, saiu em defesa de Cuca, citando que houve “falta de respeito” do português ao se referir ao amigo de profissão, além de ter demonstrado incômodo por ter sido acusado de xenofobia nas redes sociais após outra declaração contra Abel.
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- Eu vi a entrevista do Cuca e vi a entrevista do Abel. Respeito muito o Abel, porque ele tem sido um cara vitorioso aqui. Ele não ganhou nada antes, mas ganhou aqui. Só que ele ganhou com o Palmeiras, que é um grande time, um grande elenco. Ele sugeriu para mim: ‘O time deles é muito bom ofensivamente, mas defensivamente deixa a desejar’. Por**, aí ele está querendo me sacanear. Fale do meu comportamento, brigue comigo. Agora, falar da minha equipe, do meu time, do que eu teria que fazer? É o que ele fez com o Cuca - disparou e prosseguiu:
- Eu estou abrindo meu coração e não quero briga com ninguém. É uma sacanagem o cara chegar e querer falar que ele enxergou mais do que o Cuca. Isso é falta de respeito para mim. Já fui chamado até de xenófobo. Olha só a que ponto chegamos. Quando as pessoas vencem, as outras esquecem. Se um treinador brasileiro fosse para dentro do vestiário escutar música na hora do pênalti, ele seria chamado de covarde.
Neste curto período de Palmeiras, o português já conseguiu abandonar uma sala de troféus vazia em sua carreira como treinador para somar cinco títulos, sendo duas Libertadores (2020 e 2021), uma Copa do Brasil (2020), uma Recopa Sul-Americana (2022) e dois Paulistas (2022).
Jorginho aproveitou para propor um desafio a Abel Ferreira. Na entrevista, o treinador prometeu que, se o palmeirense conseguisse vencer campeonatos com o elenco do Atlético-GO, teria seu respeito.
- O Abel é muito bom treinador, isso não está em discussão. Mas nós não estamos na época que os portugueses estão vindo para cá e descobrindo o futebol, esquece! O que aconteceu com o Jorge Jesus foi extraordinário. O que está acontecendo também, mas é porque tem um elenco como o Flamengo e como o Palmeiras. Eu quero ver ele fazer o que está fazendo aqui no Atlético-GO. Vem aqui e seja campeão brasileiro - finalizou.
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Cuca e Jorginho não foram os únicos. Mano Menezes já havia dado uma declaração dizendo que ‘há uma tolerância maior com estrangeiros no Brasil’ e que virou ‘um juvenil’ perto das reclamações do colega de trabalho.
Por ser um estudioso do futebol e das pessoas envolvidas com isso, Abel sempre faz questão de prezar pelos conceitos táticos associados à formação humana, o que faz com que haja uma espécie de abalo em domínios palmeirenses, mas também de alerta aos demais.
A liderança do português no Palmeiras e a revolução estabelecida por ele nos diversos âmbitos do clube se mostram tão importantes quanto o conhecimento da bola em campo – que já provou ser tremendo.
- Ele se comunica com maestria com o grupo, incentiva, desafia e vai além da conversa do dia a dia. Abel conta inclusive com mantras especiais, que não só são repetidos pelos jogadores, mas também é ecoado pelos palmeirenses mundo afora: “Avanti Palestra”, “24 horas para celebrar uma vitória e 24 horas para chorar uma derrota”, “Todos somos um”, entre muitos outros” - disse Fabiana, especialista em comunicação, que concluiu:
- Para qualquer um que se encontra numa posição de comunicador, vale a pena escutar uma lição importante que Abel nos trouxe do outro lado do Atlântico: para liderar seres humanos, inspirá-los a serem o melhor de si, precisamos também nos mostrar como seres humanos em troca.
Líder do Brasileirão com 49 pontos, o Palmeiras de Abel é o atual bicampeão e já está classificado para uma nova semifinal de Libertadores.