Luxa pede volta mais estudada: ‘Ser exemplo de que com tantas mortes?’
Técnico do Palmeiras alertou para a alta probabilidade de que até seus jogadores tenham contraído o coronavírus, mas sem apresentar sintomas, e pede ambiente mais preparado
Na semana que começou com polêmica, com clubes cariocas debatendo o retorno do futebol com mais proximidade, Vanderlei Luxemburgo pede uma volta mais estudada. O técnico do Palmeiras citou a alta probabilidade até de que um jogador seu tenha contraído o coronavírus, mas sem apresentar sintomas, e contesta quem quer dar exemplo com o Brasil acumulando dias consecutivos com mais de mil mortes em 24h por conta da COVID-19.
- No futebol, as pessoas estão forçando uma situação para o futebol servir de exemplo. Exemplo de quê? Estão morrendo mil e poucas pessoas por dia, vai servir de exemplo de quê? De nada. Tem que servir exemplo de coisa positiva. Não pode ter privilégios para A, B ou C, de voltar no Sul, mas não voltar em Norte, Nordeste, Sudeste... Ou é para todos ou não é para todos, porque todos teremos prejuízo - declarou o treinador à rádio Bandeirantes.
- O que me preocupa, do jeito que vejo o Brasil, com experiência e vivência que tenho, vendo política e coisas que acontecem, não tenho dúvida de que 80% da população brasileira vai contrair o vírus, porque ele continua se espalhando. Não tenho dúvida de que tem jogador meu que está com o vírus, foi assintomático, não sentiu nada e já está imune. Quando voltarmos, com 100% de certeza, muitos serão contaminados. E como vamos fazer? - questionou.
- É obrigação ter um estudo melhor apurado para que, não só o futebol, mas todos os setores voltem. As pessoas serão contaminadas, não tem como, o vírus está aí em tudo quanto é canto. O futebol vai voltar, mas o que tem que ser feito para minimizar a contaminação? Tem muita gente parada, poderiam tomar decisões importantes para a volta ao trabalho, em todos os conjuntos, não ser em uma realidade tão complicada - continuou Luxemburgo.
Sem jogar desde 14 de março, o Palmeiras implantou treinos físicos assistidos à distância e em tempo real pela comissão técnica desde o final das férias coletivas, em abril. O clube tem debatido protocolos e já adquiriu testes para estar pronto quando ocorrer a liberação dos trabalhos presenciais na Academia de Futebol, mas está mantida a decisão do presidente Maurício Galiotte de retorno somente com o aval de todas as autoridades sanitárias.
- A ordem do presidente é esperar que os órgãos sanitários que mandam determinem voltar. O Palmeiras já está totalmente organizado. Se voltar amanhã, já tem planejamento, com distanciamento e tudo preparado. Mas precisamos da ordem, e não vejo por que antecipar essa volta. Se o presidente decidir a volta e todos decidirmos que tem que voltar, vamos voltar, sem problema nenhum - afirmou Luxemburgo.