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Sem ‘tesão’ pela política do Palmeiras, Nobre aponta desrespeito da Crefisa

Ex-presidente renunciou à função de conselheiro, viu 'palhaçada' na sindicância aberta contra ele pela proposta de patrocínio da Blackstar e se diz decepcionado com Galiotte

Paulo Nobre
imagem cameraPaulo Nobre renunciou a cargo no Conselho do Palmeiras e se diz decepcionado com Galiotte (Reprodução/TV Gazeta)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 08/09/2019
22:54
Atualizado em 09/09/2019
08:31

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Presidente do Palmeiras entre 2013 e 2016, saindo da Série B para ser campeão brasileiro e da Copa do Brasil, Paulo Nobre abriu mão da função de conselheiro do clube por estar decepcionado com a política alviverde, especialmente Maurício Galiotte, que era seu vice-presidente e comanda o Verdão nos últimos três anos. O ex-presidente ainda falou em falta de educação de Leila Pereira e José Roberto Lamacchia, conselheiros e proprietários da Crefisa e da Faculdade das Américas, principais patrocinadores da equipe.

- Durante os dois anos em que convivi com esse casal, tiveram algumas situações extremamente desagradáveis, deselegantes, de uma má educação muito grande com o clube. Não externei porque tratei tudo internamente. Sempre defendo o Palmeiras. O marido dela (Lamacchia) tem uma maneira de ser, talvez pela quantidade de dinheiro que tem e o tipo de negócio que toca, e está acostumado a chegar dando ordem, mandando. Lá no Palmeiras, não foi assim. Comigo na presidência, não seria assim nunca. Patrocinador não é co-gestor - disse Nobre, à TV Gazeta.

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A discordância pelo crescimento político do casal detentor da Crefisa foi o principal motivo para a cisão de Galiotte e Nobre. O afastamento chegou ao ponto de o ex-presidente deixar até de ser conselheiro, uma consequência que começou quando ele ficou fora da equipe montada para o primeiro mandato de Galiotte, entre 2017 e 2018.

- Fiquei extremamente decepcionado com os rumos da política do Palmeiras. Imaginei que eu seria naturalmente o braço direito do meu sucessor, como ele foi o meu grande braço direito durante quatro anos. Se preferiu me deixar fora, é claro que dói, mas é uma opção dele. Eu estava com uma imagem muito forte, mas jamais tentaria ofuscá-lo - comentou Nobre.

- Aí vem a confiança da pessoa com quem convivi por quatro anos, e não só no clube. Nossas famílias eram muito amigas, todos os feriados juntos. Havia uma confiança no caráter da pessoa, no amigo de verdade que sempre fui. Ele me decepcionou demais porque sempre tivemos uma filosofia de trabalho em que o certo é certo e o errado é errado, sem meio termo, mas vi tudo sendo trabalhado como em gestões anteriores, que tanto criticamos, com políticas que jogaram o Palmeiras na lama, na segunda divisão e sem dinheiro para pagar luz e água. Achei que era um grande amigo meu. É uma das pessoas com quem mais me decepcionei na vida.

Mesmo afastado, Nobre volta a chamar atenção na política no final do ano passado, quando apresentou ao clube o empresário Rubnei Quícoli, que dizia ter uma proposta de patrocínio de uma empresa estrangeira chamada Blackstar, disposta a pagar R$ 1 bilhão em um contrato de dez anos. Galiotte informou que as garantias financeiras dadas pela empresa eram falsas, encerrou a negociação e Nobre foi alvo de uma sindicância.

- Recebi uma convocação para uma sindicância, como se eu pudesse ter feito algo prejudicial ao clube. Depois de tudo que me matei por quatro anos. Milito desde 1997, são 22 anos, as pessoas estão cansadas de saber o meu caráter, minhas intenções, conviveram comigo mesmo tendo o cargo máximo no clube. Estou fora, sem caneta para assinar. Quem está no poder que faz isso. E fizeram essa palhaçada que foi essa sindicância. Achei extremamente ofensivo - afirmou Nobre, entristecido com a política do clube.

- Não sou babaca para renunciar à política e, depois, renunciar a própria renúncia. O futuro a Deus pertence, mas, hoje, não me imagino voltando a militar na política do clube. Mas jamais vou deixar de ajudar o clube em tudo que tiver ao meu alcance porque, sem Palmeiras, não há vida. Não vou mais aos jogos, mas assisto a todos. Se um dia tiver um presidente do clube com quem me alinhe, confie e precisar de uma ajuda minha, nunca vou negar. Mas perdi o tesão de militar na política do clube. Fiquei decepcionado com as pessoas - explicou.

- Para você ser muito religioso, acreditar muito em Deus, de fato, de verdade, não precisa ser o Papa. Para ser palmeirense, que é a coisa mais importante da minha vida, não preciso ser presidente, conselheiro nem sócio. Basta carregar o Palmeiras no coração. E garanto que não tem dinheiro, situação ou pessoa no mundo que vai tirar o Palmeiras de dentro do meu coração.

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