Política? Futebol? Isolamento é o foco de Luxa: ‘Todos somos grupo de risco’
Técnico do Palmeiras ressaltou sua preocupação com a pandemia da COVID-19 até que se encontre vacina e diz que treinos só voltam com aval de todas as autoridades de saúde
Vanderlei Luxemburgo deu uma entrevista coletiva virtual no final da manhã desta quarta-feira, e pouco falou de futebol. O técnico deixou claro não só como é complicado fazer posicionamentos, até em relação às ações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, ou dos planos do Palmeiras em meio a à pandemia do coronavírus, que já matou mais de 7 mil só no Brasil. O foco do treinador é que todos mantenham o isolamento, inclusive os jogadores, e não apenas quem tem mais de 60 anos de idade, como é seu caso.
- Todos somos grupos de risco porque todos podem ser contaminados. Tem morrido criança de cinco anos, bebês, jovens, quem faz musculação, atletas. O vírus não alivia para ninguém. Já perdi muitos amigos. Graças a Deus, nenhum familiar meu foi acometido, mas amigos meus perderam até quatro pessoas da família e não podem ir ao velório. É complicado - comentou Luxemburgo, que completará 68 anos de idade no domingo.
- O presidente (Maurício) Galiotte decretou que a volta do Palmeiras vai se dar quando tudo estiver liberado por todas as autoridades sanitárias. Não sabemos que dia vamos voltar. Estamos preocupados com uma coisa: isolamento e preservação da saúde das pessoas. As pessoas estão muito preocupadas com futebol, como se o futebol movesse o mundo. Mas a preocupação de todo brasileiro e cidadão mundial é com o momento da pandemia, os óbitos, a letalidade do vírus. O futebol está inserido nisso - completou.
Durante a entrevista, o treinador foi questionado sobre a provável volta do futebol sem a presença de torcida, embora não esteja prevista nenhuma data, e também sobre o pouco posicionamento de profissionais do futebol neste momento. Luxemburgo argumentou que de nada vale opinar se não há nenhum caminho apontado até agora, e falou isso também ao ouvir uma pergunta sobre a postura de Bolsonaro que, segundo ele, não o procurou.
- Não tenho que falar de política neste momento. O que menos se deve falar é política. A preocupação de todo cidadão mundial é torcer para um cientista encontrar uma vacina. Precisamos de uma solução para a pandemia, não interessa quem está certo ou errado. Precisamos de um gênio que invente um comprimidinho pequeninho ou uma vacininha pequeninha. Eu sempre me posiciono politicamente, mas esse não é o momento - apontou.
Luxemburgo ainda falou de seu cotidiano, apontando que a humanidade está reaprendendo a conviver. O técnico disse que há anos não se sentava para almoçar ou jantar com toda a família, fazia café ou lavava louça como tem feito ultimamente. Aliado a isso, montou treinamentos físicos com horário marcado e todos os atletas acompanhados em tempo real. Um trabalho em meio à tensão que o treinador não esconde estar vivendo.
- Como todo cidadão brasileiro e mundial, passo por um momento que nunca passei. Eu me sinto muito incomodado e triste por ver quanto somos vulneráveis, e quanto se preocupam com outras coisas. Estamos com um vírus atuando e deixando as pessoas presas em casa, sem saber o que vem. Se chegar um vírus como esse ou mais letal ainda, leva muita gente embora. Que o mundo se torne melhor, com muito menos vaidade e egocentrismo - falou, o técnico, que tem alertado seus jogadores sobre todos os riscos da COVID-19.
- Estavam todos preocupados com pessoas de risco, pais, idosos. Nas videoconferências, virei para os jogadores e falei que é muito importante quem é jovem e tem filho jovem orientar os filhos e não os deixarem brincar em lugar perigoso, piscina, correndo não só o risco de contrair a doença, mas de quebrar um braço. Os hospitais estão ocupados por quem está acometido pelo vírus e, se for ao hospital, você tem mais chance de ser contaminado. E hoje tivemos uma palestra mostrando como eles devem cuidar de higienização e colocar máscara, tudo para que se preocupem com eles e seus familiares - contou.