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Especial eleição do Santos: Modesto diz que rivais ‘não conhecem o clube’ e defende sua gestão financeira

Atual presidente do Peixe é candidato à reeleição. Em entrevista ao LANCE!, ele expõe ações para reduzir dívidas, fala de promessas não cumpridas e traça novos planos

Modesto Roma - presidente do Santos
imagem cameraIvan Storti/Santos FC
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Lance!
Santos (SP)
Dia 07/12/2017
17:56
Atualizado em 08/12/2017
06:00

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O LANCE! começou na última terça-feira, 5, uma série de entrevistas com os candidatos à presidência do Santos Futebol Clube para o triênio 2018-2020. Todos responderam questões referentes aos mesmos tópicos de fundamental importância para o funcionamento do clube.

Após publicar entrevistas com os outros três candidatos, a série chega ao fim nesta sexta-feira com uma entrevista do atual presidente e candidato à reeleição, Modesto Roma Júnior.

Eleito no fim de 2014, Modesto assumiu o clube em 2015 com a missão de reerguer o Peixe, que lidava com ações judiciais de jogadores titulares, dívidas trabalhistas e a remontagem do elenco. No mesmo ano, o Santos foi campeão paulista e vice da Copa do Brasil. Em 2016, repetiu a dose no Estadual e ficou em segundo no Brasileirão. Na atual temporada, passou em branco, caiu nas quartas da Libertadores e comemorou apenas a classificação para o torneio continental em 2018. Foi na atual administração que Gabigol e Thiago Maia foram vendidos, Robinho e Lucas Lima se despediram e 24 contratações foram feitas: de Vanderlei e Ricardo Oliveira a Maxi Rolón e Nilson. Das decisões acertadas até as mais contestadas, o atual mandatário responde pela atual gestão, pelas promessas de sua primeira campanha e faz novas, pela mesma chapa 4 de três anos atrás, com o mesmo vice, Cesar Conforti.

DISPONIBILIDADE PARA SE DEDICAR À ADMINISTRAÇÃO DO CLUBE E LOCAL DE DESPACHO

Sete dias por semana. Minha sala continua na Vila Belmiro. Vou à subsede (em São Paulo) e ao CT, mas a base e a sede é na Vila Belmiro.

LIGAÇÃO COM O CLUBE

Conselheiro de 1970, diretor de comunicação em 1975, vice-presidente em 1983, trabalhei na secretaria social, secretaria geral, no futebol feminino de 2004 a 2009 e presidente desde 2015.

MODELO DE ADMINISTRAÇÃO COM COMITÊ DE GESTÃO (proposta de 2014 era pelo fim do órgão)


O Conselho Deliberativo passou três anos discutindo mudanças de estatuto. O Conselho é dividido e não avançou. Por isso, queremos fazer uma maioria na eleição, para isso conclamo o associado, porque precisamos ter avanços no estatuto. Tem pontos positivos e negativos no estatuto. Procuramos a modernização. A proposta de extinção do Comitê não era só do meu grupo. Penso que tem que ser um conselho de administração.

ORGANOGRAMA DO FUTEBOL

Se muda algumas coisas. Superintendente abrange também a base, o futebol feminino e todas as áreas do futebol. Devemos ter uma pessoa encarregada da parte de contratação, gerência e toda a relação trabalhista. Vamos ter uma pessoa cuidando da parte do CT em si, do dia a dia e uma pessoa que cuida da parte de relacionamento com o grupo. Três pessoas. O Dagoberto (dos Santos, atual superintendente) com essa abrangência maior, é mais voltado ao futebol profissional, por necessidade de contenção.

O senhor citou que teria uma pessoa encarregada para contratações. Nos últimos três anos, o empresário Luiz Taveira foi o encarregado da maioria...

Isso é lenda. Só para falar do elenco: Vanderlei não é dele, Ferraz não é, Lucas Veríssimo não é, Braz não é, Zeca não é, Romário não é, Caju não é, Matheus Jesus não é, Alison não é, Vecchio... O filho do Taveira tem alguma coisa. Lucas Lima não é, Ricardo Oliveira foi por quatro meses, Copete tem alguma coisa, mas tem empresário da Colômbia, Bruno Henrique foi na negociação. Quando precisamos mandar alguém buscar, ele foi a serviço do clube, não como empresário. Não tem conflito. Ele não é funcionário, ele presta serviços. Claro que as pessoas trabalham por interesse, ninguém trabalha de graça. Se alguém quer apoiar algum candidato... Existem empresários que me apoiam, existem outros que apoiam outras campanhas. Não é privilégio do meu grupo. Em todos os grupos têm empresários apoiando. É legítimo. Ilegítimo é envolver atleta em campanha política. É o que fez a matéria do Globo Esporte sobre o Ricardo Oliveira.

CATEGORIAS DE BASE

Só o supervisor abrange todas as categorias. É a mudança que pretendemos fazer. O superintendente tem que cuidar do profissional, do Santos B e da base. Temos que aperfeiçoar a formação dos profissionais da base. Vamos investir na formação de todos os profissionais com cursos, intercâmbio e treinamentos.

RELAÇÃO COM A TORCIDA

Está em fase de implantação a questão da pontuação de sócios para benefícios. Contratamos R$ 1,5 milhão em benefícios para o sócio. De maio a setembro nós tivemos um incremento de 7 mil sócios. É bom guardar esse número. 7 mil em cinco meses. Isso significa 1.300 sócios por mês no quadro associativo. Temos convênios em prol de benefícios que o Sócio Rei passa a ter, como viagens, academias, bolsas de estudos, cursos de inglês e etc.

O programa para isso está pronto e começa a ser implantado no primeiro jogo do Campeonato Paulista. Os benefícios serão testados. O dono de cadeira que abre a vaga de sua cadeira cativa, entra no site, comunica que não vem ao jogo, ganha um benefício e nós comercializamos aquela cadeira para o sócio que não é dono de uma cadeira.

Sobre reclamações de sócios com problemas para pagar mensalidade

Quando mudamos o gestor do cadastro de sócios, até pela demora que tivemos para receber da CSU o banco de dados completo, houve atraso e o atraso foi agravado pela questão do nosso convênio com a Caixa Econômica Federal. O sócio já recebe o boleto em casa. O sócio tem a área dentro do site onde ele também pode entrar e emitir o boleto.

"São Paulo está saturada de arenas no sentido comercial e há uma carência na Baixada Santista. Existem três áreas que têm interesses de investidores."

ESTÁDIO E PLANO POR NOVA ARENA EM SANTOS

O Santos precisa de uma nova arena. É uma questão pacífica de que precisa de uma arena. São Paulo está saturada de arenas no sentido comercial e há uma carência na Baixada Santista. Existem três áreas que têm interesses de investidores. Uma é no Portuários e estamos em negociação com a Associação e com a SPU. Tivemos uma reunião com o secretário do patrimônio da união já. A segunda é a área do Jabaquara. Fomos procurados pelo presidente do clube e há uma possibilidade de entendimento. Outra é a área do sítio em Apiu, perto da ponte que liga Imigrantes e Anchieta. Na margem direita da Imigrantes tem essa área que pertence ao grupo Peralta e há interesse para viabilizar aproveitamento da área com outros empreendimentos. A arena necessita de uma área de até 100 mil metros quadrados e essa área tem um milhão. Essa arena viabilizaria outros empreendimentos nos arredores. Existem prós e contras em todas as três. Para se fazer uma arena o mais central seria o do Portuários. Mas os investidores têm que definir pois eles vão colocar o dinheiro. Eles precisam fazer um plano de negócios. Nós precisamos ter consciência de que a parte do Santos nesse projeto ninguém mais tem, que é a marca. A marca do Santos viabiliza esse investimento e essa é a nossa participação. O Santos não coloca dinheiro e nem a Vila Belmiro. O que o Santos coloca é marca e prestigio. A parte de construção e engenharia da arena leva 30 meses, mas algumas pontas precisam ser amarradas. O plano de negócios é a parte mais custosa. Isso que ocupamos tempo hoje, em costurar isso para que se possa fazer um negócio positivo para o Santos. Não temos o direito de errar. Existem alguns grupos brasileiros e internacionais que estão interessados e estudando, fazendo projeto e plano de negócios. A modernização da Vila Belmiro foi exigida dentro dos custos. Precisa de uma retrofitagem e reestruturação para receber eventos e jogos de pequeno porte.

CHÁCARA NICOLAU MORAN

Tínhamos algumas ideias e avançamos. Conseguimos fazer a recuperação da Chácara em questão de limpeza. Era um matagal e hoje se pode entrar. Tínhamos intenção em trabalhar lá um parque temático. Mas desde 2015 os parques sofreram abalos em função da crise econômica. Vemos exemplos de parques que desabaram. Ficou inviabilizado. E lá tem um problema ambiental. Vemos que pode ser usada como uma área de lazer para pesca por parte dos sócios, principalmente do ABC. Mas isso ainda tem que ser avançado.

MARKETING E TRÊS TROCAS DE GERENTES

Sempre que tivermos que mudar, vamos mudar. Pegamos o clube com um patrocinador, que queria sair. Superamos isso e passamos a ter a Caixa como patrocinador master, Algar, Sil, Semp, Royal Air Maroc, Thinkseg e patrocínios pontuais. O mais importante foi ter resgatado um patrocinador. Está bom? Não, tem muito mais para fazer. Mas vamos continuar aperfeiçoando. Não dá para resolver com mágica nem com promessa de eleição.

Sobre manter o departamento em Santos

As coisas precisam ser vistas. Se mudança de sede resolvesse problema, seria fácil. Temos subsede em São Paulo, o marketing trabalha aqui em Santos, lá e em qualquer lugar. Em um mundo globalizado, dizer que precisa ficar em Santos ou São Paulo é ridículo. Não dá para ver isso como solução. Tivemos um gerente de marketing internacional que nunca foi na nossa subsede. Esse não é o problema. O problema é ter atividades que aumentem a visibilidade. O Santos cresceu como marca que vale R$ 403 milhões. Quem se propõe a ser gerente internacional e não consegue trazer um negócio, não pode achar que a solução é se mudar para São Paulo.

FINANÇAS E DÍVIDA EM TORNO DE R$ 300 MILHÕES (clube informa que foram pagos R$ 173 milhões em dívidas desde 2015)


Pegamos o clube com mais de 200 processos na Justiça. Hoje tem menos de 50. Pegamos o clube com dívida com a Doyen. Eles pediam mais de 50 milhões de euros e fechamos um acordo por 23 milhões de euros e já pagamos 13. Falta uma parcela de 5 milhões de euros para ser paga em setembro e outra em setembro de 2019. Só ai isso significa R$ 52 milhões. Pagamos acordos trabalhistas, dívidas com técnicos, com ex-jogadores. Precisa ter seriedade na gestão. O resto é conversinha mole para eleição com enganação do sócio. Não dá para o sócio entrar nessa história de administradores como eram os dois antigos presidentes. Não conhecem o clube! Uma coisa é nascer e morrer no Santos! Nenhum deles viveu o Santos Futebol Clube.

"Quando fechamos com o Esporte Interativo, foi porque a proposta da Globo era de R$ 60 milhões para ser dividido entre os clubes. O Esporte Interativo propôs R$ 450 milhões. Não tinha muito o que discutir. (...) O Santos não se curva a ninguém. A proposta da Globo é para ter 40% dividido igualmente, 30% pelo posicionamento técnico e 30% proporcional ao número de jogos transmitidos. 30% com definição deles. Não posso deixar essa receita na mão de terceiros.

DIREITOS DE TRANSMISSÃO E ACORDO COM ESPORTE INTERATIVO

Quando fechamos com o Esporte Interativo, foi porque a proposta da Globo era de R$ 60 milhões para ser dividido entre os clubes. O Esporte Interativo propôs R$ 450 milhões. Não tinha muito o que discutir. Quanto a TV aberta, ainda tem pontos a serem discutidos. O Santos não se curva a ninguém. A proposta da Globo é para ter 40% dividido igualmente, 30% pelo posicionamento técnico e 30% proporcional ao número de jogos transmitidos. 30% com definição deles. Não posso deixar essa receita na mão de terceiros. Queremos no contrato condições mínimas de transmissão de jogo por ano. Isso tudo precisa ser muito bem discutido. Não temos briga com a Globo, temos interesses comerciais que estamos defendendo. Temos em discussão o assunto Pay Per View. Discutimos com Palmeiras, Atlético-PR, Coritiba e Bahia. Estamos alinhados e tem mais quatro clubes que querem participar.

Quanto à TV aberta, na cláusula do contrato com o Esporte Interativo, temos a garantia de que se não tivermos proposta de outra emissora, eles cobrem a proposta da TV aberta. No Pay Per View, tem o caminho da NFL, Champions e de grandes empresas que é a transmissão via internet. Avançamos no Santos Play que é um dos nossos maiores projetos. Vai dar um salto de qualidade no Santos Futebol Clube.

O que acontece a partir de 2019 se o Santos jogar contra outra equipe que não tem acordo com o Esporte Interativo?


Hoje, pela legislação, ninguém transmite na TV fechada. Na TV aberta, vai depender do novo contrato. Estamos discutindo isso com a Globo e Esporte Interativo. Trabalhamos pela mudança da legislação.

UMBRO

Não pode deixar o clube sem contrato de material esportivo. Beira a inocência. Tem que ter material até para jogar bola. O clube tem um contrato com valor bastante substancial em dinheiro além das 27 mil peças em material esportivo recebidas por ano. O valor é superior ao acordo antigo com a Umbro, que durou até 2010. O Santos nunca teve contrato com fabricante de material esportivo depois disso, só com uma empresa varejista. Ele é muito superior ao contrato que tinha anterior com a Netshoes. O contrato atual da Umbro é muito superior. Os valores são de cláusulas de confidencialidade

PROMESSAS DE CAMPANHA

Gastar de acordo com receitas

Não só cumprimos, como tivemos superávit em 2016 e também até terceiro trimestre de 2017, o que não significa dinheiro em caixa. É receita versus despesas. Por isso pudemos pagar quase R$ 200 milhões em despesas. Por isso não está no caixa. Isso precisa ficar claro para o associado. Pagamos as dívidas que deixaram. O ex-presidente Odílio disse que o Leandro Damião não custaria ao clube. Não custou para a gestão dele porque eu tive que pagar.

Contas reprovadas em 2015

As contas não estão reprovadas. Estão sob judice. Teve uma diferença de um voto. Claro que sim (teve briga política). E isso continua.

Sanfest (festa temática)

Por que não deu? Se tentou fazer, mas tivemos limitações financeiras. Essa história de gastar menos do que se arrecada, impacta. Fizemos o jogo do centenário da Vila, que seria o ponto de partida da Sanfest. Ainda é uma ideia que acho válida, ter uma semana, 15 dias, para se comemorar o sentimento pelo Santos.

Ter dois parentes trabalhando no clube

Gustavo Roma (técnico do sub-15) não foi contratado só na minha gestão. Trabalhou na do Marcelo Teixeira e na do Luis Alvaro. Hoje, é um dos melhores técnicos na base. Não está aqui por nepotismo, sim por competência. O Moacyr (Roma, assessor do superintendente administrativo) é de minha confiança e trabalhava sem remuneração, para me ajudar. O Conselho Fiscal achou que tinha que remunerar. não pude me opor, porque é alguém que me ajuda até hoje.

Acusação de fraude eleitoral e de associação em massa

De maio a setembro, entraram 7 mil sócios, dá uma média de 1.300. A reportagem cita que entre novembro e dezembro entraram mil. Não podemos esquecer que sempre que o clube se classifica para a Libertadores, há acréscimo de sócios. Nesta época, fomos vice-campeões brasileiros e nos classificamos. O problema é que até 2011 precisava de três anos de associação para votar à presidência. Na gestão passada, com candidatos de hoje, eles optaram em reduzir para um ano. Mas quando está em posição de perder eleição, começa a levantar coisas para justificar a derrota. Igual técnico de futebol quando perde, que acha que a grama estava ruim, que teve morrinho artilheiro, que o sol estava forte.

As exigências para se associar são: ser uma pessoa natural, ter CPF e endereço. Não tenho que saber se tem uma ou dez pessoas que moram no meso endereço. Na minha casa tem cinco sócios. O resto é conversinha. E-mail é opcional. Tem sócios antigos que não tem e-mail. Veja se todos têm CPF. Todos são válidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A única consideração é que o associado sabe quem está falando a realidade. Quem tem promessinha e quem tem realização. O Santos não pode mais correr o risco de aventuras e 2014 está ai para mostrar resultados. Nesses três anos, mesmo com todas as dificuldades do futebol, de que o Santos iria para a Segunda Divisão, que está escrito na revista Época, o Santos foi bicampeão paulista, vice do Brasileiro, voltou à Libertadores. É fácil dizer que contratou mal e esquecer que contratou Vanderlei, Ricardo Oliveira, Bruno Henrique, Luiz Felipe, recontratou Alison. Vamos lembrar também dos que deram certo.

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