Lusitanos anseiam pela definição de SAF da Portuguesa: ‘É pela molecada’
Conselho Deliberativo da Lusa vai votar a proposta de SAF nesta quinta-feira (14)
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Nesta quinta-feira (14), o Conselho Deliberativo da Portuguesa votará uma proposta para o clube se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O projeto é formado por empresários da Tauá Partners, Revee e XP Investimentos. Caso aprovado, o plano inclui o investimento de R$ 1 bilhão na equipe paulista. Torcedores lusitanos estão ansiosos com a resolução.
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A oferta por 80% das ações da SAF prevê investimentos para sanar as dívidas da Portuguesa, avaliadas em R$ 450 milhões, uma reforma no estádio do Canindé, que custará R$ 500 milhões, e um aporte financeiro de R$ 263 milhões no futebol até 2029.
Na proposta, está estabelecido que a Tauá Partners será responsável pela gestão do futebol, a Revee cuidará das reformas e manutenção do Canindé e a XP Investimentos ficará a frente dos investimentos financeiros internos do clube.
Na próxima temporada, o clube vai disputar o Campeonato Paulista e a Série D do Campeonato Brasileiro. Caso aprovada, representantes da SAF começam a trabalhar já na próxima semana visando o planejamento para o torneio estadual, com um investimento de R$ 30 milhões já no próximo ano.
Antônio Castanheira, presidente da Lusa, vê a proposta como a única forma do clube rubro-verde se reestabelecer no cenário do futebol nacional.
– Eu não tenho dúvida disso. Eu sempre quis ver o futebol da Portuguesa isolado do clube. Foi uma vontade, eu persegui isso e chegou a hora. E eu espero que essa conjunção toda faça a Portuguesa voltar forte. A gente já está no Paulistão na Série A1, já é o terceiro ano, mas tem que voltar para Série A do Brasileiro. E mais ainda: melhorar as performances dela para os anos que vão seguir aí depois da SAF.
Uma luz no fim do túnel
Vice-campeã em 1996, a última vez que a Lusa disputou a primeira divisão do Campeonato Brasileiro foi em 2013. Naquele ano, o time foi rebaixado após perder pontos no tribunal desportivo devido à escalação irregular de Hevérton, jogador da equipe naquela campanha.
Desde então, a Portuguesa chegou a ficar sem divisão nacional e amargou, por anos, a disputa da Série A2 do Paulistão. Para os torcedores mais novos, o sofrimento da equipe coincide com a própria experiência como lusitano.
Pedro Augusto Carneiro Gomes, 26 anos, é um dos torcedores que acompanha a Portuguesa nos estádios, mas não conseguiu viver os tempos mais áureos da Lusa, como as equipes de Dener, no começo dos anos 90, e de Rodrigo Fabri em 1996.
- A SAF representa a única esperança que temos de ver o clube ser o que um já foi um dia. A Portuguesa sempre foi um clube que figurou entre os grandes, tanto no cenário estadual quanto nacional. Hoje, não dá para chamar o clube de quinta força de São Paulo.
Os torcedores estão acompanhando de perto cada passo da votação. Lusitanos de todas as idades comparecem ao Canindé durante a análise do projeto e cantam como se a equipe rubro-verde estivesse em campo. Para Pedro, o projeto de SAF é única forma do clube voltar aos tempos de glória.
- Essa nova geração de torcedores da Portuguesa, que assim como eu, não conseguiram ver os momentos de glória do time, nós sabemos que é a única opção de, pelo menos, ter a esperança de poder viver esses dias assim como meu avô viveu, meu pai viveu nas gerações dele.
Apoio com ressalvas
Marcus Vinicius da Silva Lopes, 33 anos, vê a SAF como uma das únicas opções para o renascimento da Lusa, mesmo com a desconfiança que o projeto possa oferecer. Membro dos Leões da Fabulosa, torcida organizada do clube, o lusitano mostrou preocupação com possíveis mudanças radicais na identidade do time.
- Eu confesso que nunca fui muito a favor de SAF, tenho várias queixas, talvez algumas possam fazer o clube perder a identidade, como o Bragantino, por exemplo. Entretanto, é a única saída, veja o exemplo do Botafogo. A Portuguesa tem má gestões desde a década de 1990 e a situação financeira está insustentável. Então mesmo sendo contra SAF, não há outro caminho.
Marcus Vinícus acompanha a Portuguesa por estádios ao redor do Brasil. Ele destaca que se aprovado, a SAF pode ser uma solução, mas que os lusitanos continuarão fiscalizando as ações da diretoria, assim como fazem com os atuais dirigentes.
- Mesmo que a gente apoie a iniciativa, a torcida sempre fica dividida, porque é uma esperança com uma certa cautela. Muita gente está animada de ver a Lusa renascer em campo, voltar a figurar entre os grandes, mas também há uma preocupação para que tudo seja feita com responsabilidade. É a única oportunidade no momento, mas não deixaremos de fiscalizar.
Pensando nos mais jovens
Alfredo de Jesus Fernandes, 63 anos, acompanha a Portuguesa desde que nasceu. O lusitano esteve presente inclusive na reinauguração do Canindé, em 1972, quando a equipe perdeu para o Benfica, de Portugal, por 3 a 1. Com tanta história nas arquibancadas, o torcedor confessa que não será fácil ver tantas mudanças no estádio
- Eu frequento a Portuguesa desde que nasci, meu primeiro jogo no estádio foi quando eu tinha cinco anos. Sobre a mudança para a SAF, se você pensar naquela nostalgia, do estádio como é, o pedacinho que você gosta, eu que frequento tenho até um pouco de ciúmes, mas eu sou favorável a SAF, porque não há outra maneira.
Alfredo que viu Éneas, craque da década 1970, e também vibrou com o time finalista do Campeonato Brasileiro em 1996, destaca que a esperança de reviver uma boa fase da Lusa não é importante só para ele, como também para os mais jovens.
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- Cara, é por mim também, mas poxa tem meu filho, duas netas, uma delas com cinco meses já foi ao estádio. Nos jogos da Portuguesa tem tanta molecada, então acho que é por eles, quero que eles consigam ver pelo menos um pouco do que eu já vi.
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