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PeKeno gigante: as histórias de Keno, da várzea ao time titular do Verdão

LANCE! conta como surgiu o apelido do atacante, mostra como Cuca e Zé Roberto ajudaram o Verdão a contratá-lo e relembra a trajetória de dificuldades do camisa 27

Keno em ação pelo Palmeiras
imagem cameraCesar Greco/Palmeiras
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 02/03/2017
19:14
Atualizado em 03/03/2017
08:28

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Keno talvez seja o menos badalado entre os 11 titulares do Palmeiras na partida contra o Red Bull, às 21h05 desta sexta-feira, no Moisés Lucarelli, mas isso está longe de ser um problema para ele. Aos 27 anos, "mas com fôlego de 23", o atacante superou várias barreiras para chegar onde está.

- É ruim de falar. Quando eu tinha 22 anos, ninguém acreditava no meu futebol. Só meu pai e minha mãe falaram que eu iria conseguir. Falavam que jogador sem base não vinga, isso me incomodava, mas consegui com força de vontade. Jogava na várzea, peladas de fim de semana... Um dia viram e disseram que eu tinha futuro - contou o jogador, em entrevista nesta semana.

Keno tinha 22 anos quando fez seu primeiro jogo como atleta profissional, pelo América de Sergipe. Para ele, a "categoria de base" foi a várzea, onde chegava a defender seis equipes diferentes em um fim de semana para completar a renda e para não deixar seu sonho morrer.

- Ele ganhava R$ 50, R$ 70, R$ 100 por jogo na várzea. Não teve base, o primeiro jogo dele como profissional foi em 2012, no América. Por isso que eu digo que ele é um "89" com gás de "94". Existe até um estudo que diz que você precisa de 10 mil horas de treinamento para ser um excelente profissional em qualquer área técnica. Ele tem poucos anos de treinamento em alto nível, por isso tem uma possibilidade de crescer, não bateu no teto ainda - diz Rogério Braun, empresário e amigo do jogador, em entrevista ao LANCE!.

A caminhada seguiu tortuosa mesmo depois da chegada a uma equipe profissional. Passou por Botafogo-BA, Águia de Marabá, Paraná, Santa Cruz, Atlas (MÉX) e Ponte Preta antes de enfim se destacar nacionalmente, em seu retorno ao Santa Cruz, no ano passado. Abaixo, o L! conta histórias da trajetória de Marcos da Silva França, o Keno. Aliás, por que Keno?

O apelido


Keno é uma abreviação de "pequeno", um apelido que o jogador ganhou dentro de casa, ainda em Salvador.

- Ele nasceu meio franzino, então a mãe dele chamava de pequeno. O irmãozinho dele dizia Keno porque não falava direito ainda - conta Rogério Braun.

A descoberta do fenômeno


- Eu tenho um colaborador em Salvador, o Neto, e depois de ver um jogo do Botafogo-BA ele me chamou para falar: "Patrão, tem um fenômeno aqui". Era o Keno. Foi um jogo em que ele fez dois gols, foi o melhor em campo. Aí que tomei conhecimento da existência da fera. Ele tinha outro agente, mas esse agente parou de trabalhar com futebol e a gente assumiu - relembra o empresário do palmeirense.

Depois de um bom Campeonato Baiano, Keno disputou uma Série B pelo Águia de Marabá e despertou o interesse do Santa Cruz, mas seu destino seguinte acabou sendo o Paraná. Parecia que, enfim, a carreira poderia decolar. Mas não foi o que aconteceu...

- Na época o Paraná estava muito complicado, não tinha dinheiro para pagar. Ele jogou um ou dois jogos da Copa do Brasil, disputou o Paranaense, mas aí veio o atraso e a gente conseguiu liberá-lo de forma judicial. Foi aí que acertamos a ida dele para o Santa, para jogar a Série B de 2014. Fez um bom ano e chamou a atenção do pessoal do México - conta Rogério.

Keno na Libertadores


A aventura no Atlas (MÉX), onde jogou em 2015, deu a Keno a oportunidade de disputar sua primeira Libertadores. Seu time estava no grupo de Santa Fe (COL), Atlético-MG e Colo-Colo (MÉX) e não conseguiu avançar. Contra os colombianos, ele foi adversário de Yerry Mina. Valeu a experiência.

- Tomei umas porradas contra o Colo-Colo. Não é desleal, é firme, é o jeito deles jogarem. Mas não tem que ter medo de zagueiro. Se ele me bater, vou para cima de novo. Estou acostumado a apanhar. Eu não apanho e me escondo, apanho e vou para dentro - disse o camisa 27.

Ele terminou aquele ano na Ponte Preta, onde teve uma passagem sem muito brilho. No início de 2016, retornou ao Santa Cruz. Foi aí que chamou a atenção do Palmeiras. E de outros clubes...

Cuca e Zé Roberto ajudaram


- Teve o interesse de vários clubes. Santos, Flamengo, Botafogo, a dupla Gre-Nal, Corinthians, o São Paulo me fez consulta, os dois de Minas... Tivemos a possibilidade de escolher, e a escolha final foi do Keno, pelo projeto. Ele queria jogar no Palmeiras - explica o agente.

O Santos chegou primeiro na disputa e chegou a adiantar a contratação do jogador, autor de dez gols na Série A mesmo com o rebaixamento do Santa Cruz, mas o Palmeiras começou a mudar a cabeça dele no encontro entre os dois clubes no Arruda, pelo segundo turno do Brasileirão.

- O Cuca e o Mattos conversaram com ele depois do jogo. Ele também falou com o Zé Roberto. Acho que o Grafite tinha um amigo em comum que falou que podia ir para o Palmeiras que seria bom. Não foi por grana, ele queria jogar no Palmeiras mesmo. Essa camisa podia pesar, mas ele está maduro, confia no taco. Começou com menos projeção, até por não ser tão badalado quanto outros contratados, mas não quis saber e agarrou a chance - acrescenta.

Joga hoje. E quarta?


Keno entrou na vaga do lesionado Moisés contra o Linense, foi bem e manteve-se na equipe para o clássico contra o Corinthians, na posição que vinha sendo ocupada por Róger Guedes. No jogo seguinte, contra a Ferroviária, foi um dos melhores em campo, marcou um gol e credenciou-se a seguir como titular nesta sexta, contra o Red Bull. Como a ideia de Eduardo Baptista é utilizar neste jogo a mesma equipe que começará jogando contra o Atlético Tucumán, quarta que vem, é provável que o atacante inicie a Libertadores no time.

- O Keno é um jogador que quando enfrentei tive muita dificuldade. Chegou aqui um pouco tímido, precisava se soltar. Conversamos e ele respondeu bem. No momento importante para a equipe ele assumiu a posição, chamou o jogo para ele muitas vezes. Mudamos um pouco a posição dele, mas a característica é a mesma. Aquele que mostra evolução, independente de ser badalado ou não, vai jogar. O Keno fez bem, já tinha entrado bem no jogo anterior, foi bem contra a Ferroviária, deve jogar amanhã e se continuar bem a gente mantém - disse o técnico, nesta quinta.

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