O terceiro dia de competições da natação nos Jogos Olímpicos Rio-2016 terminou em constrangimento, o popular "climão". A final dos 100m peito feminina foi pano de fundo para momentos de choro, críticas diretas e incisivas, e uma enorme saia justa. As protagonistas da história foram a americana Lilly King e a russa Yulia Efimova, sendo que a torcida presente no Estádio Aquático também teve sua participação indireta.
O caso começou bem antes da Olimpíada. Efimova foi uma das mais de 100 atletas russas barradas inicialmente dos Jogos Rio-2016, devido à determinação do Comitê Olímpico Internacional (COI) em proibir que competidores com histórico de doping na carreira disputassem medalhas no Brasil. A medida foi tomada pela entidade devido às comprovações de que o governo russo promoveu um esquema que fraudava testes antidoping de atletas locais.
A nadadora de 24 anos ficou impedida de competir por 18 meses entre o final de 2013 e o começo de 2015 ao ser flagrada em exame antidoping, por uso do esteroide DHEA. E neste ano testou positivo novamente para meldonium. A russa pegou uma suspensão provisória em março, mas a decisão foi revertida posteriormente. Este histórico a colocava fora da Rio-2016. Mas ela recorreu à Corte Arbitral do Esporte (CAS) e ganhou a causa, na última quinta-feira. Assim, ficou livre para nadar no Rio. Ela recebeu o perdão das autoridades esportivas. Mas da torcida e das adversárias, não.
Nesta segunda-feira, Efimova foi bastante vaiada pelos torcedores presentes no Estádio Aquático ao entrar na piscina para a disputa da final dos 100m peito. O clima hostil, no entanto, não a abalou. A russa conquistou com a medalha de prata, com a marca de 1m05s50. As outras duas posições no pódio foram ocupadas por americanas. Lilly King faturou o ouro com o tempo de 1m04s93, e Katie Meili ficou com o bronze, com 1m05s69.
Ao receberem as láureas, os gestos hostis também começaram a vir das adversárias. Lilly quebrou o protocolo e não cumprimentou Efimova no pódio. Na entrevista coletiva, minutos depois, a troca de farpas e alfinetadas continuaram. Katie Meili permaneceu neutra. Mas Lilly King não poupou críticas. Sem qualquer ressentimento, "detonou" sua adversária nos microfones.
- Esta é a minha primeira Olimpíada e o meu primeiro ouro. Estou orgulhosa de competir pelos Estados Unidos e ser bem sucedida, sabendo que estou competindo limpa e fazendo o que eu sei o que é certo - falou King, em uma postura firme.
Enquanto isso, na mesma mesa, metros ao lado, Efimova chorava discretamente. Nas respostas, sua voz embargava, apesar dela dizer que estava feliz em competir na Olimpíada do Rio. Foram várias perguntas dos jornalistas sobre seu caso de doping e sua presença nos Jogos. Apesar de estar visivelmente incomodada, a russa encarou todas as questões.
- Agora estou muito feliz depois de tudo o que aconteceu comigo. Ainda estou aqui. Estou feliz em competir, e isto foi o melhor que eu pude fazer - contou Efimova, que completou depois.
- Foi muito difícil para mim nadar hoje, as últimas três semanas foram muito conturbadas - disse.