Maratona Jesus: L! detalha operação do Verdão para usá-lo no Choque-Rei
Para conseguir usar o camisa 33 contra o São Paulo um dia após ele ser titular no jogo da Seleção, Palmeiras montou plano com integração entre setores do clube<br>
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Enquanto Gabriel Jesus estava na Seleção, Alexandre Mattos, diretor de futebol do Palmeiras, questionou o coordenador científico do clube, Altamiro Bottino, e o fisiologista Gustavo Magliocca: seria possível criar alguma estratégia para usar o atacante no Choque-Rei, um dia depois do jogo do Brasil? A partir disto iniciou-se a complexa operação que deu resultado, já que o camisa 33 entrou e foi um dos destaques na vitória sobre o São Paulo.
O processo começou na terça à tarde. Mattos e o fisioterapeuta Jomar Ottoni viajaram para Manaus e ficaram no mesmo hotel da Seleção. A comissão técnica de Tite os autorizou para que trabalhassem com o jogador logo após a vitória sobre a Colômbia, naquela noite - o atacante foi titular e atuou por 85 minutos. Serginho, massagista do Verdão e parte da comissão do Brasil, foi quem iniciou os cuidados, exatamente os mesmos que o clube adota no seu dia a dia. A diferença foi a logística montada.
– Ficamos no mesmo hotel da Seleção, tenho uma amizade muito boa com o Bruno Mazziotti (fisioterapeuta da Seleção), que deu um apoio bom para a gente, e temos o Serginho lá dentro. Nós não interferimos em nenhum processo da Seleção, até imediatamente após o jogo. O pessoal da logística da CBF nos deu uma abertura muito grande, tivemos liberdade para pegar o Gabriel praticamente dentro do vestiário – disse Jomar, ao LANCE!.
- Imediatamente após o jogo já começou com a nossa suplementação, ele já fez uma imersão em banheira para começar o processo, fez um processo mais em cima do que nossa nutricionista (Alessandra Favano) tinha orientado - acrescentou.
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Foi decisão do clube fazer Jesus dormir em Manaus e seguir viagem na quarta, dia do clássico. Uma boa noite de sono era fundamental.
– Fomos para o hotel e lá ele já fez uma sessão de recovery, enfatizando baixar a temperatura corporal. A gente trabalha com estudos que mostram que isto melhora muito a qualidade do sono, e fiquei do lado da cama dele até dormir, para garantir que ele dormiu 1h30 da manhã. Às 9h30 eu bati no quarto dele, já cheguei com a mamadeira de suplemento (risos) – contou Ottoni.
'Partiu do Alexandre (Mattos) deixar o jogador inteiramente à vontade para não se expor, não se sentir pressionado por esta parafernalha que foi montada. Até convidou o irmão para voltar com a gente, deixar o Gabriel mais à vontade e também para o irmão ver que não tinha uma pressão ferrenha para jogar', conta Jomar
A recuperação deu sequência no avião do presidente Paulo Nobre. Gabriel Jesus viajou deitado, tomou mais duas vezes suplementos e fez uma refeição providenciada pela nutricionista do clube, Alessandra Favano. No voo, o garoto comeu lasanha à bolonhesa, arroz, pudim de leite, banana e tomou suco de maracujá. Paralelamente, Mattos tentou fazer o jogador não se sentir pressionado a atuar com toda a engenharia feita pelo Palmeiras. Felipe, irmão do camisa 33, viajou com eles para ajudar.
– No voo ele fez mais umas duas sessões de massagem e com a bota pneumática, que chamamos de recovery. Chegamos, fomos para o hotel, ele foi reavaliado pelo médico, estava apto, supertranquilo. Fomos para o jogo com a situação dele ainda indefinida, tanto que o professor segurou a escalação, porque a gente queria ver dele a reação ao jogo e ele reagiu bem – completou o fisioterapeuta.
De fato, a estratégia funcionou exatamente como planejado. Além de desequilibrar nos 38 minutos que ficou em campo no Choque-Rei, Gabriel Jesus se reapresentou nesta quinta-feira com bons índices físicos. Mesmo com a maratona, a rotina segue a mesma para o jovem de 19 anos, que deve, até, voltar a ser titular domingo, contra o Grêmio.
CONFIRA UM BATE-BOLA EXCLUSIVO COM GUSTAVO MAGLIOCCA, FISIOLOGISTA DO PALMEIRAS:
- O processo aplicado ao Gabriel Jesus neste caso é muito diferente do usual?
Já existe um processo de recuperação, que é uma interação do departamento de fisiologia com o de fisioterapia. Com o Gabriel aproveitamos para otimizar estas 24hs. De um processo normal feito no clube, reuniu-se todas as ferramentas, e aí a abertura que ele (Jomar Ottoni) tem na Seleção, a abertura com o jogador e a confiança que o jogador tem no departamento fizeram com que ele se entregasse logo depois de um jogo tão importante da Seleção, abrisse mão daquele momento dos colegas de grupo da Seleção, e já abraçasse o jogo do dia seguinte. Ele aceitou todos os processos organizados pelo departamento e dentro da estratégia planejada o jogador pôde atuar nas 24hs, mas em uma carga limitada de participação.
- Qual a importância do Serginho, massagista do clube, participar da comissão técnica da Seleção Brasileira?
O Jomar alinhou com o Serginho o que queria, mas desde a parte de suplementação, das ferramentas que a gente usa foi uma troca muito positiva. Isto mostra o quanto o atleta confia no departamento do clube e quanto o clube está envolvido e está apostando nas suas ferramentas para acontecer o que aconteceu. Ele jogou na sua melhor performance, somou 120 minutos em 48 horas e chegou com o perfil fisiológico bem interessante.
- Por que vocês preferiram que ele dormisse em Manaus?
O sono era mais importante para a gente. O pós-jogo de uma Seleção existe uma euforia, eles mesmos querem relaxar, querem confraternizar e aí pegar um voo para aproveitar aquele dia e voltar, e eles chegam cansados. A gente enfatizou duas coisas: diminuir a temperatura do corpo, colocar ele para dormir cedo, acordar em um horário adequado para receber alimentação no momento e receber os processos de recuperação que a gente achava importante. Foi uma logística vitoriosa dentro de um processo que já vem mostrando seus efeitos ao longo do campeonato.
- O que fizeram para a preparação dele antes de entrar no jogo?
Ele suplementou no vestiário para quando ia entrar no intervalo, suplementamos diferente porque entendíamos que ele tinha necessidades diferentes dos outros jogadores, até de carga energética. Terminou o jogo superbem, fez o trabalho normal de recuperação. É um processo do Palmeiras, todos os jogadores na 24h depois de jogo fazem, não é o Gabriel Jesus. O grande diferencial foi o apoio da diretoria, do atleta e da logística. O processo já existe, mas não o diminui, só enfatiza o quanto a gente é confiante nele e quanto isto é benéfico. Foi uma soma.
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