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OPINIÃO: Sucesso de Abel Ferreira no Palmeiras não incomoda apenas técnicos brasileiros

Grupo de treinadores que "se juntou" para falar mal do comandante português não é o único que alimenta essa perseguição. Parte da imprensa e o clubismo são contribuintes

Abel Ferreira - Atlético-MG x Palmeiras
imagem cameraAbel Ferreira tem sofrido uma perseguição de técnicos brasileiros (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 17/08/2022
20:51
Atualizado em 18/08/2022
11:32

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Nas últimas semanas, os comentários de alguns técnicos brasileiros em relação ao português Abel Ferreira se intensificaram. A troca de narrativas entre ele e Cuca, depois comentada por Mano Menezes e Jorginho, escancararam que há um incômodo pessoal ou com o trabalho do comandante no Palmeiras. No entanto, não dá para apenas colocar essa perseguição na conta desse "corporativismo". É preciso reconhecer o papel do clubismo e de parte da mídia nisso.

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Fica difícil não reconhecer que Abel Ferreira é o melhor técnico em atividade no futebol brasileiro, talvez com exceção de Tite na Seleção Brasileira, quem o próprio português admite ser o melhor por aqui. Seu trabalho, suas conquistas, o modo como gere o elenco, com que melhora a performance de jogadores e com que fala do jogo em suas coletivas, são fatores que têm impressionado desde o fim de 2020.

Não é comum um trabalho tão completo e impressionante aqui no Brasil, muito menos feito por um técnico estrangeiro. Por essas e outras, Jorge Jesus, em maior proporção, e Jorge Sampaoli, já haviam causado furor em 2019 pelo que fizeram por Flamengo e Santos. Eles abalaram a comodidade que certos treinadores brasileiros tinham.

Alguns deles garantiam empregos pelo nome, pela fama e não mais pelos trabalhos, que já eram questionáveis há tempos, mas como não havia pensamento "fora da caixa", essas figuras se mantinham na elite. Até que a ordem mudou e os dirigentes passaram a buscar ideias fora do Brasil, muitas delas sem qualquer fundamento ou metodologia, mas a verdade é que tentaram algo diferente.

Abel Ferreira entrou nessa lista e talvez tenha feito mais do que esses acima citados. Além das conquistas, que são inquestionáveis, ele permaneceu no clube e iniciou um projeto, sem querer sair por qualquer proposta de fora ou qualquer eventual assunto pessoal que pudesse tirá-lo do comando do Verdão. Sua esposa e suas filhas, por exemplo, vieram para o Brasil apenas no meio deste ano.

O sucesso, a badalação, o trabalho e a comprovação da mediocridade local são fatores que de fato devem despertar sentimentos naqueles que não conseguem ser mais do que são, ou naqueles que não conseguem ser o que foram, ou naqueles que nunca serão, porque acham que já são. Mas isso podemos colocar como apenas uma parte de uma perseguição ao palmeirense Abel Ferreira.

Quem hoje na mídia fala desses técnicos brasileiros como se fosse um absurdo fazerem o que tem sido feito, certamente não tem feito uma 'mea culpa' da participação da imprensa em todo esse circo. Não foram poucos os casos de ataque ao treinador português, que envolveram sua nacionalidade, sua família (a mãe, inclusive), sua vida pessoal e outros assuntos longe de futebol, aliás muito longe.

Naquilo que abrange o campo, os comentários ficam mais na conta do estilo de jogo, que até dá para entender, porque é uma questão de gosto. Há quem aprecie, há quem respeite e há quem não goste. Faz parte. Embora algumas críticas passem do ponto e façam parecer que análise é mais uma perseguição de fato do que um gosto.

Além disso, não podemos excluir o fator "clubismo" de toda essa situação. Entre esses jornalistas que perseguem Abel, há muitos que claramente carregam uma questão do clube do coração para tecer seus comentários. Há também aqueles que quase um ano depois ainda não suportam a ideia de terem visto seu time perder uma final de Libertadores para o Palmeiras comandado pelo português.

E esses profissionais, com o embasamento de quem tem um espaço para publicar suas ideias e com a notoriedade de terem um veículo por trás, são seguidos por torcedores de time A, B e C que não torcem para o Verdão e não gostam do que faz Abel Ferreira. O torcedor está em seu papel, é paixão, não é obrigação gostar. Acontece que eles fazem volume no coro da perseguição.

Dessa forma, com esse leque bastante grande de pessoas que não gostam de Abel Ferreira e/ou de seu trabalho, parte dos técnicos brasileiros veem uma abertura para também tentarem fazer coro e até encontram quem os apoie, mesmo que alguns personagens da mídia se façam de desentendidos, como se não alimentassem tudo isso. Os treinadores tupiniquins são parte de um sistema que se formou e que vai ficar cada vez maior conforme o sucesso de Abel.

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