Ex-CEO do Botafogo vê SAF do Santos como grande possibilidade de investimento
Sócios do Peixe aprovaram a alteração do Estatuto que permite a transformação em SAF
Um dos principais responsáveis pela reestruturação do clube social do Botafogo em SAF e venda para um investidor profissional, o ex-CEO do clube, Jorge Braga, vê com bons olhos a possibilidade de o Santos avançar para o modelo.
No último domingo, o Santos deu um passo importante para o seu futuro após realização de Assembleia Geral Extraordinária que aprovou algumas mudanças no Estatuto e, e entre as principais, está a possibilidade de implementação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
- As SAFs de Botafogo, Cruzeiro, Vasco e Bahia colocaram o produto futebol brasileiro no mapa global de investidores e viraram localmente sinônimos de profissionalização e competitividade esportiva. E o Santos é uma marca única, reconhecido e respeitado em todo o mundo. Devidamente estruturado pode ser um grande produto de investimento em 2023 - afirmou Jorge Braga.
Ainda de acordo com o ex-CEO do Botafogo, na prática o advento da lei criou uma estrutura que dá segurança jurídica e mecanismos mais eficientes de blindagem, negociação e enfrentamento das dívidas.
- Trata-se de uma 'segunda chance' para clubes endividados que queiram abandonar o modelo amador de gestão. Mas, em contrapartida aos benefícios, a Lei exige maiores responsabilidades, especialmente em relação ao rigoroso cumprimento das obrigações e total transparência na gestão do futebol para com os sócios, como por exemplo o Clube social. Quanto mais profundo e estrutural for o trabalho prévio de organização maior a atratividade e o valor de mercado da (nova) SAF - complementa Braga.
Empresário e executivo de sucesso em projetos de transformação, Jorge Braga veio do mundo corporativo com sucesso em empresas como Nextel e Claro. Conhecido por provocar choques de cultura no ambiente de trabalho, tem comprovado resultado em planejamentos estratégicos e na criação de novos negócios – também já foi conselheiro de companhias gigantes como a Citibank e a Dasa Digital. O executivo chegou a liderar uma unidade de negócios e geriu uma operação que começou praticamente do zero e faturou quase US$ 1 bilhão (de dólares).
Braga faz algumas ressalvas sobre as SAFs.
- O que não é percebido é que a SAF traz muitas vantagens, mas também muitas das obrigações do mundo corporativo para o dia-a-dia do futebol. Estamos falando de falência, responsabilidade civil, patrimonial e criminal dos sócios, que passam a ser um risco real, diferente do que acontece com associações civis (clubes) no Brasil. Na SAF a coisa fica muito mais séria - explica.
Além disso, Braga lembra que, como qualquer empresa, a SAF também pode trocar de mãos a qualquer momento.
- O 'dono atual' precisa dar satisfação e transparência aos 'donos permanentes'. Só na PL - a cada ano - quase 25% dos clubes consideram ou iniciam as negociações para venda parcial ou total para novos investidores. Operações significativas envolvendo receitas, despesas, empréstimos e negociação de jogadores, são examinados com lupa tanto pela auditoria dos clubes como pelo compliance da Liga.
Por fim, o executivo que comandou a transição do modelo de sociedade anônima no Botafogo aponta que especialmente em grupos que possuem mais de um clube, como as plataformas multiclubes, os conflitos potenciais de interesse são grandes e precisam ser controlados.
- Caso contrário o entusiasmo com o resultado em campo passa e a solidariedade no passivo fica para o clube, seus sócios e para os torcedores - finaliza.