Após romper com a Traffic, WTorre rescinde acordo com a AEG
Construtora julgava que a empresa não estava conseguindo entregar os serviços que prometeu desde a abertura do Allianz Parque, em 2014
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A WTorre, responsável pela administração do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, rompeu o contrato com a AEG, empresa que auxiliava na gestão da arena. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal O Estado de S. Paulo. A construtora confirma a informação, mas não se manifesta sobre o tema.
Como o LANCE! mostrou em janeiro, a WTorre considera que a empresa não conseguiu entregar o que prometeu. Com essa justificativa, havia suspendido o pagamento combinado e gostaria de renegociar o valor, algo que a AEG não aceitou - tanto que cobrava judicialmente uma dívida próxima dos R$ 4 milhões.
A ideia da parceria, que teria duração de dez anos, era que a AEG trouxesse um modelo de gestão inspirado em arenas de outros países, além de ajudar na busca por patrocínios e eventos. Pessoas da construtora ouvidas pela reportagem dizem que o trabalho foi satisfatório antes da abertura do estádio – foi a AEG quem intermediou a venda dos naming rights para a Allianz –, mas que a relação “engasgou” depois disso. A WTorre dizia que a intenção era alterar os moldes da parceria, não desfazê-la, algo que acabou não sendo possível.
A WTorre deve manter sozinha a gestão do estádio, incluindo a busca por eventos fora do futebol, sobretudo os shows. A AEG era responsável por negociar esse tipo de atração para a arena, uma das maiores fontes de receita, mas a construtora considerou pequeno o número de contratos viabilizados.
Antes, a WTorre já havia rompido com a Traffic, outra de suas principais parceiras e que atuou como uma espécie de imobiliária na venda de camarotes. A empresa tem direito a comissão a cada camarote vendido e diz que suspendeu os trabalhos porque parou de receber - inclusive cobra na Justiça uma dívida superior aos R$ 2 milhões, que a construtora já foi obrigada a pagar, mas ainda não quitou.
Segundo pessoas da WTorre, o envolvimento da Traffic no escândalo de corrupção na Fifa a fez desistir da parceria. A empreiteira alega que precisará encontrar um novo parceiro para executar o serviço de pós-venda que a Traffic faria e que por isso não tem obrigação de pagar os valores correspondentes até o fim dos contratos já estabelecidos. Embora a parceria não esteja mais em andamento, as partes não assinaram uma rescisão.
Situação difícil
A construtora ainda não viu a cor do dinheiro arrecadado com os eventos no local. Toda a receita que o Allianz Parque gera para a WTorre é usada para pagar o Banco do Brasil por um empréstimo de R$ 350 milhões feito durante a reforma - o preço total da obra ficou estimado em cerca de R$ 680 milhões. O valor recebido até agora não foi divulgado, mas a operação da arena em 2015 foi superavitária e considerada um sucesso. A dívida com o Banco do Brasil, portanto, diminuiu de forma satisfatória. Mas está longe de ser paga.
A empresa tem sobrevivido com o dinheiro gerado por outros empreendimentos. Já era sabido que os valores vindos do estádio só viriam de fato após a quitação dessa pendência, mas a WTorre esperava conseguir um novo empréstimo para as despesas da operação da arena. A situação do país, porém, fez com que esta nova operação não fosse aprovada. A busca agora é ter uma linha de crédito fora do país.
É por isso que a WTorre deixou de pagar diversas empresas que prestaram serviços no Allianz Parque. Há mais de 300 protestos por dívidas registrados em cartório, em valor aproximado de R$ 15 milhões.
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