Como as medalhas de Rafaela, Diego e Poliana podem salvar pacientes diagnosticados com depressão

Judoca, ginasta e nadadora tiveram de superar o distúrbio para chegar ao pódio na Rio-2016 e agora podem servir de exemplo de superação para ajudar outros pacientes

imagem camera(Foto: AFP/BEN STANSALL)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 17/08/2016
20:54
Atualizado em 18/08/2016
06:50
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Rafaela Silva, Diego Hypolito e Poliana Okimoto. Além das medalhas conquistadas na Rio-2016, a judoca, o ginasta e a nadadora têm ao menos mais uma semelhança: superaram diagnósticos de depressão nos últimos anos para chegar ao pódio no evento esportivo mais importante do planeta. E, mais do que isso, podem agora servir de inspiração – e salvação – para pacientes que sofram do distúrbio.

Antes de mais nada, é importante enfatizar que depressão não é "frescura". Sintetizado em baixa autoestima, perda de interesse em muitas atividades e dores sem motivo aparente, o transtorno leva ao suicídio até 7% dos adultos diagnosticados, de acordo com estudo publicado em 2014 pela Universidade de Oxford, dos Estados Unidos.

– Sempre que um atleta é confrontado com desafios, ele acaba sofrendo um bloqueio. Para superar as provas, tem de impedir que os acontecimentos ruins voltem à tona – explica Vinícius Hirota, professor de educação física com ênfase em desenvolvimento humano.

'A depressão ameaça não só a carreira esportiva mas a própria vida da pessoa', diz psicólogo esportivo

E bloqueios dos mais diversos foram superados por Rafaela, Diego e Poliana nos Jogos Olímpicos. A judoca, vítima de ataques covardes nas redes sociais após ser derrotada em Londres-2012, se afastou dos tatames já que só conseguia chorar ao pensar em judô. O ginasta foi demitido do Flamengo depois de falhar nos Jogos de Pequim-2008 e Londres, perdeu dez quilos e chegou a ser hospitalizado por conta de seu estado de ansiedade elevada. A nadadora, que abandonou a maratona aquática em 2012 porque teve de ser levada ao hospital com quadro de hipotermia, cogitou encerrar sua carreira antes da Rio-2016.

– A depressão ameaça não só a carreira esportiva mas a própria vida da pessoa. Dar a volta por cima em um processo como esse e voltar a desempenhar em alto nível com certeza é algo para ser valorizado muito – analisa Eduardo Cillo, psicólogo esportivo.

Rafaela Silva foi ouro na Rio-2016 (Foto: AFP)

– Esse exemplo dos medalhistas é fantástico. Quantas medalhas foram concorridas em mais de 100 anos de Olimpíadas? Pouquíssimas comparadas ao número de competidores. Isso é uma história de superação, mostra que os atletas sofreram no dia a dia, treinaram, se dedicaram e aí o resultado foi positivo – aponta Hirota.

E o que são tais atletas senão pessoas dando a volta por cima em uma atividade na qual sentem prazer em praticar? É justamente nisso que pacientes diagnosticados com depressão podem se espelhar. Afinal, eles também são pessoas buscando superação.

– As medalhas desses atletas têm um valor muito grande para uma pessoa que está passando por dificuldade – diz Cillo, que complementa:

– O que mais emociona na história desses três é ver que o momento ruim ou o momento no qual não vemos saída ou esperança não é necessariamente o fim. É um momento. Se tiver paciência, cuidado, a gente pode sair dessa situação e voltar a ter momentos de felicidade plena na vida. Isso não só pára atletas, mas para quaisquer pessoas. Isso é emocionante, dá esperança.

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