O Palmeiras teve mais sorte do que competência na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo-SP, na última quinta-feira. Com exceção do lampejo de qualidade no golaço de Raphael Veiga, a verdade é que o time alviverde não mereceu os três pontos, como o próprio Abel Ferreira admitiu em coletiva. Mesmo em início de temporada, já é possível notar que o treinador terá um ano de muito trabalho.
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Se houve uma equipe merecedora da vitória foi o Pantera, que teve inúmeras chances de gol para empatar, virar a partida e até abrir uma certa vantagem, mas a trave, Weverton e alguns centímetros evitaram que os mandantes saíssem com os três pontos. Por isso o Verdão teve mais sorte do que competência. Em alguns momentos os palmeirenses pareciam "pedir" para levar os gols.
Talvez tenha sido o jogo mais "bagunçado" do Palmeiras sob o comando de Abel Ferreira. Nada funcionou, nem no ataque, nem na defesa. Os adversários driblavam como queriam, passavam pela marcação com facilidade e não eram acompanhados por jogadores que visivelmente estavam em uma condição física abaixo do normal. Isso sem falar da técnica, que passou longe de Ribeirão.
- O Botafogo-SP, se calhar, merecia mais do que levou, pela entrega e oportunidades que criaram. Temos que continuar a melhorar nossa capacidade física, nossas decisões e competir cada vez mais e melhorar. Quando não jogamos como queremos, e vai levar tempo até chegar ao nosso normal, é ganhar. Isso é o mais importante - disse Abel em entrevista coletiva.
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E não é exagero dizer que esse normal vai ser muito difícil de ser atingido. O normal desse Palmeiras é um esquema com Danilo e Scarpa, principalmente com Danilo. Os dois não estão mais e seus substitutos não chegaram, talvez nem cheguem. Aliás, podem até chegar em algum momento, quando ficar ainda mais evidente que os reforços são necessários, mas certamente não serão reposições que possam se comparar a essa dupla que forjou o Verdão vitorioso desta era.
Depois de ter uma atuação muito pobre na primeira rodada, o desempenho na segunda conseguiu ser ainda pior e deixou mais evidente a falta que esses diferenciais "perdidos" fazem para essa engrenagem funcionar. Claro que as questões técnicas e físicas ditas acima foram cruciais, mas as peças ausentes são mais evidentes como "culpadas" desse momento. Não há no elenco nada parecido para "emular" esses espaços deixados, a carência é muito grande e Abel não faz milagres.
Se milagres ele não faz, certamente o português terá de trabalhar (e muito) neste ano para arranjar novas alternativas, novas variações que possam fazer esse time jogar apesar das ausências sentidas. Talvez seja uma temporada de reconstrução, ainda que com a maioria dos tijolos repetidos, mas com novas bases e maneiras de fortalecer os alicerces. Os reforços que tendem a chegar precisam ser cirúrgicos para não desandar essa reforma total, se não podem até piorar.
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Abel admitiu em coletiva que o Palmeiras pode encerrar este ano sem ganhar títulos, o que seria algo inédito desde que ele chegou ao clube. Mas o técnico tem toda razão em ser realista e levantar essa possibilidade. Pelas amostras que tivemos, pelos jogadores que se foram, pelos jogadores que não vieram, é uma hipótese muito plausível, o que justifica o pessimismo de parte da torcida. No entanto, é preciso ter paciência e contar com a principal arma que se tem: o próprio Abel Ferreira.