Dorival cita Palmeiras e vê Santos ‘a passos largos’ para grande conquista
Otimista, treinador também relembrou a conquista da Libertadores em 2011. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, ele prometeu um time competitivo e falou sobre os reforços para 2017
O técnico Dorival Júnior está otimista em relação ao futuro do Santos. Após o título do Campeonato Paulista e o vice do Brasileirão em 2016, o treinador acredita que o Peixe caminha "a passos largos" para uma grande conquista.
Dorival citou o exemplo do Palmeiras, no qual trabalhou em 2014 e quase foi rebaixado para a Série B. Ele disse que, na ocasião, falou com o então presidente Paulo Nobre que o clube teria bons resultados, o que aconteceu nos dois últimos anos.
O treinador também recordou a sua primeira passagem pelo Santos, em 2010, quando ganhou o Paulistão e a Copa do Brasil. No ano seguinte, o Peixe faturou o tri da Libertadores. E agora, Dorival, acredita que isso possa acontecer novamente?
- Falei em 2010 que o Santos estava se preparando para uma grande conquista, e isso vai acontecer agora de novo, é uma certeza que eu tenho muito grande. O Santos está trabalhando de uma maneira muito certa. Todos os acertos estão sendo respeitados pela diretoria do clube. Eu falava isso em 2014 para o presidente do Palmeiras, o Paulo Nobre, mesmo vivendo aquela situação ruim. Eu falava que, com tudo o que estava sendo feito, não ia demorar para ter resultados, e agora começaram a aparecer. E o Santos está nesse caminho, e é a passos largos. Não tenho dúvidas de que isso vai coroar todo trabalho que está sendo desenvolvido. Não quero dizer que isso vai acontecer comigo, mas está sendo bem alicerçado para, assim como aconteceu em 2011, viver um momento como esse - afirmou o treinador, que prometeu um time competitivo em 2017 para ir em busca de uma "grande conquista".
- É uma obrigação nossa, e vamos trabalhar para isso.
Durante a entrevista exclusiva ao LANCE!, Dorival também falou sobre reforços, explicou por que sonha com um astro mundial no Santos e admitiu o aumento da procura por jogadores de outros países sul-americanos. Confira:
Você recebeu elogios pelas variações táticas do Santos. Se considera um técnico inovador?
Não é uma inovação, o futebol te proporciona essas situações, que às vezes antes passavam desapercebidas, e vou citar exemplo. Em 2010, o time do Santos era o único que fugia e contrariava que o futebol se ganha pelos lados. Aquele time vinha de fora, sem jogadas de fundo, e um atacante sempre servia de pivô para tabelas e triangulações. Não era inovação, mas no momento não se observava isso. Falavam que o Santos chegava pelos lados, com jogadas de profundidade, e não era isso que acontecia.
Você chegou em 2015 e caminha para mais um ano no Santos. Acha que vai influenciar a diretoria a bancar mais os técnicos?
Isso é difícil, não tem como saber. O que eu sinto é que o futebol brasileiro não mudou nesse sentido depois da Copa do Mundo, essa ciranda continua. Tem um caso aqui, outro ali, mas o que a gente queria ver era ao contrário do que acontece, com a maioria dando essa continuidade para os treinadores. Sinceramente, ainda não percebo uma situação em que os clubes estarão mais seguros com relação à permanência de seus profissionais. Quase todos os clubes mudaram de treinadores. É uma situação que chama atenção, e não acredito que mude tão rapidamente. Essa ciranda vai continuar. Estaria mais confortável se estivéssemos conseguindo analisar os trabalhos das equipes, o que foi corrigido e melhorado, os conceitos implantados durante o ano, mas que mantivessem os profissionais, senão perde muito o efeito disso. Você muda o profissional e acaba mudando o conceito de jogo que estava sendo trabalhado e desenvolvido. E a gente vê quanto os clubes são penalizados com isso. É um desgaste, é uma perda considerável para os clubes, e no fim da conta você vê o real prejuízo, que é muito alto, maior do que a gente imagina. E as pessoas continuam querendo o resultado a curto prazo, e isso não vai acontecer, ainda mais no futebol.
Até o Guardiola sofre pressão...
Sim, é início de trabalho. Ele também sofreu no Bayern de Munique (ALE), que era uma equipe campeã. O Luis Enrique sofreu no Barcelona (ESP) no começo. O Simeone também no Atlético de Madrid (ESP) até que ele acertasse sua equipe e hoje ele conhece como se fosse a palma da mão. Ele perde um Diego Costa (centroavante), um Filipe Luis (lateral-esquerdo), um Turam (meia), entre outros, e mesmo assim ele já tem uma reposição preparada. Por que isso? Porque ele já está há um período lá dentro. O Atlético Nacional (COL) também perdeu parte da base do time que foi campeão, mas o treinador já conhecia o elenco, sabia onde buscar e os jogadores que estavam emprestados. o Copete me falou que vários desses que são titulares antes estavam emprestados, como o Aguilar, que não jogava, foi emprestado para adquirir experiência, voltou e teve um crescimento. Por que isso? Porque o treinador já sabia, ele tem esse conhecimento do clube. Isso você só conhece com o tempo, não adianta. Você precisa do tempo ao seu lado, mas o futebol brasileiro continua tendo muita pressão. É uma pressão externa absurda. Pressão interna política. Isso vai criando uma situação muito ruim para os profissionais.
Muitos dirigentes dizem que sonham com alguma contratação. Alimenta esses sonhos?
Tenho que trabalhar com a realidade, mas tenho que alimentar essa condição. É um sonho ter a melhor equipe possível em campo, o melhor grupo de trabalho. A diretoria tem que ter, isso fomenta ação de marketing, pode angariar novos sócios, arrumar parceiro para trabalhar a imagem em determinado jogador, uma marca expor em razão de o Santos ter trazido um ou três grandes jogadores. Isso tem que fomentar, é o lado saudável do futebol. Nós queremos sempre mais e mais. Você faz um trabalho e leva a equipe a um nível, e depois atinge o limite desse trabalho. É preciso um fato novo, uma qualidade um pouco maior para esticar essa condição de limite da equipe. O grande desafio é estender o máximo possível esse limite de trabalho, levando até a exaustão para que os resultados aconteçam. Mas em um momento você encontra o teto e tem que ter novas opções, e é aí que entra o trabalho das diretorias dos clubes em buscar alguma novidade, um jogador que esteja em baixa querendo reviravolta na carreira ou outras opções.
Você chegou a "sugerir" ao Santos astros do futebol mundial que estão em baixa. Por quê?
Eu falei que estava na hora de voltar a ter um jogador com apelo mundial, em que toda a mídia falaria em primeiro momento desse atleta no nosso clube. Se procurássemos Schweinsteiger, qual seria a possibilidade? O não já tem. Existe possibilidade mínima? Então vamos trabalhar para isso. Que não fosse o Schweinsteiger, fosse outro jogador que estivesse pouco desalinhado do clube, como o Tevez que voltou para o Boca Juniors (ARG). Porque não poderia acontecer? Não vejo problema nenhum.
Tem o Seedorf no Botafogo como exemplo?
Foi muito importante a vinda dele para cá, o profissionalismo dele contribuiu muito para o Botafogo, então o que eu pensei foi isso. Mas de repente, do nada, essa notícia ("sugestão" do Schweinsteiger) tomou uma proporção enorme, inclusive fugindo do contexto. Queira ou não, no mínimo, do lado do marketing, foi importante. Poderia ser ainda mais se realmente se confirmasse uma situação semelhante.
Tem procurado mais reforços vindo do exterior?
Eu sou muito sincero: sempre tentei buscar as opções internamente. Nunca abri muito, porque só o período de adaptação é muito grande, e em clube brasileiro não tem essa oportunidade, aqui se trabalha com imediatismo com corpo técnico, chegadas de jogadores... Trabalha com o dia seguinte, com rendimento rápido. Sempre busquei a maioria internamente para não ter esse período. Mas chegamos a um instante que estamos tendo dificuldades. Hoje muitos jogadores valem milhões, por isso que passei a olhar muito mais o mercado externo. O futebol colombiano, por exemplo, sempre me agradou e o chileno me agrada muito. Temos que estar ligados e atentos sempre. Estamos tentando e buscando reforços. Eu pontuei muito para a diretoria que isso seria fundamental, mas tenho que trabalhar com o que temos, com a nossa realidade. Nossa margem de erro é muito curta, é preciso minimizar o máximo possível essa margem e ter o maior número de acertos nas contratações.
Mas já chegou o Matheus Ribeiro, que veio do Atlético-GO...
Eu sempre gostei de olhar os campeonatos das Séries B e C. Procuro me informar com treinadores, porque você nunca sabe quanto vai ter para gastar. Conseguimos fazer bons trabalhos em outros clubes com uma folha salarial menor, como no Figueirense (2003), Sport (2005) e São Caetano (2006).