Recordes, papo com Luxa, Copinha e novo hotel: LANCE! detalha planos da base do Palmeiras
Após mais uma temporada com recorde de títulos nas categorias de base, Palmeiras agora dará espaço aos garotos no profissional, mas pensa em melhorias também em Guarulhos
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Pelo terceiro ano consecutivo, o Palmeiras quebrou o recorde de conquistas na base e levantou 34 taças em 2019. Com resultados cada vez mais relevantes entre sub-11 e sub-20, o clube, enfim, prepara-se para o que servirá como coroação do trabalho na formação de atletas: a utilização no profissional.
Nove crias do Verdão estão nos planos de Vanderlei Luxemburgo e devem seguir com a delegação aos Estados Unidos para disputar a Florida Cup. São eles: Vinicius Silvestre, Pedrão, Esteves, Patrick de Paula, Gabriel Menino, Alan, Angulo, Wesley e Veron. Artur estava nos planos, mas será vendido ao Red Bull Bragantino por 6 milhões de euros (R$ 27 milhões).
Coordenador das categorias de base desde 2015, João Paulo Sampaio conversou com o LANCE! e fez um balanço sobre o trabalho realizado no Palmeiras. Às vésperas de iniciar a disputa da Copinha (o time estreia na quinta), torneio que o clube ainda não conquistou, o dirigente não trata esta como uma "obsessão" para o 2020 alviverde.
A intenção é repetir o trabalho dos últimos anos, pensando também na melhoria de estrutura. A expectativa é de que a partir deste novo ano se inicie a construção do hotel para os jogadores no CT de Guarulhos (SP), que deve ter, também, um mini-estádio e gramado sintético, para facilitar a adaptação, já que o Allianz Parque terá novo piso a partir deste ano.
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Leia a entrevista completa abaixo:
LANCE!: Depois de mais um ano batendo o recorde de títulos na categoria de base, a utilização no profissional é a 'cereja do bolo' para vocês?
João Paulo Sampaio: A gente está dando o passo mais importante, que era o que estava faltando, o aproveitamento maior no profissional. Porque em termos de resultados vem crescendo a cada ano. Nos últimos três anos fomos quebrando recordes de títulos, viagens internacionais e convocações. Faltava o último pilar, que é o aproveitamento dos meninos no profissional. Foi um ano muito vitorioso, tem gente contando títulos de futsal quando falamos de futebol de base, gente que conta título de futebol de 7, mas nossos títulos só colocamos importantes. Ficamos contentes porque são gerações. Quando você chega em cinco finais em dois anos seguidos do Paulista, quando conquista títulos importantes do sub-11 ao sub-20, a gente fica contente porque são gerações, não é uma que deu certo e vai ter outra daqui a dez anos. É a consolidação do trabalho todo, não de uma categoria só.
A chance aos garotos no time de cima era realmente o que faltava?
O passo não é da base, eu falo que a base prepara, mas quem revela é o profissional. Com este apelo da torcida, imprensa, resultados dos últimos anos e vendo a qualidade dos meninos, o profissional vai usar mais. O Palmeiras nunca teve tradição na base, demos este passo, nos consolidamos como referência, que nunca foi, e agora o próximo passo o profissional está dando. O Veron já foi um 'case' de bom cartão de visitas, temos como política no último ano deles já amadurecer os atletas ou aqui ou fora. Veron e Gabriel Jesus pularam a etapa do sub-20. Chegou a ter uma rodada da Série B em que tínhamos nove atletas da base do Palmeiras, entre 19 e 21 anos, todos titulares. Yan no Sport, Wesley no Vitória, Pedrão no América-MG, Léo Passos, Maílton, Augusto... vários. Temos como política amadurecer estes jogadores mais cedo. Tem o caminho da Série B, tem o caminho da Europa, como o Gabriel Furtado que está no Getafe (ESP). E tem o caminho das vendas, que fizemos nos últimos anos. O caminho está aberto, até falei ao sub-20, que eles mantenham o caminho aberto e não deixem fechar.
Há agora a crença de que a base virou solução. Os garotos vão saber reagir a esta pressão?
Os meninos são preparados para isso. Fui a um torneio na França, com vários times grandes do mundo. Eu estava indo para a semifinal do Brasileiro, fiquei com 14 jogadores do juvenil aqui no Brasil e levei os que não estavam sendo titulares. E mesmo assim fomos bem. Eu falei a eles: 'ninguém quer saber quem é o fulano, quer saber que é o Palmeiras. E a pressão quando você desce como Palmeiras é para ser o melhor'. Eles são preparados para serem os melhores, o destaque. Como foi o caso do Veron, como foi o Fernandinho, que jogou 15 minutos no profissional e fez gol. Teve uma boa proposta (Fernando foi vendido ao Shakhtar por R$ 24 milhões), o Vitão, que jogou um jogo (e também foi vendido ao Shakhtar). Eles vão ter também a oportunidade, mas jogo ao outro lado ao mesmo tempo. Tem tanto apelo, que a torcida jogue junto. Damos tanta paciência a jogadores que chegam, como aposta ou conhecidos, e a gente deixa eles se adaptarem. Que eles joguem juntos então. É um patrimônio, a maioria dos jogadores está aqui desde cedo. O júnior jogou em mais de 40 partidas ao vivo na TV, é bom para a marca, patrocinador, material esportivo. Eles estão preparados, porque trabalhamos para esta pressão.
Muito se fala de que a geração de 2002, com Veron, Gabriel Silva, é a melhor destas recentes do Palmeiras. Você concorda?
Esta geração fez a base da Seleção Brasileira, no Sul-Americano tínhamos sete atletas, o Gabriel Silva já é titular no time sub-20. É uma geração de bons talentos, mas a geração de 2000 com Luan, Vitão, Gabriel Menino, Esteves. Mas é uma geração forte, que chamou a atenção por ser uma equipe com muitos jogadores de Seleção, conquistou muitos títulos, é uma geração forte. Mas gosto muito da geração 2004, uma geração muito técnica, muito capacitada. Desde que eu trabalho no Vitória, as gerações ímpares são mais competitivas, e as gerações pares são mais técnicas. E quando elas se misturam um completa o outro. Digo no país isto.
O Luxemburgo disse que dará espaço para a base e já se reuniu com você para tratar sobre o assunto. Como foi a conversa?
Já me perguntaram se ele está com este tesão todo? Muito. Não foi ele me perguntar dos meninos, foi ele falando dos meninos. Ele estava falando como eram os meninos do sub-20 e eu acrescentava por ter mais tempo. Que cultivamos isso, por isso temos atletas de lado de campo com a possibilidade de estar no profissional e todos com mercado. Angulo já teve proposta boa depois da Copa do Mundo pela Colômbia, Wesley tem, e Veron nem se fala. Estou falando de jogadores que não é fácil fazer no mercado, mas temos como escola e casa com o que o Palmeiras quer, necessita, e Luxemburgo gosta. Não à toa o grande ídolo é Dudu por ter este recurso. O um contra um pegou, vai. Errou, deixa. O sistema defensivo vai estar preparado, mas é ali que vai decidir e vai se ter os destaques.
Esteves, Gabriel Menino, Alan e Veron estão inscritos na Copinha, mas inicialmente não vão jogar. Quais os planos de vocês para esta competição?
A gente entra sempre para ser protagonista e acreditamos em nossas categorias, mas o maior passo precisaria ser usar os meninos no profissional em vez da Copinha. Ou ir para o Sul-Americano com sete convocados. Isto é importante para a marca do Palmeiras. A Copinha tem tradição, mas se comparar com Brasileiro, Copa do Brasil, em que você joga no Maracanã, no Allianz Parque, é uma rotina de profissional. Não é um jogo que pode acontecer de chover no primeiro jogo e acabou meu campo e não teve mais jogo durante a competição toda, como foi ano passado. Prezamos muito mais por uma competição mais parecida com o profissional. Sem tirar encantamento, sabendo que vamos entrar para vencer, mas sem uma obsessão de vencer a qualquer custo. É uma consequência. Como foram todos.
A principal mudança que se espera para 2020 é a construção do hotel para os atletas em Guarulhos?
A estrutura ainda é a mesma na base, ainda estamos em Guarulhos, morando em outro lugar. A preocupação do presidente é ter um alojamento, um hotel e ter um CT completo, nível Palmeiras de hoje. Já está batido pelo departamento de obras, o desenho, e a partir do ano que vem (2020) começam as obras do hotel e até o final do mandato do presidente (fim de 2021) com certeza será lançada uma coisa de nível Palmeiras, para mostrar que é um dos maiores clubes do Brasil e do mundo. Queremos ser como é no CT do profissional e no Allianz Parque.
O restante da estrutura lhe satisfaz?
Tudo tranquilo, nos atende bem, mas quando você enxerga, preciso melhorar algumas coisas e vai acontecer. Os campos nos atendem. Eu vim de uma estrutura menor e nada disso funciona se você não tiver bons profissionais. Qual a diferença? Os bons profissionais, eles trazem os melhores jogadores, trabalham eles melhor. Pode ter a melhor estrutura, 30 campos, ter tudo, mas sem bons profissionais não faz diferença. O Vitória tinha só um campo para todos as categorias, mas sempre teve muita gente que faz a diferença, que fazem os jogadores, a captação, os treinadores. Esta é a diferença na base e a diferença no Palmeiras, também.
Está nos planos ter um campo sintético em Guarulhos?
Sim. Já estava avaliado para começar a ter um campo sintético, não conseguimos antes até pelo planejamento do hotel. Neste processo deve ter um sintético, até pela mudança que terá aqui no CT e no Allianz. Não será igual, até porque o campo sintético da Academia a base poderá usar para se adaptar ao Allianz.
Com este processo de mudança do campo, será mais difícil ver os times de base jogando no Allianz Parque?
Eu acho que o Allianz não será mais tão difícil, porque o problema era o campo. No sintético não tem porque dizer que vai estragar o campo, dá até para fazer preliminar (risos). A gente não vai ter mais esta desculpa e vai ser mais fácil, melhor para o torcedor. Vamos ver o que vai acontecer no Pacaembu, mas na nova estrutura de Guarulhos vai ter um mini-estádio para fazermos jogos lá da Copa do Brasil, Brasileiro, como acontece no Parque São Jorge, em Cotia. Vai acontecer em Guarulhos também.
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