Como joga Bruno Rodrigues? Saiba onde o jogador se encaixa no Palmeiras de Abel Ferreira

O anúncio da contratação de Bruno Rodrigues pelo Palmeiras surpreendeu a muita gente, não apenas pelo fato de a negociação não ter vazado em momento algum, mas também pelo perfil do reforço. Atual bicampeão do Brasileirão, o Verdão segue com sua política de contratações que prioriza apostas a jogadores de renome.

Embora não seja uma promessa do futebol brasileiro (Bruno tem 26 anos), o atacante não acumula passagens por grandes clubes, exceção feita a um empréstimo no São Paulo em 2021 (disputou apenas sete partidas) e o período no Cruzeiro, seu último clube.

Foi na Raposa que Bruno se destacou, sendo o principal atacante do time na disputa do último Brasileirão. Números do Sofascore indicam que o jogador foi o líder nas principais estatísticas ofensivas da equipe, como número de gols, assistências, dribles e número de finalizações (veja mais abaixo) desde que chegou ao clube, em julho de 2022.

Vale lembrar que, apesar do jogador ter se destacado na temporada, o Cruzeiro teve o pior ataque do último Brasileirão, com apenas 35 gols marcados (menos de um gol por jogo em média). Ou seja, Bruno Rodrigues liderou estatísticas de uma equipe cujo ataque era inoperante. Tal fato pode ter facilitado que o jogador se destacasse. De qualquer forma, a análise de uma contratação passa por outros aspectos além de números.

Com relação ao posicionamento do jogador, por exemplo, pode-se dizer que Bruno é um atacante versátil. O jogador já atuou nas duas pontas, como segundo atacante e até como centroavante. No Cruzeiro, se fixou pela ponta-esquerda, mas com a função de carregar a bola para o centro do campo ao invés de levar a jogada para o fundo e buscar um cruzamento.

Suas principais características são o drible curto e a velocidade. Bruno Rodrigues gosta de jogar com a bola no pé, como Artur, e nunca atacando o espaço vazio, como Rony. Como ponto fraco, vale citar a tomada de decisão: nem sempre o atacante escolhe a jogada mais clara ou mais efetiva, o que pode complicar a equipe em momentos decisivos. Com base nessas características, podemos imaginar um encaixe de Bruno no time de Abel Ferreira.

Caso o português mantenha o time que terminou o Brasileirão, com três zagueiros, o encaixe de Bruno Rodrigues deve ser como segundo-atacante, na função que foi exercida por Breno Lopes na reta final da competição. A ideia é que o segundo-atacante atue por dentro, mas caia pelos dois lados e infiltre na área quando Endrick, o centroavante, se aproximar da bola para construir as jogadas.

Outra possibilidade seria o encaixe de Bruno Rodrigues em um sistema com linha de quatro na defesa. A tendência neste caso é que Bruno atue como um ponta-esquerda que circula por dentro, liberando o corredor para as ultrapassagens do lateral (principalmente Piquerez). Este sistema pode ser mais utilizado a partir do retorno de Dudu, atualmente lesionado.

A ideia é que o camisa 7 do Verdão pise na linha lateral e alargue o campo pelo lado direito, enquanto Bruno Rodrigues circula por dentro ao lado de Raphael Veiga. Piquerez faria o mesmo trabalho de Dudu, porém pelo lado esquerdo, e Marcos Rocha ficaria preso junto aos zagueiros, para iniciar as jogadas de ataque, como fez tantas vezes desde que Abel desembarcou no Verdão.

Bruno Rodrigues pode não ser o reforço dos sonhos do palmeirense. A política de contratações do clube, que aparenta não ter noção do seu tamanho no atual cenário do futebol brasileiro, também é um desafio à racionalidade do torcedor. Entretanto, Bruno Rodrigues tem características que encaixam no time do Palmeiras e chega para encorpar um elenco curto - e que cobrou seu preço ao longo da temporada.