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Entenda a importância histórica do Mundial de 1951 conquistado pelo Palmeiras

Invariavelmente, a Fifa reconhece a competição como o primeiro Mundial de Clubes, organizado por membros da própria entidade. LANCE! falou com historiador do Verdão

Palmeiras 1951
imagem cameraTime do Palmeiras posa com a faixa pela conquista da Copa Rio de 1951 (Foto: Reprodução/Palmeiras)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 10/02/2022
19:22
Atualizado em 11/02/2022
07:19

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Neste sábado, o Palmeiras enfrenta o Chelsea na briga pelo título do Mundial de Clubes. Para o torcedor alviverde, trata-se da busca pelo bicampeonato por conta da conquista do Torneio Internacional de Clubes Campeões de 1951. Acontece que a alcunha de "Mundial" para a competição é contestada por rivais e esclarecida de forma atabalhoada pela Fifa. Independentemente disso, é inegável que a disputa teve um enorme valor histórico e precursor.

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Para entender melhor o que foi essa competição que também é chamada de Copa Rio, o LANCE! foi atrás de Fernando Galuppo, historiador e assessor de comunicação do Verdão, que contextualizou o momento do país, do mundo, e a importância daquele evento tanto para o clube quanto para o futebol brasileiro, que tinha acabado de sofrer a derrota em casa para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, no que ficou conhecido como "Maracanazzo".

- Era um momento de reabertura do mundo em todos os setores, era um momento de pós-guerra, era um momento em que o mundo se abria em todos os níveis, nas artes, na música, e o futebol propriamente dito. E num recorte especifico do Brasil, tinha também a simbologia da construção e idealização do estádio do Maracanã como grande palco, como maior palco do futebol até então naquele momento, a euforia pela realização de uma Copa do Mundo pós-guerra, quer dizer, que traria um alento para toda a população depois de um momento tão traumático, da vida, do mundo.

- Então o futebol ele traz essa simbologia de união de povos e é o primeiro evento do pós-guerra, de grande impacto. Obviamente no plano específico do ponto de vista do povo brasileiro, você tem aí o trauma do desfecho, entre aspas, inesperado, da derrota na final para os uruguaios diante de duzentas mil pessoas que ficou conhecido como o “Maracanazzo” - contou Galuppo.

Na última quinta-feira, em mais uma referência ao Mundial de 1951, a Fifa citou a competição como o primeiro campeonato mundial interclubes, que "foi sonhado e discutido por anos pelos maiores dirigentes do futebol da época e finalmente foi agendado para 1951". A citação corrobora com o que Fernando Galuppo relatou à reportagem sobre a participação direta da entidade, que havia acabado de realizar com êxito a Copa do Mundo de 1950 no Brasil.

- Desde que ela é concebida, o grande sonho da Fifa era a realização de um torneio interclubes e ele não acabou sendo concretizado antes, por conta de questões logísticas e, até então, substituído por uma competição de seleções, e aí é o nascimento da Copa do Mundo. A Fifa vê a oportunidade logística do êxito que se teve com a questão da Copa do Mundo de seleções de 50 e ela reproduz isso por meio dos clubes.

- A Fifa formou comissões esportivas com todo seu staff técnico, mesmo staff técnico que organizou e que participou da Copa do Mundo de seleções. Quer dizer, mostra a importância e o contexto do Torneio Internacional de Clubes Campeões, que popularmente as pessoas abordam como a Copa Rio, nome da taça em si, do troféu físico é Copa Rio porque é uma cessão do Governo do Rio de Janeiro, um dos promotores também do evento junto com a CBD (Confederação Brasileira de Desportes), a atual CBF, e amparado pelos órgãos da Fifa e pelos seus comitês, inclusive árbitros, a bola, regulamentos, enfim, toda a estrutura que a entidade utilizou um ano antes para a concessão da Copa do Mundo de seleções.

Ao longo dos anos, no entanto, a Fifa deixou no esquecimento esse projeto e não citava esse marco em competições de intercontinentais. Foi aí que o Palmeiras preparou um dossiê, já no século XXI, para atestar e resgatar a importância histórica do evento. Segundo Galuppo, autor do livro "Palmeiras Campeão do Mundo 1951", isso traz para a luz um sonho antigo da entidade.

- Essa exaltação (atual) da Fifa pela competição é de fato um reconhecimento de um torneio ambicionado pela própria entidade que até então, ela mesmo, não tinha um amplo conhecimento da sua própria história, ela acabou participando de toda a elaboração do torneio, mas efetivamente ao longo do tempo ela foi, vamos dizer assim, usando um termo até forte, mas negligenciando a sua própria história.

- Quando o Palmeiras traz à luz mais efetivamente a importância dessa
competição, o clube faz um movimento de trazer à tona parte importante da história da própria entidade que a entidade mesmo, ao passar do tempo, desconhecia e ignorava. Então, para nós, esportistas de uma maneira geral, para a entidade de uma maneira geral, para quem vive imerso nas questões do futebol, o pertencimento dessa competição ela traz um sonho ambicionado pela entidade desde a sua existência e materializado num momento de euforia, de pós-guerra, em que o mundo se abria para o novo e traz parâmetros para aquilo que a Fifa mesmo reproduz nas competições que ela idealiza.

A COMPETIÇÃO E A PARTICIPAÇÃO DO PALMEIRAS

O formato da competição que ocorreu entre 30 de junho e 22 de julho, era o seguinte: oito equipes foram divididas em dois grupos de quatro e se enfrentaram entre si. Os dois primeiros de cada grupo se classificaram para a semifinal, disputada em ida e volta. O primeiro de uma chave, pegou o segundo da outra, e o vencedor garantiu vaga na final, também decidida em dois jogos. As sedes foram: Pacaembu, em São Paulo, e Maracanã, no Rio de Janeiro.

No Grupo do Rio, Vasco (campeão carioca de 1950) e Áustria Viena (campeão austríaco de 1949/50) se classificaram para a semifinal eliminando Nacional-URU (campeão uruguaio de 1950) e Sporting (campeão português de 1950/51).

Já no Grupo São Paulo, Juventus (campeã italiana de 1949/50) e Palmeiras (campeão paulista de 1950) foram os classificados eliminando Estrela Vermelha (campeão iugoslavo em 1950) e Nice (campeão francês de 1950/51).

- O status do Palmeiras era de atual campeão paulista de 1950, o atual campeão do torneio Rio-São Paulo. Interestadual mais importante que até então existia no Brasil. Era um time de respeito, mas não eram favoritos, longe de ser o favorito. O Vasco da Gama estava entre as equipes favoritas até por ser a base da Seleção Brasileira de 1950. Como o time ia ser mantido, era o time a ser batido.

- O Palmeiras entra obviamente com a sua condição de um time de camisa, um time importante, um time que figurava ali como uma boa possibilidade, mas não com uma maior possibilidade. Tanto é que isso fica marcado na própria caminhada do clube na competição. Ele se classifica em segundo lugar da sua chave, depois de tomar uma goleada por 4 a 0 da Juventus de Turim e de vencer as duas primeiras partidas frente ao Estrela Vermelha e ao Nice, também com questionamentos da imprensa. O valor da equipe dentro daquela competição, o quanto essa equipe poderia ter chance de título, sempre era visto com ressalvas - explicou Fernando Galuppo.

Nas semifinais, o Palmeiras foi até o Maracanã enfrentar justamente o Vasco, um dos favoritos. No primeiro jogo o Verdão venceu por 2 a 1 e no segundo empatou em 0 a 0, garantindo sua vaga na decisão com grandes atuações do goleiro Fabio Crippa, e mudando seu status no torneio . Ainda assim, sem o cartaz que tinha a Juventus, que eliminou o Áustria Viena, no Pacaembu.

- Depois, nas semifinais contra o Vasco, aí sim é uma grande surpresa, a grande afirmação. Fruto até mesmo da atuação do terceiro goleiro do Palmeiras (Fabio Crippa), que faz uma partida fantástica nos dois jogos. Contra o Vasco da Gama, um empate, uma vitória do Palmeiras, que o eleva à condição de finalista. Mesmo assim, a Juventus era o time invicto na competição.

- Era a equipe mais credenciada durante toda a campanha, durante toda a competição, como o time que era a principal conjunto, vamos dizer assim. Até pelo que ele construiu na campanha durante o torneio nas fases anteriores, era a equipe a ser batida. Então o Palmeiras tinha sim os seus valores, mas não era visto como favorito para aquela competição.

Na final em dois jogos no Maracanã, no tradicional "estilo Palmeiras", contra tudo e contra todos, a equipe Alviverde levou a melhor. Venceu o primeiro por 1 a 0, com gol de Rodrigues e levou a vantagem para o segundo, que foi mais tenso. Para mais de 100 mil pessoas no estádio, o Verdão perdia por 2 a 1 até os 30 minutos da segunda etapa, quando Liminha empatou e garantiu o título.

A zoeira e a contestação não vão deixar de acontecer, assim como a Fifa não parece disposta a encerrar a polêmica que, por muitas vezes, ela mesmo cria. No entanto, para o Palmeiras, não há dúvidas de que se tratou de um Mundial, principalmente levando em conta o contexto da época. Neste sábado, então, o clube terá a chance de conquistar pela segunda vez em sua história, dessa vez em um formato que a entidade comercializa e divulga com tal importância.

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