O início frustrante da Seleção olímpica na Rio-2016 teve mais um capítulo sem gols, desta vez com o empate diante do Iraque. No dia seguinte ao Brasil passar em branco novamente no Mané Garrincha, craques que já vestiram a "amarelinha" tentaram apontar algumas situações que levaram os comandados de Rogério Micale à situação delicada diante da Dinamarca.
Campeão do mundo de 1970 e colunista da "Folha de São Paulo", Tostão crê que a Seleção chegou debaixo de forte expectativa, que acabou prejudicando até mesmo os jovens:
- Os jovens chegaram à Olimpíada como "uma grande safra". Porém, atualmente qualquer país forma safra de bons jogadores, e o Brasil está com uma equipe muito próxima tecnicamente dos demais adversários. E para corresponder a esta expectativa toda, o time ficou muito apressado, confuso, nervoso, em busca do gol logo. Assim, qualquer rival mais organizado consegue parar - afirmou, ao LANCE!.
No entanto, o ex-jogador mantém a confiança em uma classificação brasileira e no título:
- O Brasil é o favorito pelo ouro, especialmente porque as outras seleções são fracas e não têm nada a ver com o principal. Mas tem de evitar esta correria.
Medalha de prata na Olimpíada de 1988, Geovani vê uma Seleção olímpica sem humildade. Aos seus olhos, o Brasil tem dificuldade para reconhecer quando não tem bom rendimento, e é pouco incisiva:
- Ninguém admite dizer para a imprensa que não jogou bem. Falta humildade para reconhecer que falta ao time ser incisivo e ter criatividade, em especial contra seleções razoáveis como o Iraque. Outra coisa: não acho o Brasil em um nível tão superior aos outros. À exceção de Neymar e um ou outro jogador, estamos no mesmo nível que os demais adversários. Por isto, temos de ser humildes - disse, ao L!.
Campeão do mundo em 1970, Piazza diz que a frustração no início do sonho olímpico de 2016 vai além das quatro linhas:
- O problema não é de agora. Vem acumulando com o fato da CBF ter constantes alterações que dão prejuízo à Seleção Brasileira. Com isto, os torcedores perderam a identificação com a Seleção, e as cobranças só aumentaram. Como as demais seleções conseguiram avançar e nós paramos no tempo?
O ex-jogador deposita suas fichas no início de trabalho com Tite:
- Acredito que ele esteja pensando uma forma de resgatar esta identificação e o futebol brasileiro voltar a ter uma "cara". Porque Brasil atualmente tem uma "síndrome de pânico" diante de sua torcida, no qual a cobrança, que sempre, ganhou uma proporção maior pelo distanciamento com o qual os jogadores ficam em relação aos torcedores.