Tive um sentimento duplo após a comemoração de Marcio Teles, ao ver Mahau Suguimati obter uma vaga nas semifinais dos 400 metros com barreiras, na segunda-feira, no Engenhão. Fiquei emocionado com a demonstração de união da equipe brasileira de atletismo, mas, ao mesmo tempo, senti uma nostalgia enorme.
Lembro do tempo em que comprava os jornais e ia direto no caderno de esportes à procura do resultado das provas de Joaquim Cruz, Zequinha Barbosa, Robson Caetano, André Domingos, Adauto Domingues e tantos outros.
O atletismo é a principal modalidade esportiva dos Jogos Olímpicos. O Brasil tem 67 representantes na Rio-2016, mas apenas Fabiana Murer, no salto com vara, não é uma coadjuvante. Ela realmente tem condições de brigar por um lugar no pódio, que aliás já deveria ter vindo desde Pequim-2008.
Os demais lutam com todas as suas forças para alcançar uma semifinal. Que coisa!
Mas a culpa, em quase sua totalidade, não é desses verdadeiros heróis, pois muito pouco é feito pelo atletismo neste país. Como pode o Brasil e seus mais de 200 milhões de habitantes não conseguir formar em sete anos – o Rio ganhou o direito de ser sede olímpica em 2009 – formar atletas capazes de pelo menos ficar entre os primeiros?
Não sei de quem é a culpa, mas já ficou provado que os talentos estão por aí, espalhados pelo nosso território. É só lembrar de José João da Silva, bicampeão da São Silvestre, que foi “pescado” por um diretor do clube Pinheiros por ser um garçom muito rápido.
Acho que falta boa vontade para que possamos, assim como Quênia e Etiópia, ter um bom atleta em alguma prova de novo. Não sei se Mahau Suguimati – que treina no Japão – vai conseguir uma vaga entre os oito finalistas. Mas pouco importa. Ele e os outros 66 já merecem uma medalha de ouro.