Palmeiras e Flamengo se enfrentam em ‘gramado da discórdia’; entenda

Ao L!, dono da empresa que fornece a grama para o Allianz Parque rebateu críticas em torno do material sintético

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Palmeiras e Flamengo medem forças neste sábado (8), às 21h (de Brasília), pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. O duelo será disputado no Allianz Parque, casa alviverde que possui gramado sintético, duramente criticado por Marcos Braz e Bruno Spindel, dois dos principais dirigentes do Rubro-Negro, e até mesmo pelo ex-jogador Zico. Nesta segunda-feira (3), em coletiva, Spindel afirmou que o clube carioca é contra o material e que 'outro esporte é jogado nele'.

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Em entrevista ao LANCE!, Alessandro Oliveira, CEO da Soccer Grass, empresa responsável pela implementação e manutenção do gramado do Allianz, rebateu as críticas em torno do material sintético, afirmando que a posição dos dirigentes do Flamengo contraria a própria Fifa, que faz constantes testes para garantir que os gramados estejam em condições ideais para a realização de jogos de futebol.

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- Eles estão indo totalmente contra a própria Fifa, depois de tantos estudos. A Fifa desenvolveu um manual com uma sequência de coisas, de informações, tem um bateria de testes que são extraídos de gramas naturais. São extraídos dos campos de gramas naturais dos melhores estádios da Europa, que tem uma quantidade de jogos menores que no Brasil, que não têm shows, eventos - disse Alessandro.

- Os testes são feitos com os parâmetros: quique de bola, rodagem de bola, tração e rotação de chuteira. Se alguém diz que é um outro futebol, é só reportar à Fifa, que ela vem no Brasil todo ano para ver se os gramados são ideais. Eu só estou colocando o que a Fifa determina em relação a isso. Determina que os parâmetros sejam iguais aos do gramado natural para a prática do mesmo futebol. Se fosse outro futebol, a Fifa não colocaria a chancela dela.

O executivo afirmou que o Allianz Parque 'é o que tem de mais moderno', explicando que o processo de irrigação dos gramados artificiais funciona da mesma forma que os naturais. Ainda, Alessandro Oliveira lamentou que estádios tão simbólicos para a história do esporte no Brasil tenham condições de gramado que inviabilizam a prática do verdadeiro futebol.

- A interferência que o Zico diz são ainda dos gramados society, que a bola vai mais viva. No Allianz Parque isso não acontece. Quando a gente molha o campo é o mesmo modelo das gramas naturais. E a bola fica mais rápida no gramado de campo natural, como fica na de sintética. A gente vê a grama de estádios que são ícones, como Maracanã, Mineirão, é uma condição de gramado que não dá para ter jogo. Esses dias eu vi o Hulk tropeçando, agarrando a grama, jogando para o alto. Isso é um outro futebol.

Allianz Parque será o palco de Palmeiras e Flamengo neste sábado (Foto: Divulgação/Palmeiras)

De acordo com o CEO da Soccer Grass, o comportamento das equipes que atuam nos gramados sintéticos é fundamental para a correta funcionalidade do mesmo, exemplificando o Palmeiras, clube que 'realiza investimentos e tem jogadores preparados'. Ainda, Alessandro afirmou que o 'mito' diante das lesões ocasionadas devido aos gramados sintéticos acabou, já que o atleta pode ter segurança de jogar em um campo homologado pela Fifa, que é bastante criteriosa na execução dos testes.

- Os times hoje que estão performando coincide terem um bom comportamento. Isso ajuda porque faz com que o time sempre jogue em performance única. O campo é a mesma coisa do primeiro ao 50 do segundo tempo. O Palmeiras tem um departamento científico maravilhoso, jogadores preparados, em um equipamento que funciona, vai ser diferente. O clube tem investimento e uma série de coisas. Cabe avaliar algumas coisas de uma forma mais sensata. Quanto custa um jogador lesionado? Um Gabigol lesionado por conta de um gramado de péssima qualidade? Usaram o nosso mercado de porte de forma equivocada.

- Mito acabou. Um estudo da Europa mostra que a grama natural causa mais lesão que a sintética. Em linhas gerais, a segurança que se dá para o atleta jogar em um campo homologado Fifa, que tem a manutenção em dia. No caso do Allianz Parque, semanalmente tem gente nossa lá trabalhando nisso. O Palmeiras está jogando no Allianz Parque desde 2020 com zero lesão. Isso porque a Fifa se preocupa de forma rigorosa, faz parte dos testes dela e se não tiver dentro dos parâmetros, vai reprovar. Quem não quiser jogar em gramado sintético por conta de lesão está equivocado - explicou o executivo.

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Alessandro Oliveira fez questão de reiterar que a grama sintética 'não é a solução para tudo' e explicou que a questão principal é a quantidade de uso, afirmando que jogadores que atuam por muitos anos na Europa e vêm para o Brasil, como por exemplo o uruguaio Luis Suárez, acabam optando por não jogar em gramados sintéticos devido à falta de preparo físico.

- Alguns jogadores saem da Europa e jogam no Brasil mais um ou dois anos, por conta dos nossos gramados, o jogo é mais lento. Grama sintética não é a solução para tudo, uma grama natural bem tratada vai funcionar bem, você vê a grama do Corinthians, São Paulo. Basicamente, a questão é a quantidade de uso. Quando você vê que o jogador que está em fim de carreira sai da Europa e vai para o Brasil e não joga (no gramado sintético) é porque ele não tem preparo físico. O elenco do Palmeiras tem preparo físico absurdo, joga de igual para igual com qualquer time da Europa.

Em maio, o "departamento de estrutura" do Palmeiras ganhou mais uma boa notícia: o gramado sintético do Allianz Parque recebeu a sua quarta certificação em avaliação realizada pela Fifa. O último teste havia sido realizado em 2022, sendo este o quarto ano seguido em que o Verdão recebe o certificado.

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