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Dia de todos os Santos #1: O mundo ao nascer do Peixe

Há uma semana do aniversário de 108 anos do Alvinegro Praiano, o LANCE! abre uma série de matérias especiais sobre a história do clube

Santos Fundação
imagem cameraEmbora tenha nascido azul, logo em 1913, seu segundo ano de vida, o Santos tornou-se alvinegro (Reprodução)
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Lance!
Santos (SP)
Dia 07/04/2020
00:57
Atualizado em 10/04/2020
02:34

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14 de abril de 1912, não existia momento mais significativo para o nascimento do Santos Futebol Clube. O Brasil era uma República recém-proclamada, havia 22 anos, e, sob a presidência do Mal. Hermes da Fonseca, vivia a política de “Café com Leite”. O contexto brasileiro da época, portanto, já dava o presságio alvinegro que entraria para a história do futebol mundial.

A cidade santista vivia uma grande fase, era um dos polos econômicos nacionais, junto a São Paulo e Rio de Janeiro. Com mais de 88 mil habitantes, Santos era um dos municípios mais populosos do Brasil. O Porto local já tinha a sua significância, sendo o maior exportador do país e um dos maiores da América Latina.

Os primeiros Meninos da Vila

Antes mesmo do “Esquadrão da década de 60”, dos primeiros “Meninos da Vila”, em 1978, e ainda muito distante das vencedoras gerações de 2002 e 2010, o Peixe já mostrava a sua relação de sucesso com a juventude desde os primórdios da sua história.

Foram jovens estudantes e comerciários locais que deram o pontapé inicial para a fundação do alvinegro mais famoso do mundo. O tradicional Americano, time de sucesso à época, acabara de mudar-se do Litoral para a Capital e deixava uma lacuna ao futebol santista.

No dia 14 de abril, 39 jovens fizeram-se presentes em um início de tarde ameno no Salão do Club Concórdia, localizado na Rua do Rosário, atual João Pessoa. A reunião só ocorreu graças ao empenho de três garotos: Raymundo Marques, Mário Ferraz e Agemiro de Souza Júnior, que dias antes da assembleia rodaram toda a cidade convidando o máximo de pessoas a participarem do evento.

Na reunião de fundação do clube decidiu-se pelo nome de Santos Foot-ball Club (que tornou-se Futebol Clube três anos depois, em 1915), sugestão dada por Edmundo Jorge de Araújo.

– A gente até brinca e diz que quem sugeriu o nome do Santos já tinha mundo no nome, por isso que o Santos se tornaria um clube conhecido no mundo todo – disse o historiador santista Odir Cunha.

Nesse grupo também estavam os dois primeiros ídolos do Peixe em campo: Adolpho Millon e Arnaldo Silveira, que aos 16 e 17 anos, respectivamente, imortalizaram seus nomes na história santista, estando presentes na primeira partida oficial e no primeiro título da Seleção Brasileira.

Nasce o Leão do Mar

Como não podia deixar de ser, o contexto marítimo sempre perseguiu uma equipe batizada como Peixe. Tanto que, embora o preto e o branco sejam as eternas cores santista, durante os primeiros 11 meses do clube foi o azul que marcou presença.

Inclusive, o momento da cidade era propício para o mar, conta o historiador Gabriel Pierin, do Centro de Memória do Santos FC.

– E na medida que esses equipamentos públicos sanearam a cidade de Santos, ela pode se expandir em direção a orla, em direção a barra, em direção a Zona Leste. Então, a gente tem aí os bairros onde a Vila Belmiro foi construído, bairro do Campo Grande, bairro do Macuco, da Ponta da Praia, Embaré, Boqueirão… a cidade foi se expandido do Centro em direção a praia – disse.

Além do mais, a data de fundação do Alvinegro Praiano coincide com a colisão do transatlântico Titanic em um iceberg. O acidente ocorreu às 23h40 daquele dia 14, com a embarcação, dita insubmergível, imergindo completamente às águas do Atlântico Norte já na madrugada do dia 15.

– Os santistas costumam dizer que o deus Netuno, deus do mar, no mesmo dia que viu afundar um transatlântico insubmergível, fez nascer nos litorais do Atlântico Sul um time realmente insubmergível e eterno, que é o Santos Futebol Clube – disse Odir Cunha.

– O Titanic, infelizmente, naufragou, mas o Santos galgou degraus maravilhosos e se tornou, provavelmente, o time de maior destaque no cenário mundial – completou o professor e historiador Adílson Lemes.

Até chegar ao Rei

Desde os primórdios, o Santos foi um clube formador de atletas locais. Dentro de campo, o time sempre assumiu uma postura ofensiva, que perdura até os dias atuais.

– Os primeiros anos já foram delineando a sina do Santos, que hoje é chamado o DNA. Mesmo o Santos só sendo campeão paulista pela primeira vez 1935, somando todos os gols que ele tinha feito no Campeonato Paulista, ele tinha feito mais, por exemplo, que o próprio Corinthians, que já tinha sido várias vezes campeão. Porque o estilo do Santos era esse, talvez um pouco temerário, poderia, sim, sofrer goleadas, mas jogava ofensivamente e conseguiu grandes goleadas jogando assim, principalmente na Vila Belmiro. – afirmou Odir Cunha.

Em 1927, o Santos teve o “Ataque dos 100 gols”, que contava com nomes como Feitiço e Arakem Patusca. O segundo, inclusive, irmão mais novo de Ary Patuca, que fez parte da primeira geração de ídolos santistas. Ambos eram filhos de Sizino Patusca, primeiro presidente da história do Peixe. Com Araken no elenco, o Peixe conquista o Paulistão de 1935, primeiro título do clube.

Na década de 40, o “cara” foi Antoninho Fernandes, que posteriormente também veio a ser um dos grandes técnicos da história santista, mas notabilizou-se inicialmente pela sua qualidade refinada no meio-campo, que rendeu a ele a alcunha de “Arquiteto da Bola”.

Até que chegou o momento que o time imerso ao mar precisava do seu divisor de águas. Em 1956 o Santos saúda a Vossa Majestade e o patamar histórico da equipe passa a girar em torno dos encantos de um Rei...

* Sob supervisão de Vinícius Perazzini

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