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Leila Pereira, WTorre, organizadas: as diferenças de Galiotte para Nobre

Leila terá sua candidatura avaliada nesta segunda e provavelmente tomará posse como conselheira. Proximidade com ela afastou Galiotte de Nobre. Gestões têm perfis diferentes

Galiotte e Nobre durante a cerimônia de posse
imagem cameraPaulo Nobre e Galiotte juntos na posse do atual presidente do Palmeiras (Foto: Divulgação)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 05/03/2017
19:46
Atualizado em 06/03/2017
07:45

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Os 76 novos conselheiros do Palmeiras tomarão posse na noite desta segunda-feira. Entre eles, muito provavelmente, estará Leila Pereira, dona da Crefisa e da Faculdade das Américas. A empresária foi eleita pelos sócios com votação recorde e agora depende que os atuais membros do Conselho Deliberativo - e não os recém-eleitos - avalizem sua candidatura, o que deve acontecer com certa facilidade.

Leila dificilmente chegaria ao posto se Paulo Nobre ainda fosse presidente do clube. Os conselheiros que pedem a impugnação dela, inclusive, se baseiam no argumento usado pelo ex-presidente, que tentou brecar a candidatura no último ato de seu mandato: Leila seria sócia do clube desde 2015, e portanto não teria os oito anos necessários para concorrer. Mustafá Contursi, também ex-presidente, alega que deu a ela um título de sócia benemérita em 1996, versão aceita pelo atual mandatário, Maurício Galiotte.

A aproximação de Galiotte e Leila Pereira foi o estopim para o afastamento de Nobre do atual presidente. O antigo mandatário teve diversos atritos com a dona da Crefisa e nem sequer tinha diálogo com ela, mais ou menos como acontecia desde 2013 com as torcidas organizadas. Com a WTorre, construtora que ergueu e administra o Allianz Parque, havia diálogo, mas apenas institucional.

A gestão Galiotte alterou esses e outros aspectos. Nem a sala da presidência é a mesma. Também devido às reformas no clube, Nobre passou seus quatro anos de mandato despachando da Academia de Futebol, mais próximo de jogadores e comissão técnica. Galiotte, que é considerado "um cara do clube", despacha da sede social. Veja mais abaixo:

Relação com a Crefisa

A relação de Paulo Nobre com Leila Pereira se deteriorou em novembro de 2015, quando a empresária não gostou de ser consultada sobre o possível lançamento de uma camisa casual com o logo da Parmalat, patrocinadora histórica do Verdão na década de 90. No início de 2016, a Crefisa chegou a suspender o pagamento mensal ao Palmeiras porque o clube estampou em sua camisa uma propaganda do Avanti, ferindo a cláusula de exclusividade prevista em contrato.

O responsável por aparar arestas com Leila e seu marido, José Roberto Lamacchia, sempre foi Maurício Galiotte, que à época era primeiro vice-presidente. Mustafá Contursi, que apoia Galiotte, é um elo de ligação entre eles: os donos da Crefisa se elegeram conselheiros pela Chapa Palmeiras Forte, capitaneada justamente por Mustafá.

Hoje, Palmeiras e Crefisa vivem um caso de amor e acabaram de renovar o patrocínio por mais duas temporadas com valores exorbitantes. Em 2017, serão R$ 74,2 milhões, já contando os R$ 200 mil mensais que ajudarão o clube a pagar os salários de Borja. Isso sem falar no dinheiro aportado pela empresa para as contratações de Fabiano, Guerra e do próprio Borja, além da compra de mais 50% dos direitos econômicos de Dudu. O novo centro de excelência da Academia de Futebol, concluído com dinheiro de Paulo Nobre, ganhou o nome da patrocinadora, que também ajudou na obra. Um afago para Leila.

Relação com a WTorre

Uma das maiores vitórias de Paulo Nobre em seus quatro anos como presidente foi contra a WTorre, na arbitragem. A Câmara de Arbitragem da Fundação Getúlio Vargas deu razão ao clube na "guerra das cadeiras" do Allianz Parque: a construtora tem direito a comercializar 10 mil assentos, e não todos, como pretendia. Essa decisão é considerada vital para que o clube continue tendo um programa de sócio-torcedor forte e para continuar lucrando alto com a bilheteria dos jogos.

Essa discussão acabou causando uma enorme ruptura entre a diretoria do Palmeiras e as lideranças da WTorre. Há uma segunda arbitragem em andamento, em que a empresa contesta os descontos que o clube concede para seus sócios-torcedores na compra de ingressos, além de se discutir dívidas cobradas pelas duas partes.

A chegada de Maurício Galiotte à presidência não pacificou a relação, já que o conflito judicial segue, mas ampliou o diálogo. Ainda em seus primeiros dias de mandato, o presidente promoveu uma reunião de trabalho com altos executivos da WTorre e reduziu o clima bélico, a ponto de receber um desejo de boa sorte no telão da arena, algo inimaginável com Nobre. A briga com o presidente anterior era praticamente pessoal, tanto que uma câmera chegou a ser instalada no camarote do Palmeiras para vigiá-lo - foi retirada quando ele saiu da presidência.

Relação com as torcidas organizadas

Paulo Nobre encerrou qualquer diálogo com as organizadas quando membros da Mancha Alviverde perseguiram Valdivia no Aeroparque de Buenos Aires, um dia depois de o chileno fazer gestos obscenos para um torcedor em jogo contra o Tigre, pela Libertadores. Estilhaços de uma xícara arremessada contra o camisa 10 causaram um corte na orelha de Fernando Prass. A partir daí, as uniformizadas não tiveram mais nenhum benefício, seja ingressos ou viagens financiadas.

A gestão Galiotte diz que não pretende dar privilégios às torcidas, mas tomará algumas medidas para melhorar a relação. Uma delas será recolocar as organizadas na Arquibancada Amarela em jogos no Pacaembu. Desde a abertura do Allianz Parque, Nobre os deixava no Tobogã, por ser o setor mais barato do estádio municipal, assim como é o Gol Norte na arena. Para os jogos fora de casa, o clube quer voltar a comercializar ingressos nas bilheterias do Palestra, caso o mandante os disponibilize. A atual cúpula não quer dar preferência, mas sim facilitar a comercialização para os palmeirenses que vão de São Paulo para as partidas fora do estado.

Uma prova da retomada do diálogo foi dada na chegada de Miguel Borja a São Paulo. Membros da diretoria da Mancha ajudaram funcionários do Palmeiras a organizarem o desembarque do colombiano, que vestiu camiseta e boné da organizada assim que surgiu no saguão. Essa cena jamais seria vista com Nobre na presidência. Com ele, mesmos as grandes festas organizadas pela Mancha na Academia e em aeroportos eram ignoradas pelas mídias oficiais do clube, como a TV Palmeiras.

Outras diferenças

Uma das primeiras medidas de Galiotte foi demitir os médicos Rubens Sampaio, Otávio Vilhena e Vinicius Martins, além do fisioterapeuta José Rosan, todos com muitos anos de clube. Gustavo Maglioca, que é medico especializado em esporte e estava trabalhando como fisiologista do clube, assumiu o departamento médico, enquanto a fisioterapia segue sendo coordenada por Jomar Ottoni, que chegou em 2015. Foi uma maneira de "cortar gastos e oxigenar os departamentos", dizem pares do presidente. Nobre chegou a sofrer pressão para fazer essas demissões, sobretudo até 2015, mas não o fez. O ex-presidente investiu em contratações de novos profissionais e na compra de aparelhagem moderna e até hoje é muito elogiado pelos profissionais desses departamentos.

Na última semana, a gestão Galiotte minimizou uma reclamação recorrente desde a inauguração do Allianz Parque: a ausência de gratuidade para crianças. A partir do clássico contra o São Paulo, no sábado, a arena terá o setor "Família Palmeiras", que ocupará parte do Gol Sul. Cada associado que adquirir um ingresso para a área determinada terá o direito de levar uma criança de 0 a 6 anos como acompanhante, sem nenhum custo adicional – para levar mais de uma criança, o sócio precisará comprar outras entradas. O setor "Família Palmeiras" só não valerá em jogos de Libertadores ou de mata-mata, seja qual for o campeonato.

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