Dia de todos os Santos #3: A identidade alvinegra na Era Pelé

O fim da década de 50 trouxe consigo o início das maiores glórias ao Alvinegro Praiano, chegava ao Santos o Rei Pelé e toda a sua geração atemporal

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Para iniciar o terceiro texto da série “Dia de todos os Santos”, é  necessário admitir que foi preciso recorrer ao dicionário. A dúvida sobre o significado da palavra “era” gerou uma incógnita evidente ao título do texto, este que sintetiza o nome de um “período que começa com um fato histórico ou marcante”, segundo uma das definições do léxico.

Edson Arantes do Nascimento dá o nome, através do seu apelido, ao maior momento da história santista, mas carrega em si um imenso questionamento: quem é maior, o criador ou a criatura?

Para o advogado e professor universitário, Gilson Ildefonso de Oliveira, 61, que viu o Rei jogar, apenas ele foi capaz de quebrar a via de regra.

– O criador sempre será maior do que a criatura, regra geral. Mas, no caso do Pelé, a conversa é outra. O Santos FC é o que é por causa do Pelé – disse.

Uma geração gigante pela própria natureza, não teria o impávido colosso se não fosse Edson, entende?!

– O Rei do Brasil, o monarca brasileiro, o maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé foi realmente fora de série. É aquele desportista que conseguiu colocar o nome do Brasil no exterior. O Brasil passou a ser mais conhecido graças a esse grande jogador de futebol – citou o professor e historiador Adílson Lemes.

Realmente, é a chegada do menino de Três Corações-MG ao Santos que cumpre a profecia da bola, uma ordem do destino. O Peixe nasceu para ter o DNA ofensivo e isso só se confirmou quando teve em seu plantel o atacante mais encantador da história do esporte bretão.

Pelé, então, reescreveu o futebol como quem invetara o esporte e o apresentava ao Universo de um jeito tão seu que ninguém mais quis saber dele de outra forma. Quietinho, o mineiro faz-se presente com sua áurea em toda bola rolando até hoje, dos Teatros dos Sonhos às peladas de esquina. Saudações a Vossa Majestade, de uma realeza que só conseguiria ser tão bem acolhida por um time santificado pelo próprio nome.

Os 'mais dez'

Gylmar; Mauro, Dalmo, Lima, Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe eram muito mais do que os demais. Com eles, o Santos tinha o time a ser batido. Com o cetro na mão, o Rei possuia ao seu lado companheiros que faziam jus a sua Majestade e garantiam o seu nível Pelé.

– Coutinho era um jogador excepcional, muito inteligente e fez uma dupla perfeita com o Pelé. O Santos tinha dois pontas rápidos, o Dorval pela direita e o Pepe pela esquerda, o Pepe que chutava muito bem, o Dorval também fazia muitos gols, fez 198 gols com a camisa do Santos. Tinha o Zito no meio campo, que tinha uma garra impressionante. Tinha o Jair, que depois foi substituído pelo Mengálvio – afirma o jornalista a historiador Odir Cunha.

E como todas as equipes têm o seu momento mágico, marcante, a era que carrega o nome do Rei foi a mais representativa ao Santos de todos os craques. Removê-la da história alvinegra seria, então, de irremediável injustiça, mas não só com o clube e, sim, com o futebol como um todo.

– Se você tira a principal década de vitórias e conquistas do Santos e não deixa nenhum título, você tira tudo. É o período mais vitorioso do Santos. Todos os clubes tiveram o seu período mais vitorioso. Se você pegar todos os clubes e tirar o período mais vitorioso é óbvio que o clube vai perder um pouco da sua importância – disse Gabriel Santana, historiador do Centro de Memórias do Santos FC.

Colocar Santos e Pelé em uma balança é completamente desnecessário, pois não é de possível medida. Eles nunca se embatem, mas sempre se completam e representam-se entre si. Afinal, jamais um jogador imprimiu o seu nome em uma modalidade como foi com Pelé no futebol, bem como nunca um período vai representar tanto o significado real de um clube como a “Era Pelé” para com o Santos.

* Sob supervisão de Vinícius Perazzini

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