O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou nesta terça-feira que as finanças do município para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 não estão comprometidas, mesmo com os gastos recentes. Segundo ele, o custo da cidade para o megaevento foi de R$ 732 milhões, valor inexpressivo em sua avaliação. Ele pediu que as pessoas não relacionem os problemas financeiros do país e do estado ao empreendimento olímpico.
– Se era para alguém aqui estar quebrado por causa de Olimpíada, era a prefeitura, não o governo do estado – declarou Paes, antes de negar que a cidade esteja mais endividada por causa da Olimpíada.
– Não é verdade que o governo federal é quem mais está pagando pelos Jogos Olímpicos – disse em coletiva, no Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro.
Ele afirmou durante uma apresentação de dados para a imprensa nacional e estrangeira que 93,5% da execução de instalações esportivas dos Jogos, tirando a conta de energia elétrica, que cabe ao governo federal, foram responsabilidade da prefeitura.
A maior parte das instalações já foi entregue, mas grandes obras ainda preocupam, com destaque para o velódromo, no Parque Olímpico. A arena está 89% concluída. Neste sábado, será testada em um evento não oficial. Outra preocupação é a conclusão do trecho olímpico da Linha 4 do metrô. Sob responsabilidade do estado, o empreendimento precisa de um financiamento de quase R$ 1 bilhão, ainda não liberado pelo BNDES.
O prefeito destacou a boa avaliação da agência Moody's, segundo a qual o Rio tem a mais baixa taxa de endividamento de qualquer governo brasileiro já avaliado pela mesma.
– Temos de atentar para fatos e números em vez de ficar especulando – disse Paes.
– Para pararem de falar baboseira de que é muito dinheiro com a Olimpíada, de que o Brasil tem que se preocupar com saúde, educação, e não estádio. De 2009 a 2016, os gastos da prefeitura com educação foram de R$ 35,45 bilhões. Com saúde foram de R$ 29,5 bilhões, e apenas R$ 732 milhões com estádio. O gasto com estádio foi de 1% do que se gastou com saúde e educação – afirmou.
Ele voltou a negar que o custo do megaevento chegue ao valor oficial, de R$ 39,1 bilhões, obtido com a soma das obras essenciais da Matriz de Responsabilidades (R$ 7,07 bi), os empreendimentos de legado (R$ 24,6 bi) e recursos privados do Comitê Rio-2016 (R$ 7,4 bi).
Na avaliação do prefeito, a edição de Atlanta-1996, por ter sido a "Olimpíada da Coca-Cola", deve ter sido a única a receber mais recursos privados do que a carioca.
– Os Jogos custam na verdade R$ 7,07 bilhões (em referência apenas ao gasto da Matriz de Responsabilidades, que reúne os projetos essenciais, como arenas). A maior parte, 60%, com recursos privados – falou Paes.
O governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, decretou estado de calamidade pública na última sexta-feira com o objetivo de acelerar o repasse de recursos da União a tempo dos Jogos, sobretudo para o metrô.
– É justo que o governo federal ajude agora, porque não ajudou tanto assim no passado. É preciso deixar isso claro – afirmou Paes.