Euller e Marcos Assunção contam ao L! como Felipão já virou 2 a 0 da ida
Ex-atacante participou de classificação na Libertadores de 2000, sobre o uruguaio Peñarol, e o ex-volante foi um dos heróis na eliminação do Vitória na Copa Sul-Americana de 2010
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Gol no primeiro tempo, determinação, concentração, atenção e persistência. Devem ser esses os pilares da conversa de Luiz Felipe Scolari para nesta quarta-feira, no Allianz Parque, reverter a derrota por 2 a 0 para o Boca Juniors, na Bombonera, e classificar o Palmeiras para a final da Libertadores. Quem conta essa cartilha ao LANCE! são o ex-atacante Euller e o ex-volante Marcos Assunção, que participaram de viradas similares com o técnico no clube.
Euller esteve na classificação do Palmeiras nas oitavas de final da Libertadores de 2000, superando derrota por 2 a 0 para o Peñarol, no Uruguai - a virada veio com vitória por 3 a 1 no Palestra Itália e, como balançar as redes fora de casa não contava como desempate, o Verdão passou nos pênaltis. Marcos Assunção, por sua vez, fez aos 43 minutos do segundo tempo o gol que selou triunfo por 3 a 0 diante do Vitória, no Pacaembu, pela primeira fase da Copa Sul-Americana de 2010, que reverteu o 2 a 0 a favor dos baianos, na ida, em Salvador.
Felipão era o técnico nos dois casos. E foi colocando gol no primeiro tempo, determinação, concentração, atenção e persistência como pilares que conquistou a virada como mandante. Essa deve ser a cartilha repassada aos jogadores, além do pedido para que a torcida transforme o Allianz Parque em um ambiente que deixe o Boca Juniors acuado em seu campo. Os episódios relatados acima, inclusive, devem ser usados como motivação pelo técnico.
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- Com certeza, o Felipão vai usar tudo que puder, ele trabalha muito a parte motivacional. Tudo que ele fez (em 2000) foi colocar um time bem ofensivo para atacarmos todo tempo. Nunca desistir. O time precisará estar totalmente concentrado em tudo que tem de fazer, e não deixar nada desviar esse foco, principalmente a arbitragem - recomendou Euller.
- São três coisas fundamentais: determinação para fazer os gols, concentração para saber a hora de dar o passe, chutar e fazer a coisa certa e atenção durante os 90 minutos e os acréscimos para não tomar gol, como aconteceu na Argentina. A atenção é o principal porque, se tomar gol, a determinação continua, mas a concentração vai embora - indicou Assunção.
- O Felipão gosta de conversar muito, de passar vídeos de jogos, reunir o grupo em semanas decisivas e passar para os jogadores o seu conhecimento e sua experiência. Pode ter certeza: ele sabe muito. Já deve estar conversando muito com os jogadores sobre o jogo, falando muito com os mais experientes, principalmente, para a tranquilidade reinar. Mas também falando que é importante buscar o gol, não ficar só tocando a bola esperando o gol chegar - prosseguiu o ex-meio-campista.
Tanto nas oitavas de final da Libertadores de 2000 quanto na primeira fase da Copa Sul-Americana de 2010, há semelhanças: golaço de falta (Neném em 2000 e Marcos Assunção em 2010) e atacante balançando as redes duas vezes (Marcelo Ramos há 18 anos, Tadeu há oito). Na avaliação de quem participou das viradas, um dos focos deve ser evitar o 0 a 0 no primeiro tempo.
- Se vai para o intervalo com 0 a 0, é muito difícil. Por mais que tenha 45 minutos no segundo tempo, é muito pouco tempo para fazer três gols em um tempo só. Se fizer gol no primeiro tempo, com certeza será mais fácil, o time terá muito mais tranquilidade em busca do segundo e, em seguida, do terceiro gol. Mas precisa tomar cuidado para não tomar gol. Se tomar, esquece, fica muito difícil. Precisa estar muito concentrado e atento - falou Assunção, apostando alto na torcida.
- Tenho um filho palmeirense doente e costumamos ver jogos no Allianz Parque, atrás do banco de reservas. Quando olho os jogadores, o campo, o estádio e a torcida, tenho uma vontade imensa de jogar. Fico arrepiado. Pode ter certeza de que isso ajuda, e muito. Principalmente a empurrar o time para cima do adversário, que olha e vê que a torcida não para. Torcida não joga, mas ajuda muito.
O L! relembra abaixo como foram as viradas que inspiram Felipão nesta quarta:
11/5/2000 - Palmeiras (3) 3 x 1 (2) Peñarol - Oitavas de final da Libertadores
Em 2000, o Palmeiras foi vice-campeão da Libertadores, e a campanha que terminou com derrota nos pênaltis para o Boca Juniors teve virada épica nas oitavas de final. Então campeão, o Verdão de Felipão perdeu para o Peñarol por 2 a 0 na ida, em jogo no Uruguai no qual Galeano foi expulso. Na volta, Felipão estava suspenso e acompanhou o jogo das tribunas do Palestra Itália. E viu sua estratégia ser forçadamente mudada com uma lesão de Basílio.
- Treinamos durante a semana para jogar com dois jogadores de velocidade, pelos lados, comigo de um lado e o Basílio do outro. Uma equipe bem ofensiva para entrar pelos lados na defesa adversária, não com bolas aéreas, por não ter um ataque alto, mas rápido comigo, Pena e Basílio. De fato, começou bem assim, mas depois machucou o Basílio, entrou o Marcelo Ramos e a equipe mudou a característica, porque o Marcelo jogou como um meia ofensivo, o Pena lá na frente e eu aberto, com liberdade pelos dois lados. O Marcelo Ramos fez dois gols, entrou inspirado - lembrou Euller.
O jogo ainda teve como drama por lesão a saída do zagueiro Agnaldo, obrigando Felipão a improvisar o volante Ferrugem no setor. Ainda assim, o Verdão pressionou. O lateral-direito Neném abriu o placar em linda cobrança de falta aos 26 minutos do primeiro tempo. Depois, Marcelo Ramos balançou as redes aos 46 do primeiro tempo e aos dez do segundo. Pacheco descontou para o Peñarol aos 15 da etapa final e, depois, o time uruguaio teve um gol mal anulado. No tempo normal, Euller ainda errou pênalti que ele mesmo sofreu.
O atacante ainda falhou na decisão, mas foi o único palmeirense que errou. Marcelo Ramos, Alex e Rogério converteram. Do outro lado, Pacheco acertou a trave e Marcos pegou as cobranças de Aguirregaray e Cedrés - somente Bengoechea e Bueno balançaram as redes pelo eliminado Peñarol.
- O Marcelo Ramos fez dois gols. Errei dois pênaltis, no tempo normal e nas cobranças, mas o Marcos estava em uma noite muito feliz, nos garantiu, me deu alívio por ter perdido os pênaltis. Foi uma noite inspirada do Marcos, do Marcelo Ramos. Foi um jogo em que o que foi planejado teve de mudar logo no início, mas foi uma mudança que realmente aconteceu para dar certo - comemorou Euller.
19/8/2010 - Palmeiras 3 x 0 Vitória - Primeira fase da Copa Sul-Americana
Poupando titulares, o Palmeiras perdeu o jogo de ida no Barradão por 2 a 0, sofrendo dois gols no segundo tempo: Ramón, aos dois, e Neto Coruja, aos 42 minutos. Na volta, o time jogou completo e contou com Tadeu balançando as redes já aos 47 minutos do primeiro tempo, completando jogada de Marcos Assunção. O Verdão de Felipão pressionou do início ao fim, ampliou com Tadeu, aos 12 do segundo tempo, e contou com o golaço de Assunção, aos 43.
- Fizemos um bom jogo, estávamos muito inspirados, com muita vontade de passar para a próxima fase. Foi um jogo muito difícil, mas todos os jogadores entraram com uma determinação muito grande, de que poderia passar, com condição de passar e com três gols. Nos pênaltis, é muito difícil você estar totalmente focado, porque tem um desgaste mental muito grande durante o jogo. É muito sofrimento para jogador e torcedor. Queríamos ganhar sem os pênaltis e fomos para cima o tempo todo, focado - lembrou Assunção, que tinha prometido para o elenco, "no susto", que faria o gol de falta.
- Em reunião no vestiário, o Felipão falou 'vocês estão de brincadeira que temos um dos melhores batedores de falta do Brasil, senão o melhor, e não tem uma falta para bater?'. Eu estava quieto, ele me perguntou quantas eu precisava bater para fazer gol e, no susto, falei que precisava de duas. Quando acabou a reunião, pensei 'que m... que falei, se não fizer estou morto' - sorriu.
- No primeiro tempo, uma cobrança passou perto. Na outra, estava muito longe. Lembro como se fosse agora. Daquela distância, daquela posição, eu teria que colocar força e precisão. E a bola foi justo com a força e onde nenhum goleiro pegaria. Se vai mais para dentro, o goleiro chega. É para ver o nível de concentração para, aos 43 minutos do segundo tempo, sobrar força para colocar a bola ali - comemorou o ex-volante.
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