O Flamengo não conseguiu o sonhado bicampeonato do Mundial de Clubes em cima do Liverpool, mas, com cerca de 15 mil rubro-negros, o clubes carimbou a sua marca em Doha. Disposta a festejar, a torcida contou com reforço de organizadas do Rio e de Embaixadas e Consulados da Nação mundo afora.
Teve de tudo em pouco na exploração à cidade. Até passeios de camelo, mas, na hora em que a concentração esquentava entre os rubro-negros no dia a dia, o local de preferência atendia por Souq Wafiq, um mercadão popular e uma das maiores atrações turísticas.
Por conta disso, a Fan Zone da Fifa, localizada no Doha Sports Park, chegou a ficar até em plano C, em dias de jogos para os brasileiros. Além de Souq Waqif, o Belgian Café, um bar no Hotel InterContinental, ficou à frente na predileção.
O LANCE! conversou com dezenas de torcedores ao longo da cobertura em Doha para entender o motivo da Fan Zone da Fifa ter sido escanteada. A maioria das opiniões convergiu para a longa distância: cerca de 23km para o Estádio Internacional Khalifa, palco das semifinais e final, e 18km para o Souq.
Com o pontapé inicial no dia 9 de dezembro, a Fan Zone contou atrações musicais, inclusive representando os países dos clubes do torneio, e campos sintéticos para partidas entre torcedores, além de food trucks variados. Mas foi quanto à bebida o principal chamariz: havia cerveja e vinho.
Cabe lembrar que bebida alcoólica tem consumo restrito no país. Apenas alguns hotéis e poucos bares podem comercializar a turistas.
- O único fator que tem me motivado a ir para a Fan Zone é a cerveja, que é mais em conta do que nos principais hotéis que vendem. Lá, compramos por algo em torno de R$ 30. Em hotel, por exemplo, já paguei 60. Pelo local em si, não creio que valha a pena, está vazio. Os flamenguistas não compraram o barulho - disse Ricardo Santana, natural de Angra dos Reis-RJ.
O L! visitou a Fan Zone na sexta-feira, véspera da final. Até aquele momento, o principal público tinha sido o de horas antes do jogo entre Liverpool e Monterrey, pelas semifinais. No acesso, sempre gratuito, 3.800 pessoas, aproximadamente, estiveram por lá. A capacidade máxima era de 5 mil, o que não foi alcançado em nenhum dia da competição - na final, o público foi de pouco mais de 4 mil, sendo o predomínio de moradores de Doha sem ingresso para o confronto entre Flamengo e Liverpool, no Khalifa.
A brasileira Rosane Silva, coordenadora dos voluntários (cerca de 1.400, ao todo), falou com a nossa reportagem a respeito da praça de entretenimento.
- Estamos trabalhando até 12 horas por dias. O maior público que tivemos, até a final, foi no primeiro jogo do Liverpool, quando pouco mais de 4 mil pessoas vieram, principalmente por aqui morarem 180 mil egípcios, todos torcendo pelo Salah. Nos dois primeiros (9 e 10) dias, choveu muito e interferiu na presença dos torcedores. Depois que o Flamengo se classificou para as semifinais, muitos vieram para cá também - falou, completando:
- Creio que a Fan Zone atrai por ser ser uma zona aberta, onde se pôde beber. Tivemos caso de pessoas que passaram do limite, mas possuíamos uma assistência médica incrível por aqui, assim como em todo o país. A oportunidade de encontros com pessoas de fora e do mesmo país, de norte a sul, como a chance de conhecer um cacique dos Tapajós que esteve conosco na última semana, é incrível, além de boas comidas e atrações musicais, inclusive com samba. Sem jogo, o melhor lugar para ficar.
De fato, houve ingredientes e espaço de sobra para o sucesso da Fan Zone, sobretudo pelos preços de comida e bebida serem acessíveis. Mas o público disposto a farrear, definitivamente, não aderiu ao "padrão Fifa" do local. Para a Copa de 2022, e até para o próximo Mundial, em 2020, adaptações em prol do esperado plano A para a reunião de todos os torcedores seriam bem-vindas.