ANÁLISE: Nem mesmo tropeço na estreia do Palmeiras faz Abel Ferreira rever erros e desculpas
Treinador deve insistir no estilo de jogo da última temporada, que fez do Verdão um time instável
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Sempre que um clube grande tropeça em início de temporada, técnicos, jogadores e dirigentes costumam ter uma desculpa pronta para justificar o resultado: não houve tempo suficiente de preparação. Normalmente, a justificativa faz sentido. Não é o caso do Palmeiras, que empatou por 1 a 1 com o Novorizontino na estreia do Paulistão.
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Isso porque o Verdão jogou mal e foi castigado com o gol do empate no final do jogo justamente por repetir os erros que fizeram a equipe ter desempenho tão instável no ano passado. Por escolha de seu treinador, Abel Ferreira, o Alviverde iniciou 2024 com um estilo de jogo bem "brasileiro", assim como em 2023, baseado em marcações individuais na defesa e liberdade de movimentação para os jogadores no ataque.
Alguns podem até argumentar que, atuando desta forma, o Palmeiras conquistou três títulos na última temporada. Vale ponderar, no entanto, que o desempenho do time foi irregular nas competições que venceu: na Supercopa, sofreu três gols e não teve controle do jogo; no Paulistão, foi derrotado no primeiro jogo da final por não saber explorar as deficiências do Água Santa; e no Brasileirão, amargou resultados decepcionantes, mesmo na arrancada durante a reta final da competição, como a derrota por 3 a 0 diante do Flamengo.
Independentemente dos títulos conquistados no último ano, o time atual do Palmeiras em nada lembra a equipe que venceu duas Libertadores consecutivas, em 2020 e 2021. A "primeira versão" do time de Abel atuava com marcação por zona (quando a defesa tem o espaço como referência para se posicionar) e praticava um ataque posicional mais rígido, com movimentos mais pensados e menos intuitivos.
Para completar, na coletiva após o empate contra o Novorizontino, o treinador do Verdão ironizou as dificuldades sofridas pela equipe durante o jogo. Deu a entender que o mau rendimento do time tem mais relação com o período de preparação do que com as ideias que a equipe tentou aplicar em campo.
Assim como na última temporada, quando se recusou a admitir que errou na organização da equipe diante do Boca Juniors, na eliminação da Libertadores, Abel voltou a dar desculpas que passam longe de uma autocrítica. Pelo contrário: o técnico recorreu ao velho clichê de que os clubes menores começam a se preparar antes dos grandes para a disputa do estadual.
- Discutir com vocês que duas semanas a menos ou a mais de trabalho, que a capacidade neste momento conta muito e depois interfere nas decisões, pois o jogador quando está mais cansado comete mais erros, não vale a pena - iniciou o treinador.
- Como vocês explicam o Água Santa chegar na final do ano passado? Se prepararam muito bem, em novembro e dezembro. Nós nem o título festejamos, pois já saímos logo de férias. Há um momento em que precisamos desligar do futebol. Há um peso e, não só o peso, mas equipes como o Novorizontino estão preparadas para fazer esta competição - completou Abel.
Vale lembrar que o Novorizontino disputou a Série B de 2023, que terminou no dia 25 de novembro e dá calendário para o clube durante todo o segundo semestre, impossibilitando que a equipe treine durante os meses de dezembro e novembro, como os times das séries C e D. Além disso, a equipe se reapresentou para os treinos de pré-temporada no dia 26 de dezembro, 12 dias antes do Palmeiras.
No final das contas, o resultado diante do Novorizontino pouco importa, o Palmeiras segue favorito à conquista do estadual. Mas o primeiro jogo do Verdão na temporada deixa um alerta para quem achava que Abel Ferreira reavaliaria os erros cometidos em 2023.
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