Goleada, tensão e Jr Baiano: como foi Verdão de Felipão x Cerro em 1999
Adversário do Palmeiras nas oitavas de final da atual Libertadores, clube paraguaio perdeu duas vezes na fase de grupos na campanha do único título alviverde no torneio continental
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Depois de 18 anos, Luiz Felipe Scolari volta a comandar o Palmeiras em um jogo de Libertadores nesta quinta-feira, contra o Cerro Porteño. Um adversário que o técnico conhece bem. Em 1999, quando foi campeão continental pelo clube, Felipão enfrentou a equipe paraguaia na primeira fase e, mesmo com duas vitórias, encarou momentos de tensão em duelos marcantes.
Foi diante do Cerro Porteño, em Assunção, que o Verdão aplicou sua maior goleada na campanha do título: 5 a 2, em 3 de março. Diante do time paraguaio, o zagueiro Junior Baiano fez três dos cinco gols que marcou no torneio e o transformaram no artilheiro do Verdão naquela competição. E a segunda vitória contra a equipe (2 a 1, em 7 de abril, no Palestra Itália) foi tensa, sob risco de precoce eliminação.
Os dois triunfos sobre os paraguaios ganham ainda mais valor diante da campanha que fizeram naquela Libertadores. O Cerro Porteño chegou à semifinal, igualando sua melhor campanha na competição (atingiu a fase também em 1973, 1978, 1993 e 1998 e só ficou entre os quatro primeiros novamente em 2011). O time teve ainda um dos artilheiros da edição: o atacante brasileiro Gauchinho, com seis gols.
Confira abaixo os detalhes dos duelos entre Palmeiras e Cerro em 1999:
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Felipão ainda tentava encontrar um time ideal e viajou para o Paraguai sem o capitão César Sampaio, machucado. O gol ainda tinha Velloso, a linha defensiva já contava com Arce, Junior Baiano, Cleber e Junior, Zinho e Alex eram os armadores e Paulo Nunes era dono de vaga cativa no ataque. Para aquele jogo, Roque Júnior fez dupla de volantes com Rogério e Evair era o centroavante titular, deixando Oséas no banco.
O Palmeiras vinha de uma vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, na estreia, no Morumbi, e logo viu no primeiro jogo fora de casa a força da arbitragem para os anfitriões. Aos 13 minutos, Fernández girou no chão sobre Junior Baiano e Arce, levantou e simplesmente se jogou na área, sozinho. O árbitro marcou pênalti, e Alvarenga converteu enchendo o pé no canto direito de Velloso.
Depois disso, um show aéreo: quatro gols de cabeça do Verdão. O time soube usar a velocidade e a troca de passes de primeira envolvendo Júnior, Alex e Paulo Nunes, e Junior Baiano mergulhou para aproveitar cruzamento de Junior e empatar, aos 39. No segundo tempo, aos sete, Alex bateu escanteio para Cleber virar, Junior lançou na área para Alex ajeitar e Evair testar nas redes, aos 22, e Junior Baiano fez mais um, após Arce bater escanteio, aos 25.
Jorge Campos, aos 31, fez o quinto gol de cabeça da partida, e o segundo do Cerro Porteño. Até que Oséas, especialista no jogo aéreo, entrou no lugar de Evair no segundo tempo e fechou o placar usando o pé, aos 43 minutos. Foi a única derrota em casa na Libertadores do Cerro, que tinha o brasileiro Jair Pereira como treinador naquela partida.
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Aquele 5 a 2 no Defensores Del Chaco acabou sendo a última grande exibição do Palmeiras na Libertadores na primeira fase. Depois disso, ainda no Paraguai, a equipe de Scolari levou 4 a 2 do Olimpia, ficou no 1 a 1 em casa diante do mesmo Olimpia e, no jogo que marcou a estreia do goleiro Marcos na competição (Velloso se machucou), perdeu por 2 a 1 para o Corinthians.
Como consequência, o Verdão chegou ao último jogo da fase de grupos correndo risco de eliminação, mesmo com o formato em que três dos quatro clubes da chave se classificavam para as oitavas de final. O Palmeiras dividia a segunda colocação com o Cerro, ambos com sete pontos, o Corinthians liderava com nove e o Olimpia, com cinco, sonhava com a vaga. Neste cenário, caso perdesse, o time de Felipão precisaria torcer para que o Corinthians, já classificado e planejando poupar titulares, não fosse derrotado pelo Olimpia em jogo que ocorreria dois dias depois, no Pacaembu.
O que mais deixava o ambiente tenso, contudo, eram os maus resultados na Libertadores. Felipão já usava a base da escalação que seria campeã, mas ainda com dúvidas. Tanto que deixou Alex, que passava por má fase e tinha acabado de voltar de amistosos com a Seleção na Ásia, no banco para apostar em Jackson. Naquele jogo, ainda apostou em Galeano como volante - ele se revezou algumas vezes com Rogério na formação titular na campanha.
O Cerro (que já não tinha Jair Pereira como técnico, com Carlos Báez no banco do time paraguaio) soube se aproveitar muito bem da tensão palmeirense. Abriu o placar com quatro minutos do segundo tempo com um golaço do atacante brasileiro Gauchinho (atuou por Grêmio e Atlético-PR depois da Libertadores, mas teve mais passagens por times menores do Brasil), indo do meio-campo à área passando por Junior, Jackson e Cleber e, quando Junior Baiano e Marcos se aproximavam, bateu na saída do goleiro.
Foi quando um ex-Cerro virou herói no Palmeiras. Formado no clube paraguaio, Arce garantiu a vitória, e o próprio time de Assunção também, com desvios fundamentais. Aos 15 minutos, Arce cobrou escanteio, Cleber ajeitou de cabeça quase da linha de fundo e Junior Baiano, na outra trave, testou, com a bola ainda batendo na cabeça de um zagueiro do Cerro, tirando qualquer chance de defesa do goleiro. Aos 19, em cobrança de falta perto da meia-lua, Zinho rolou e Arce encheu o pé, contando com um desvio na barreira para virar.
O Cerro ficou com sete pontos, e se classificou porque o Corinthians venceu o Olimpia por 4 a 0. Após ser terceiro na chave, o Cerro passou pelo tradicional Nacional do Uruguai, aplicando 5 a 0 em casa e levando 2 a 1 fora, nas oitavas de final, e eliminou o Estudiantes de Mérida, da Venezuela, nas quartas de final levando 3 a 0 como visitante e goleando por 4 a 0 em casa. Caiu somente nas semifinais para o Deportivo Cali, sofrendo 4 a 0 na Colômbia e vencendo por 3 a 2 no Paraguai.
O Palmeiras, por sua vez, eliminou Vasco (1 a 1 no Palestra e 4 a 2 em São Januário, nas oitavas de final), Corinthians (2 a 0 a favor e contra no Morumbi, e 4 a 2 nos pênaltis, nas quartas de final) e River Plate (levou 1 a 0 na Argentina e aplicou 3 a 0 em São Paulo, pelas semifinais) até ser campeão diante do Deportivo Cali (1 a 0 para os colombianos na ida, 2 a 1 para o Verdão no Palestra, que venceu por 4 a 3 nos pênaltis). E Luiz Felipe Scolari se fixou de vez na história do clube.
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