De pai para filho: Parceiro de Dener e seu filho buscam o tri da Copinha para a Portuguesa

O time da Portuguesa campeão da Copa São Paulo de 1991 está mais vivo do que nunca na memória do torcedor. A esperança de reeditar a histórica campanha de nove vitórias em nove jogos, 32 gols marcados e apenas sete sofridos nunca esteve tão grande.

Isto porque no banco de reservas estará um dos destaques daquela máquina de fazer gols. Tico, companheiro de Dener no ataque e autor de nove gols naquela edição, será o treinador da equipe que inicia em 3 de janeiro a jornada rumo ao tri da Copinha. Como se o nome do comandante já não bastasse para empolgar, Tico terá a companhia de seu filho, Tico Júnior, para repetir seu desempenho.

Com 19 anos, Tico Júnior foi aprovado nos testes da Lusa sem quase ninguém saber quem era seu pai. Tico, comandando à época categoria diferente, fez questão de esconder, e ainda foi contra a chegada do jovem meia aos juniores do clube. No primeiro ano em que pai e filho trabalham juntos, como treinador e jogador, o ex-atacante promete não dar mole ao filho.

- Nunca fui a favor de ele vir para cá para evitar comparações. Não queria que ninguém soubesse. Aqui sou treinador, e não pai. Se tiver que tirar, vou fazer isso, mas do portão para fora sou pai. Aqui ele é igual aos outros e tratado da mesma forma ou até pior, porque há cobrança em cima dele e de mim - explica o comandante Tico, ao LANCE!. 

Júnior já foi chamado até para treinar com os profissionais da Lusa junto com o técnico Estevam Soares. Apesar da rigidez, Tico reconhece as qualidades de seu filho.

- Ele tem habilidade muito boa e já mostrou que tem condições. Teve um atraso por ter entrado tarde na base, mas tem provado que merece estar aqui - orgulha-se.

Inspirado nos feitos do pai, Tico Júnior será o responsável por trazer a história para o presente. Com as semelhanças, sonha em conquistar o tricampeonato.

- Todos falam que corro igual a ele até no movimento dos braços (risos). O título seria gratificante.

Confira um bate-bola exclusivo com Tico, técnico da Lusa:

Como tem sido esta experiência como treinador da Portuguesa?
Ter história como atleta é uma coisa, como treinador é outra. Passei do sub-13 para o 17, e do sub-17 para o sub-20. Acreditei nesses moleques. Estou realizando um sonho. Ter jogado e depois ter a oportunidade de ser treinador é uma felicidade imensa que estou passando, momento único. Sonho alto, quero chegar ao mesmo feito como treinador agora.

Seu filho consegue separar o Tico pai do Tico treinador?
Ele entende pela educação que teve. Aqui ele está tendo que assimilar os momentos de atleta com os momentos de filho. Ele está aprendendo, tenho a fala calma, mas sou rigoroso em relação ao futebol. Ele tem algumas coisas que não me agradam e pego mais no pé, mas tento dar conselho até fora daqui. Ele está assimilando bem a situação.

Teme ouvir em alguma vez que o Júnior joga só por ser seu filho?
Ele não jogou como titular comigo nenhuma vez, quando merecer vai jogar. Ele entrou alguns minutos e foi bem. Procuro conversar com minha comissão técnica e analisar. Procuro até deixar de orientá-lo e deixar outro da comissão para fazer isso.

O caminho para a Portuguesa se reerguer é apostar na base?
O Santos é exemplo disso. Não adianta cobrar título na base e não revelar. O Santos todo ano tem jogador que sobe, vira titular e dá continuidade ao trabalho. Torcida do Santos não cobra, deixa à vontade. Tudo que é bom tem que ser copiado. Portuguesa sempre revelou, tem que voltar a fazer isso.

Acha que algum time consiga repetir o desempenho de 1991?
Até agora não teve, foi uma equipe que ganhou todos os jogos e meteu 4 a 0 na final. Não sei se vão, mas os recordes estão aí para quebrarem.