Cuca vê Palmeiras ‘autopressionado’ e não promete título em seu retorno
Técnico espera ser ainda mais cobrado do que no ano passado, mas tenta aliviar a pressão que o clube tem sofrido: 'Tem a necessidade de buscar os títulos, mas não uma obrigação'
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O que o torcedor do Palmeiras mais quer é que o futuro repita o passado e que Cuca conquiste novas taças, mas o técnico retornou com um modus operandi diferente. Desta vez, nada de prometer títulos, como ele fez antes do Brasileirão do ano passado para elevar a auto-estima do elenco.
- Acho que o momento do Palmeiras agora é inverso. Não tenho que vir aqui e dizer que vai ser campeão disso ou daquilo. Acho que o Palmeiras se auto-pressionou por conta disso, de "ah, o Palmeiras vai ganhar tudo". Até internamente isso aconteceu. E foi prejudicial até para o Eduardo (Baptista), porque a primeira coisa que ele não ganhou já gerou uma cobrança enorme, e ele vinha fazendo um grande trabalho em termos percentuais. O futebol não é assim, você não vai ganhar todos os títulos porque investiu mais que o outro. Eu acho que essa pressão o Palmeiras não precisa puxar para si. Tem a necessidade de buscar os títulos, mas não uma obrigação - disse o técnico.
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Assim como no ano passado, Cuca recebeu uma camisa 8 (já da coleção nova) ao ser apresentado, para lembrar do número que usava nos tempos de jogador - passou pelo clube em 1992. O presidente Maurício Galiotte, o diretor de futebol Alexandre Mattos e os donos da Crefisa, Leila Pereira e José Roberto Lamacchia, estiveram na sala de imprensa da Academia de Futebol, que recebeu um número sem igual de jornalistas nesta terça-feira. Todos queriam saber porque ele decidiu voltar ao clube depois de cinco meses parado.
"A calça (vinho) ficou para o Palmeiras. O pessoal me pediu e eu deixei, 350 pau", brincou Cuca
- Obrigado ao presidente, ao Zé Roberto, à Leila e ao Alexandre pela confiança. Avisei no começo de dezembro que não iria ficar por motivos pessoais, pretendia dar uma atenção maior à família e dei. Não determinei quanto tempo ficaria parado, em teoria seriam cinco, seis meses, como foram. Na sexta, recebi uma ligação do Alexandre, ele me disse que se eu não viesse com certeza viria outro. Eu estava até em negociação com o mercado asiático. Se eu não viesse, com certeza iria para lá, porque já estava me sentindo em condição de trabalhar, ainda que não tivesse feito o que queria, que era observar treinamentos no mercado Europeu. Mas já tinha feito o que queria em relação à família - explicou Cuca.
- Eu estava com alguma dúvida de voltar ao Palmeiras porque é muito precoce, muito em cima. Eu tinha uma condição de sair (do país) também. Um dos motivos que me fizeram vir foi o conhecimento de casa que eu tenho. Tenho uma responsabilidade muito maior que no ano passado, mas um conhecimento de casa bom, o que abrevia um bom tempo de trabalho. Todos sabem o carinho que tenho pelo clube - acrescentou.
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PROBLEMAS NO VESTIÁRIO
Quando a gente sai de um clube por escolha, como eu saí, por necessidade familiar, o jornalista não acha que foi por isso, ele acha que foi porque teve problema, porque brigou, porque não tinha ambiente. Nunca briguei com Alexandre, nunca briguei com jogador. Tem situações em que você tem de pôr o dedo, e eu faço isso, como eu fiz e posso vir a fazer. É para melhorar, não só o time, mas a pessoa também. E alguns melhoraram comigo. É natural que você tenha uma atitude mais dura.
O TIME ESTÁ MUITO DIFERENTE?
Se a gente fizer um comparativo do time do ano passado para o desse ano, foi trocado o Moisés pelo Felipe Melo, o Cleiton Xavier pelo Guerra, e o Borja ou Willian no lugar do Jesus. Os demais são os mesmos. Tchê Tchê, Guedes, Dudu, enfim... O que melhorou o time com esses três e as saídas daqueles três? O que piorou? O que acrescentou? Tenho que trabalhar quietinho, como mineiro, pelos cantinhos, para poder ganhar. Hoje, se o Palmeiras ganhar de 1 a 0, ele é questionado porque não convenceu. De fora, acho uma coisa desnecessária puxar uma responsabilidade tão grande. A responsabilidade existe, mas não precisa falar nela todo dia. Vou ser muito mais pressionado que ano passado e temos de estar preparados, eu, Alexandre, Cícero e os jogadores.
DANILO AVELAR E GANSO INTERESSAM?
Eu nunca ouvi falar no Danilo Avelar. Vi até o jogo Juventus x Torino, mas não me lembro dele. O Ganso eu não tenho acompanhado. Para mim é novidade, foge de mim. Uma ideia do elenco eu tenho, tenho muito trabalho. Tem jogadores que podem sair no meio do ano e tenho de estar atento a isso. Se você perder, é natural que você recomponha. Se tiver no mercado alguma coisa boa para o Palmeiras vamos conversar.
EDUARDO BAPTISTA
O Eduardo passou uma sensação muito boa para quem assistia aos jogos, de uma equipe que ficava com a posse, controlava o jogo, como é o estilo dele. Infelizmente ele acabou perdendo o Paulista, mas em diversas ocasiões a gente viu o Palmeiras jogando bem, com aquela alma, aquele espírito. Acho que o Eduardo fez um trabalho bom, mas estar naquele momento no Palmeiras, mesmo se eu tivesse continuado, seria um problema grande. O Palmeiras tinha uma necessidade maior pelo investimento que fez, e eu já expliquei que não foi um investimento só para agora, no time titular, mas para o tempo. Tenho certeza que logo o Eduardo estará em um grande time, saiu com dignidade.
AJUSTES NO ELENCO
Hoje tenho um trabalho um pouco menos difícil do que aquela vez, porque eu vinha de dois anos de China, perdi dois anos de atualização no mercado. Agora, não. Eu estava vendo os jogos, tenho conhecimento de grupo, de casa. Vim no carro pensando em muitas coisas em cima do time. Muitos dos que vieram, quase todos, foram por indicação minha junto com o Alexandre. Independentemente disso, todos vão ter o mesmo tratamento. Vai ter um time inicial que pode ir mudando. Se o Palmeiras for passando de fase, ele vai ter 31 jogos seguidos sem parada, de quarta e domingo. São 103 dias e 31 jogos, um a cada 3,3 ou 3,4 dias. Todos vão ter oportunidades. Em um período de duas ou três semanas vou ter condição de dar uma avaliada e passar o que penso ao Alexandre.
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