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Fã de sertanejo, Gómez se espelha em Arce e quer vida longa no Palmeiras

Por enquanto emprestado, zagueiro paraguaio já planeja continuar no Verdão, que deverá comprá-lo em breve. Ainda que há pouco tempo no Brasil, ele já se sente em casa

Gustavo Gómez
imagem cameraGustavo Gómez tem 22 jogos pelo Palmeiras e já fez três gols (Foto: Cesar Greco)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 03/03/2019
19:01
Atualizado em 04/03/2019
09:02

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Há pouco mais de sete meses, Gustavo Gómez pensava em deixar o Milan (ITA) diante das poucas oportunidades na equipe italiana. O zagueiro poderia ter continuado na Europa, em um clube menor, mas decidiu que precisava voltar a se destacar em um time campeão. Foi então que escolheu o Palmeiras, mesmo tendo sido procurado, também, por Boca Juniors (ARG) e Flamengo.

Ele viveu só a metade de seu período de empréstimo com o Verdão, mas o semestre na cidade de São Paulo (SP) foi suficiente para o paraguaio saber que deseja continuar por mais alguns anos por aqui. Já fã de música sertaneja e da vida no Brasil, o camisa 15 foi peça-chave na conquista do título brasileiro e ganhou a torcida alviverde.

Em entrevista ao LANCE!, Gómez contou como conseguiu adaptar-se tão rapidamente - muito mérito do elenco alviverde e da estrutura dada na Academia de Futebol. Por isso, a vontade de criar uma história longa no Palmeiras, inclusive inspirando-se no conterrâneo Chiqui Arce. O ex-lateral-direito jogou por cinco anos pelo Verdão, fez 241 jogos e conquistou cinco títulos: Copa do Brasil (1998), Mercosul (1998), Libertadores (1999), Rio-São Paulo (2000) e Copa dos Campeões (2000).

O desejo no clube não é diferente. A diretoria nem quis analisar a sondagem de um time mexicano, disposto a pagar R$ 75 milhões por Gustavo Gómez. Isto porque o contrato de empréstimo, válido até o meio deste ano, prevê obrigação de compra, caso o zagueiro atue em mais da metade dos jogos no período. O Verdão irá exercê-la e investirá ao fim do processo cerca de 6 milhões de euros (1,5 milhão pelo empréstimo, mais 4,5 milhões para comprá-lo), ou R$ 25,7 milhões.

- As conversas (do interesse mexicano) seguramente foram com meu representante, eu não me meto. Cheguei tem pouco tempo, há seis meses, não é momento de falar disso. Quero fazer o melhor para o Palmeiras me contratar, para ficar muito tempo aqui. Como todos sabem, no meu contrato está estipulada uma porcentagem de jogos (para ser comprado) e eu trabalho para que isto aconteça para seguir aqui no Palmeiras - afirmou Gómez.

O paraguaio deve ser titular nesta quarta-feira, quando o Verdão estreia na Libertadores, diante do Junior Barranquilla, na Colômbia. Ele falou sobre a expectativa em cima do torneio e muito mais. Confira abaixo a a entrevista exclusiva com o defensor palmeirense:

LANCE!: A que se deve uma identificação tão rápida ao Palmeiras, a ponto de nem se iniciar conversas com possíveis interessados de fora do Brasil?
Gustavo Gómez: Desde que cheguei, falei que a adaptação foi muito boa, graças aos companheiros, ao corpo técnico e ao clube, que dá tudo. Estou muito feliz pelo rendimento também, espero seguir neste caminho e dar o melhor sempre para o Palmeiras. É muito mais fácil a adaptação quando te tratam bem, o companheiro dá apoio nos treinos e nos jogos. A estrutura do Palmeiras é muito boa e isto ajuda. Por isso agradeço tanto.

- O que você já sabia do Palmeiras quando começou a negociar e o que surpreendeu quando chegou?
Antes de vir, sabia que passaram paraguaios como o Arce, um jogador histórico, e também antes de vir eu falei com Lucas Barrios, que falou o que era o clube e isto facilitou minha chegada. O Alexandre (Mattos, diretor de futebol) me deu toda confiança para vir, também, e a verdade é que estou muito contente de tomar a decisão (de fechar com o Palmeiras).

- Muitos veem semelhança no seu estilo de jogo e do Gamarra. Você concorda?
Obviamente fico contente por me compararem a um jogador como o Gamarra. Fez uma grande carreira, mas eu sempre digo que quero fazer minha história, minha carreira, e o Paraguai tem outros defensores históricos como Paulo da Silva, Celso Ayala, que também foram grandes.

- Uma de suas maiores qualidades no Palmeiras é a capacidade de sair para dar o bote nos atacantes. É um pedido de Felipão para você?
Sim, ele trabalha muito a parte defensiva, por isso o Palmeiras joga tão bem defensivamente. Ele pede que um zagueiro acompanhe o atacante e o outro fique na sobra, não gosta tanto que jogue em linha e estamos fazendo bem. Obviamente nos adaptamos a cada técnico, a cada equipe e faço o que o técnico me pede.

- Você jogou praticamente só com Luan no Palmeiras e agora atuará com outro defensor, por conta da lesão dele. O que muda?
O Luan é um jogador jovem, mas já com muita experiência e facilita jogar com ele. Nos entendemos bem, fizemos grandes partidas e tomara que se recupere logo para o ter em breve conosco. Nos treinos nós também atuamos com Dracena, Antônio Carlos, o profe Felipão muda muito nos treinos e no próximo jogo veremos quem vai jogar. Se for com um dos dois, estarei encantado.

- O que esperar do Junior Barranquilla nesta estreia de Libertadores?
O profe está falando da equipe do Junior, sabemos que sempre joga a Libertadores, é um time rápido, que em Barranquilla, com o clima, vai ser difícil, mas o grupo está preparado para atuar da melhor maneira.

- Ano passado o Palmeiras ficou a um jogo de chegar à final da Libertadores. Como encarar a competição neste ano?
É um torneio sempre complicado, na fase de grupos precisa sair bem, tratar de classificar, fazer bons jogos e ver como vai chegar na fase final. Ano passado estivemos perto e o grupo está preparado para disputar a Libertadores.

- Outro torneio importante para você neste ano é a Copa América. Juan Carlos Osorio saiu recentemente da seleção paraguaia, e o Eduardo Berrizzo assumiu. Qual a expectativa de vocês?
Sonhamos fazer uma boa Copa América, é um sentimento entre todos. Temos um time jovem, que já está há bastante tempo juntos. Será um grande desafio, vamos ter amistosos em março, conheceremos o novo corpo técnico e tomara que dê certo, que possamos nos adaptar ao novo estilo de jogo e chegar bem na Copa América.

- O que aprendeu no pouco tempo que conviveu com Osorio?
Como todos sabem, Osorio é um treinador muito bom, de nível mundial. Infelizmente saiu, mas o futebol é assim, no pouco tempo que estivemos juntos foi um técnico que gostava muito de sair jogando, de um time vertical. Agora teremos outro projeto, mas vamos ter nossa cabeça no Paraguai, adaptar o sistema de jogo e fazer uma boa Copa América.

- O quanto mudava para você na forma de jogo de Osorio e na que Felipão pede aqui no Palmeiras?
Já tive muitos técnicos na carreira e você precisa se adaptar ao que pedem. Cada um tem sua característica, mas eu me sinto muito bem e identificado como joga o Felipão e com o que tem de fazer o defensor com ele. Se tem possibilidade de sair jogando, ele pede para que a gente saia jogando. É também minha característica, creio que estou cumprindo.

- E quanto à sua vida no Brasil, já se considera adaptado? O que gosta de fazer?
Estou casado, tenho uma filha, vivo perto do CT. No Brasil tem muitos jogos, é de casa para o clube, e do clube para casa. Quando estou de folga, levo minha filha à escola. Aproveito muito, sou um homem de família.

- Em pouco tempo você se entrosou com o elenco, aparece muitas vezes brincando, até com alguns cortes de cabelo diferentes. De onde veio a ideia de primeiro descolorir e agora de voltar ao tradicional?
Falando com os companheiros, eu gosto de mudar o estilo e era para isso, um estilo de verão. Já passou e agora tenho outro corte mais normal (risos).

- O que você mais gosta no Brasil?
A música. Eu gosto muito, é o que aproveito bastante, porque tem muitos estilos diferentes e aproveitamos. Eu gosto de vários cantores, Felipe Araújo, Gusttavo Lima, gosto de música sertaneja, que vamos ouvindo no vestiário. Com a tecnologia aprendemos pelo Spotify tudo que escutam no Brasil. A comida não é muito diferente da paraguaia, mas também me chama a atenção.

- Aos 25 anos, você foi campeão por todos os clubes que passou, Libertad (PAR), Lanús (ARG), Milan (ITA) e agora Palmeiras. O que almeja na carreira?
Estou fazendo uma boa carreira, pessoalmente, sou abençoado, tive realmente a possibilidade de ser campeão em todos os times que joguei. Estive na Liga Argentina, fui para a Europa, aprendi muito em uma grande equipe, com grandes jogadores. O desafio era sair do Milan e pelear por grandes coisas. Por isso decidi pelo Palmeiras. Poderia seguir na Europa por equipes menores, mas a minha intenção era ganhar coisas importantes, ser campeão. Estou feliz aqui no Palmeiras, quero continuar sendo campeão aqui. É o que quero, conquistar o Paulista, Brasileirão, Copa do Brasil... todos.

- Aproximar-se do que Arce conseguiu no Palmeiras é um exemplo?
Sim, é a ideia. Como disse, estou bem feliz aqui, quero seguir ganhando títulos, porque o clube merece, por como está, pelo que dá, e espero que siga assim.

- Em seus 22 jogos pelo Palmeiras, o time não sofreu gols em 14 deles. Você acompanha estes números, influenciam no seu trabalho?
É um orgulho, o defensor tem que defender, se possível deixar sempre o gol sem ser vazado. Creio que defensivamente a equipe está bem e esperamos continuar assim.

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