Não é porque nasceu na Lituânia, país do Leste europeu, que Gintare Schmidt vai se sentir longe de casa na Olimpíada. Pelo contrário. Os Jogos Rio-2016 são especiais e tem um "gostinho" de casa. Afinal, ela é a "primeira-dama" da vela brasileira - casada com Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas, sendo dois ouros - e nesta edição Gintare ainda terá a honra de ser a porta-bandeira lituana, tendo papel de destaque na cerimônia de abertura no Maracanã.
- Eu falo português, conheço o time Brasil, muitos amigos sempre na torcida. Isso dá um sentimento bom, ter um time ao lado. Sempre que estou junto com Robert fico mais forte, dá sorte um para o outro - contou Gintare, de 33 anos, velejadora da classe Laser Radial, em entrevista ao LANCE!.
O sentimento de conforto durante os Jogos Olímpicos no Rio tem vários fatores. Apesar de terem residência fixa na Itália, Roberti e Gintare estão concentrados juntos na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, onde toda equipe brasileira da vela se juntou.
- Sempre velejamos ficando junto. Essa é a nossa força. Queria que na Olimpíada fosse assim também - disse ela.
Além disso, o filho mais velho do casal também veio ao Rio e vai assistir às competições. Para quem torcer? Para os pais, com certeza. Mas a definição do país ainda está incerta.
- O nosso filho maior está aqui, está esperando ver as nossas regatas, vai aos jogos de futebol, ele entende tudo, está na torcida. Vai ser muito bom ver os dois pais na olimpíada uma vez na vida. Mas ele está meio confuso. Vai ter jogo de Lituânia contra o Brasil no basquete. Perguntei: "Você vai querer ir?" Ele disse: "Ah, não sei.." - acrescentou Gintare, pontuando a dúvida na cabeça do menino.
Primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica para a Lituânia (prata em Pequim-2008) e campeã mundial (2012), Gintare recebeu das autoridades lituanas o privilégio de ser porta-bandeira. Ela, que interrompeu a carreira para ter filhos e se mostra lisonjeada com a honraria.
- Não era minha expectativa. Foi uma surpresa para mim, porque temos muitos bons atletas na Lituânia melhores do que eu. Mas é uma grande honra para mim, espero representar bem no país, unir todos os lituanos naquele momento. É uma grande responsabilidade - completou ela.
A velejadora lituana só é mais contundente quando o assunto é a água da Baía de Guanabara. A exemplo de outros competidores da modalidade, falar sobre o tema é visto como um incômodo.
- Já é tarde para falar sobre isso. Toda discussão já foi. Nenhum dos velejadores fala sobre isso. Esse problema não é para velejadores. Só esperamos que não tenha lixo no dia da regata, e não é nosso trabalho - completou.