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Dívidas trabalhistas comprometem gestão, dizem conselheiros da Lusa

Alexandre Barros e Luís Antônio Ferreira Marcos criticam decisões da atual diretoria e dizem que Portuguesa precisa recuperar prestígio para poder ‘sobreviver’

Luís Antônio e Alexandre Barros, conselheiros da Portuguesa (Foto: Melissa Gargalis)
imagem cameraLuís Antônio e Alexandre Barros, conselheiros da Portuguesa (Foto: Melissa Gargalis)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 30/07/2016
10:10

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Nona colocada do Grupo B, com oito pontos, a Portuguesa recebe o Mogi Mirim, neste sábado, às 19h, no Canindé, para tentar voltar a vencer e se afastar da zona do rebaixamento para a Quarta Divisão do Campeonato Brasileiro. Além da pressão dentro de campo, o clube tem que concentrar-se na situação fora dele. Ao LANCE!, Alexandre Barros, conselheiro da Lusa, disparou contra a atual gestão no que diz respeito às dividas trabalhistas acumuladas ao longo dos anos.

- O problema é a má administração. As ações trabalhistas estão distribuídas em várias varas já condenadas. A Justiça Federal do Trabalho bloqueou todas as arrecadações do clube, mas por que até hoje ninguém se preocupou em unificar tudo isso em Brasília? Tem clube que paga uma porcentagem de sua arrecadação para sanar parte das dívidas. Podia-se fazer o mesmo e evitar que toda a receita seja bloqueada. Ajudaria a sobrevivência do clube - disse.

Perguntado se a ideia chegou à atual gestão, Alexandre explica:

- No clube há inúmeros grandes advogados. O atual presidente da Portuguesa foi juiz. Vai me dizer que ele não sabe como proceder? – questionou.

A reportagem do LANCE! buscou o contato com o atual presidente, José Luiz F. de Almeida, mas não obteve resposta.

Durante a entrevista, Alexandre esteve acompanhando do também conselheiro Luís Antônio Ferreira Marcos. Os dois comentaram sobre assuntos polêmicos que cercam a Portuguesa, como a situação do terreno, o possível leilão de parte de área do clube e de medidas que podem ser aplicadas para que o tradicional time de São Paulo consiga se recuperar.

BATE-BOLA –  Alexandre Barros  (Conselheiro da Portuguesa)

Qual é o maior problema da Portuguesa?
- Tem muita coisa errada. Todos os clubes têm problemas políticos, mas o maior problema são as administrações. Quando assumem o poder, as pessoas esquecem que elas são representantes de todos. Muitos querem se beneficiar politicamente e financeiramente. Tem muita vaidade. Existem dirigentes que fizeram parte da maioria das gestões e continuam em outras gestões de candidatos de oposição para manter um lugar lá dentro. Não são poucos, há um ciclo vicioso. Muda-se o bolo, mas as moscas são sempre as mesmas.

- Ultimamente temos visto presidentes que assumem falando que não sabiam que as coisas estavam desse jeito, não sabiam que a Portuguesa estava nessa condição. Como não? Para você ser candidato à presidência, você tem que ter no mínimo sete anos de conselho. 

Sobre a questão do terreno da Portuguesa, já que cerca de 45% dele pertence ao clube e 55% à Prefeitura, como analisa este possível leilão dos 45%, que estão penhorados, por conta de dívidas não pagas?
- A Portuguesa corre o risco de ser leiloada a qualquer momento. Existe uma área do próprio clube, que está penhorada por ações trabalhistas pela Gislaine Nunes, que é a advogada que entrou com ações da maioria dos atletas. Ela fez um acordo na gestão do Manuel da Lupa para ser pago em torno de 300 mil reais por mês. Dentro da gestão dele foram cumpridos esses pagamentos, mas na gestão Ilídio Lico, o departamento jurídico que teve o Dr. Luiz Ferreira de Almeida, hoje como presidente, disse que a Portuguesa não tinha condição de pagar e não pagou.

- Dentro do acordo, foi dada a área da Portuguesa como garantia. Ela solicitou a área como pagamento da dívida. Por que nunca foi feito uma revisão nesse acordo com ela? O acordo foi mais de 60 milhões para serem pagos em 18 anos. Foi pago durante algum tempo. Esse acordo foi um preço exorbitante, não poderia ser revisto? Eu não digo deixar de pagar, isso não poderia acontecer nunca.

A atual gestão indicou alguma solução para evitar este leilão?
- Eles apontaram cinco propostas para a compra da área através de investidores. Existem propostas de empresas multinacionais que estão caminhando para que haja uma parceria com a Portuguesa, ou seja, a modernização da área. Construção de arena, de shopping, de hotel, de torres e que diminua a área associativa do clube para que possa render e todas as dívidas serem pagas desta forma. Mas quais são as propostas? Quais são as empresas? Eu, como conselheiro, não tenho esse conhecimento. O COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) também não, muito menos o torcedor.

Então não foram apresentados os nomes das empresas?
- Nós temos um nome de uma empresa, que é a incorporadora Kaufman. Existe uma proposta da Kaufman para fazer uma estrutura dentro da área Canindé, assim seriam pagas todas as dívidas que a Portuguesa tem. Seria uma parceria e o clube vai viver com uma porcentagem disso, algo que é obscuro, afinal quem vai levar essa comissão? 

Questionou-se à atual gestão a possibilidade de tornarem-se públicas as informações sobre essas propostas?
- Quando você pergunta, respondem: isso é um projeto de confidencialidade, de segredo. A empresa não quer que divulgue o nome dela.

Como isso tudo afeta o futebol?
São cinco treinadores, mais de 50 jogadores, alguns membros de diretoria sendo trocados durante a temporada, além disso, os dirigentes não estão preparados para se assumir uma condição que a Portuguesa vive, então pela vaidade, pela caridade, as coisas não podem ir bem.

Luís Antônio Ferreira Marcos – Conselheiro da Portuguesa

Se o clube tem praticamente toda sua arrecadação penhorada, como pode pagar seus os funcionários? Como chegar a uma solução ao problema financeiro?
- Só esse ano, já foram contratados mais de 50 jogadores. Se o problema é financeiro, por que contrata tanto? O problema é a má administração, é a falta de planejamento. Nenhum clube aguenta. Hoje, na Portuguesa, o torcedor não conhece o time que entra em campo. Cada jogo é um time diferente, cada hora é um jogador dispensado, um contratado, que ninguém conhece. Não pode ser dessa forma.

Há possibilidade de recuperar a Portuguesa desta situação?
- Tem muitas formas para fazer isso. Você não pode menosprezar as pessoas que fizeram história no clube, que ajudaram durante todo esse tempo. Tem pessoas que têm mais de oitenta anos e ajudaram a Portuguesa durante toda a sua história e que têm condição de continuar ajudando com prestígio, a própria parte financeira. Tem que buscar esses parceiros que são da própria Portuguesa. Ano passado, teve mais de 40 patrocínios na camisa e muitos deles de padarias, supermercados, restaurantes...

Como recuperar o prestígio?
- Primeiro tem que organizar a Portuguesa. Ter um planejamento, iniciar pensando nos jogadores que vão disputar a Série B do Paulista no ano vem e acrescentar mais alguns ao elenco para a disputa da Série C, se agente conseguir permanecer. E um princípio básico: pagar salário. Se não pagar salário, não dá. Tem que pagar todo mundo. Desde o atleta até o faxineiro e o porteiro. Todos.

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