A última sexta-feira começou tensa na Vila Belmiro. Após o empate com o Sport em Recife, na quinta à noite, os muros do estádio do Peixe foram pichados com cobranças a jogadores, como Zeca e Lucas Lima. Mais tarde, os mesmos foram cobrados por torcedores no aeroporto. Enquanto isso, o presidente Modesto Roma Júnior dava uma entrevista coletiva que não garantia a permanência de Levir Culpi no comando do time.
Após o almoço, veio a reunião para selar o futuro de Levir. Nos bastidores, com clima hostil, tudo apontava para a saída do treinador. Quando o ônibus da delegação do Santos chegou de São Paulo e entrou no CT, dirigentes, incluindo o presidente, aguardavam pelo treinador para uma reunião.
Primeiro, a diretoria conversou entre si. Depois, Levir Culpi foi integrado para, enfim, jogadores participarem da reunião. No fim, os jogadores abraçaram o técnico no CT e o clima já era bem diferente.
O que aconteceu na conversa foi determinante para reverter a situação. A resposta do elenco à diretoria foi sucinta e, na visão dos jogadores, a saída de Levir não seria a solução. Além disso, o que fez a diretoria repensar a situação foi ouvir de atletas e do técnico o reforço de comprometimento em buscar o título, mesmo estando a nove pontos do líder do Brasileirão.
- Existe compromisso. Falamos para levantar a cabeça e irmos em frente do campeonato. O grupo está focado. Viemos decididos a conversas, não tomamos pré-decisões. Ouvimos o grupo e trabalhamos para o melhor do Santos Futebol Clube. Viemos decididos a conversar - disse o presidente Modesto Roma, ao sair do CT, após a reunião.
- Estamos em segundo lugar a nove pontos faltando nove rodadas. Empatar não é suficiente para ultrapassar e nem para se manter, embora joguem os outros dois empatados conosco. Tem Grêmio e Palmeiras. Temos que nos preocupar com o nosso desempenho. Secar os outros e torcer para que despenquem como disse alguém é do futebol e do dia a dia. Temos que focar no nosso desempenho. Nós não vamos simplesmente focar no desempenho dos outros. Tenho que ganhar todos os jogos. Não é para passar o Corinthians, mas é porque é o objetivo do ano. Não perdemos? Não perdemos, mas objetivo é ganhar. Os adversários também querem ganhar - acrescentou o dirigente, com tom de otimismo.
Em 29 jogos com Levir no comando, o Santos venceu 13, empatou 12 e perdeu quatro, o que significa um aproveitamento de 58%. Sem vencer há três rodadas, o Santos recebe o lanterna Atlético-GO na Vila Belmiro, no domingo, para tentar se reerguer.