Por liberdade, cubano se naturaliza americano e vai a três finais no Rio

Após deixar seu país natal, Cuba, rumo aos Estados Unidos, ginasta Danell Leyva inicia nesta segunda a briga por sua primeira medalha olímpica, defendendo o time americano

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“Não sei o que é isso, mas eu quero fazer”. Essas foram as palavras ditas por Danell Leyva ao ter seu primeiro contato com vídeos de ginástica artística, aos quatro anos. Vinte anos depois, o caminho seguido e incentivado por seu pai, ex-ginasta, parece ter dado certo. Por que? Simples. O atleta disputa a partir desta segunda-feira a primeira de suas três finais na Olimpíada Rio-2016 pelos Estados Unidos.

Por equipes, os americanos buscam o ouro a partir das 16h. No dia 16, é a vez de Danell entrar no tablado para disputar as decisões nas barras paralelas e fixa.

Mas o caminho para chegar até o Rio de Janeiro não foi simples para o jovem de 24 anos. Aos 18 meses, precisou deixar seu país natal, Cuba. Questionado quanto ao porquê da escolha, o pai e treinador do atleta, Yin Alvarez, foi sucinto:

– Por que deixamos Cuba? Simples. Por liberdade! Deixamos Cuba pela terra da liberdade, os Estados Unidos, um lugar onde pudéssemos nos expressar e escolher o que queremos para a nossa vida. As pessoas dizem que esse é o “sonho americano”, mas, na verdade, é o sonho de qualquer ser humano: ser livre – comentou o técnico, ao LANCE!.

O filho, por sua vez, afirmou que nunca retornou ao país na América Central, e deseja fazer isso após a disputa dos Jogos Olímpicos no Rio.

Mas, talvez, Danell não precise viajar tanto para se sentir em casa. Recentemente, o ginasta decidiu aprender a falar português, a fim de se comunicar melhor com a população durante a Olimpíada.

As aulas foram feitas por meio de um arquivo de áudio, e o aprendizado foi feito inteiramente sozinho. Na época, entretanto, Leyva era apenas o reserva do time americano, e contou com a lesão de John Orozco para assumir um posto titular na equipe.

– Quis fazer isso para poder falar com o povo. Amo a cultura local e os brasileiros. Viemos aqui em janeiro e me senti em casa. Esse país é lindo. A atmosfera aqui é muito familiar para mim. Os brasileiros são muito semelhantes aos cubanos. Nós não temos algo que nos defina, somos diversos – comentou o ginasta.

Apesar da timidez aparente, Leyva respondeu às perguntas dos jornalistas por cerca de 20 minutos após sua participação na eliminatória. Agora, ele espera responder ainda mais e, de preferência, com uma medalha de ouro no peito.

Difícil de acreditar que ele possa alcançar isso? Bom, mais fácil deixar o próprio Danell respoder isso:

– Se nós não acreditarmos em nós mesmos, então quem irá?

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