ANÁLISE: Os problemas do Santos vão muito além da bola parada
Derrotas em clássicos podem deturpar análise do treinador - e aí mora o perigo
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Após a derrota por 3 a 1 no clássico diante do São Paulo, Odair Hellmann admitiu em entrevista coletiva que o Santos tem problemas na bola parada defensiva e precisa treinar mais esse momento do jogo. Como o próprio treinador tem repetido nas últimas semanas, a equipe está sendo construída durante o Paulistão, então falhas e instabilidades fazem parte do processo.
Ainda por cima, na mesma coletiva, o técnico afirmou que o problema das bolas paradas é resultado da característica dos jogadores: alguns são baixos, outros não tem 'imposição', nas palavras do próprio. Na teoria, então, tudo sob controle, apesar dos resultados: o treinador sabe o caminho para resolver os problemas do time, certo? Ou será que não?
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UMA OUTRA PERSPECTIVA
A pressão provocada pelas duas derrotas em clássicos em um intervalo de oito dias podem ter prejudicado a análise do comandante santista, de quem se espera diagnósticos precisos sobre os problemas da equipe. Dos onze gols sofridos pelo Peixe no estadual, cinco surgiram a partir de bolas paradas. No entanto, a distribuição destes gols ao longo dos jogos (ainda) não dá indícios de que há um problema.
De maneira prática: o primeiro gol tomado em bola parada veio na derrota diante do Guarani, pela segunda rodada do campeonato, quando Giovanni Augusto cobrou pênalti cometido por João Paulo, após trapalhada na saída de bola. De lá para cá, o Santos só voltou a sofrer gols de bola parada na derrota para o Palmeiras, quando sofreu dois gols em jogadas de escanteio. O clássico aconteceu na sexta rodada. Oito dias depois, no SAN-SÃO, mais dois gols em lances de bola parada, e novamente um gol de pênalti, marcado após jogada de escanteio.
Não parece, mas o Santos tem apenas oito partidas no ano. A amostra é minúscula para afirmar que há um problema crônico com a defesa em lances de faltas ou escanteios cruzados na área. O que também não significa que está tudo bem com a equipe. Em cada um desses gols sofridos, falhas individuais, ideias táticas contestáveis e uma pequena dose de instabilidade emocional impediram que a defesa terminasse os jogos sem ser vazada.
O escanteio que resultou no pênalti cobrado por Galoppo é um bom resumo disso tudo: o Santos realizava uma marcação por zona, à distância, que permite aos atacantes adversários ganhar impulso para o cabeceio. A escolha por uma marcação individual, mista ou zonal é do treinador. Essa é a parte que cabe a Odair, que tem ciência da sua responsabilidade, como afirmou na última coletiva, e deve ser questionado.
Quando Luciano cabeceou a bola, na altura da primeira trave, Lucas Pires cumpria sua função de proteger o espaço entre o goleiro e o poste. Até que, em um inexplicável apagão, o lateral-esquerdo colocou o braço na bola para evitar o gol. O cronômetro ainda marcava 20 minutos do primeiro tempo e o Santos tinha tomado o primeiro gol havia quatro minutos. Nada além de destempero explica a falha de Lucas.
E os exemplos se repetiram ao longo de todo o jogo, como na segunda expulsão santista, a de João Lucas, aos 10 do segundo tempo, ou até mesmo a emblemática cena de Ângelo segurando Odair , visivelmente irritado com a arbitragem, à beira do gramado após o jogo.
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Pelo terceiro ano consecutivo, o Peixe olha mais para a parte de baixo da tabela do que para um possível título. O técnico santista já revelou, após o empate com a Ferroviária, que a pressão acumulada dos últimos dois anos ainda atrapalha o ambiente no clube. Mais do que a estatura dos jogadores ou a 'imposição' física, o Alvinegro precisa se preocupar com o aspecto emocional de seu elenco e comissão técnica, além do ambiente do clube. Caso contrário, derrotas em clássicos e pressões externas continuarão influenciando nas análises de Odair - e esse pode ser o início de uma catástrofe para o Santos.
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