Filhos de 93: palmeirenses carregam ídolos de título histórico no nome
Edmundo Moreira, Evair Abdala e Evair Tavares foram batizados em homenagem aos heróis do título paulista conquistado em 12 de junho de 1993, contra o Corinthians
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Evair não consegue tirar o Dérbi da cabeça. O palmeirense admite que mal tem conseguido dormir pensando em como será a tarde de 12 de junho, quando seu time medirá forças com o Corinthians.
O parágrafo acima poderia ser um trecho de uma reportagem publicada em 1993, às vésperas da decisão estadual que tirou o Palmeiras da fila de 16 anos, mas o Evair em questão não é o mesmo que marcou dois gols na goleada por 4 a 0 no Morumbi. Trata-se “só” de um sócio-torcedor Avanti que estará no Allianz Parque no domingo e que foi batizado em homenagem ao ídolo. Ideia que seu pai e certamente muitos outros palmeirenses tiveram naquela época.
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De acordo com o IBGE, 1900 pessoas ganharam o nome de Evair na década de 90. O indício de que boa parte deles são filhos de palmeirenses é que só 803 pessoas foram batizadas com este nome nos anos 80.
– Quando o Viola fez o gol e saiu imitando o porco (no jogo de ida da decisão estadual de 1993, vencido pelo Corinthians por 1 a 0), meu pai ficou p... da vida e fez uma promessa para ele mesmo: se o Palmeiras fosse campeão, eu me chamaria Evair. Minha mãe estava grávida de três meses e ele cumpriu – conta Evair Tavares, que nunca se encontrou com o ídolo, ao contrário de Evair Abdala.
Nascido em setembro de 1993 e também registrado em homenagem ao artilheiro, ele já contou a história pessoalmente ao próprio Evair.
– Pedi para ele me dar um autógrafo em agradecimento ao meu pai, Renato. Ele pegou no meu braço na loja do Palmeiras e falou para todo mundo ouvir que eu era mais um Evair. A emoção veio – conta ele.
O título de 1993 também batizou Edmundos. O IBGE aponta que 1.376 receberam esse nome nos anos 90. Um deles é Edmundo Moreira. Como Evair Tavares e Evair Abdala, ele é fanático pelo Verdão e sócio Avanti.
– O nome era para ser Raul, minha mãe e minha tia até brigaram, mas meu pai, palmeirense roxo, foi lá e registrou. Sou Palmeiras!
Fernando, Gabriel, Cleiton... Algum deles merece a homenagem? Quem sabe sendo herói domingo...
BATE-BOLA - Edmundo Moreira, 21 anos
Como sua mãe reagiu após seu pai lhe registrar como Edmundo?
Ah, ela ficou louca (risos). Meu pai deu o azar que eu nasci em 94, sendo que em 95 o Edmundo foi para o Corinthians. Ele ficou louco de raiva (risos).
Quais lembranças você tem do Edmundo como jogador?
Eu lembro mais de quando ele voltou (em 2006). Tenho a recordação de gols de pênalti, mas meu pai sempre o elogiou. Ele fala que o Edmundo sempre ia para cima, dava gosto de ver, não era como hoje em dia.
E você gosta do nome?
Eu gosto. Quando eu era novo dava um impacto estranho, mas o pessoal me chama de Animal, no meu serviço o meu chefe me chama só de Animal. Até jogando bola eu tenho um estilo parecido (risos) pela técnica.
Vai no clássico?
Não, eu iria com o meu pai, mas não temos lugar para ficar. Vamos ficar aqui (em Paulo de Faria, cidade no interior do Estado). Fui só uma vez no Allianz Parque, quero tentar ir neste mês em outro jogo lá.
BATE-BOLA - Evair Tavares, 22 anos
Sua mãe gostou do nome?
A minha mãe não gostou muito, mas a princípio ela concordou, porque sabe da grandeza do Evair. Mas ela até briga com o meu pai porque eu sou muito fanático pelo Palmeiras.
Você já teve a chance de conhecer o Evair pessoalmente?
Não, eu queria, mas nunca dá. Quando vou (aos jogos) não consigo pegar autógrafo dele. O Evair é o meu maior ídolo.
Você joga? Ele é um espelho?
Eu tentei ser jogador, mas não consegui, cheguei a fazer testes no Santos. Sou atacante e tenho quase o mesmo estilo matador.
Tem o costume de ir ao Allianz?
Vamos em muitos. Tenho uma camisa escrito Evair e o pessoal brinca, pergunta se é por causa dele. Na última rodada do Brasileiro de 2014, o Henrique foi cobrar o pênalti e a gente tinha de vencer. Aí eu brinquei: “que exista um Evair no Henrique”.
Já está tenso para o jogo?
Vou ser bem sincero, acho que vou ficar sem dormir até o dia do jogo.
BATE-BOLA - Evair Abdala, 22 anos
Como foi a reação da sua mãe com a escolha do nome?
Minha mãe aprova tudo que meu pai faz, vai para o jogo com a gente, então não teve problema. Ela se orgulhou. Aquele jogo teve muita importância.
Você já encontrou o Evair?
Já encontrei uma vez, peguei um autógrafo. Eu estava trabalhando e numa rede social vi que ele ia estar na loja do Palmeiras no shopping em Santo André. Sou do Itaim e não pensei duas vezes, fui direto. Fiquei lá por sete horas, peguei muito tempo de fila e consegui o autógrafo meia-noite.
E o que você conhece da carreira do Evair, viu algo dele?
Infelizmente não o vi jogar pessoalmente, mas tem a lembrança do que meu pai fala dele. Já vi vários vídeos, eu estava esta semana mesmo vendo alguns, recordando.
Vocês vão no jogo de domingo?
Infelizmente não. Não está fácil de ir com estas arenas novas, com ingresso caro, é difícil, desta vez a gente nem tentou. Vou ficar aqui em casa e assistir com a minha família mesmo.
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