Luiz Gomes: ‘Futebol na pandemia cria os exilados da Covid-19’
Dois jogadores do Santos estiveram infectados no duelo contra o Boca Juniors
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Até prova em contrário, todos os protocolos de enfrentamento da pandemia, estabelecidos pela Conmebol, foram cumpridos pelo Santos: testagem cinco dias antes do jogo, ainda no Brasil, testagem novamente na Argentina, antes da partida contra o Boca na quarta-feira.
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E, apesar de tudo isso, o goleiro John entrou em campo infectado pela Covid-19, assim como o zagueiro reserva Wagner Leonardo, já que o resultado do segundo exame só saiu após o jogo. O episódio é um exemplo claro da fragilidade dos protocolos estabelecidos não só pela Conmebol mas também pela CBF, aqui no Brasil, e pela UEFA e as ligas nacionais do outro lado do Oceano Atlântico.
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Ainda que com essas medidas de segurança postas à prova, a bola vai rolando pelo mundo. E - admita-se - sem nenhum registro de um caso fatal ou mais grave da doença contraído nos gramados. Com ou sem segunda onda, no Brasil e na Europa foi superada a discussão se pode ou não haver jogo em tempos de pandemia.
Até na conservadora Inglaterra a Premier League segue em frente em pleno lockdown determinado pelo governo para tentar deter a doença enquanto a vacinação - sim, eles já têm vacinas - prossegue por lá. O futebol, definitivamente, parece ter virado atividade essencial.
Riscos à parte, tem sido inevitáveis e rotineiras as distorções que o efeito coronavirus provoca, sob o ponto de vista esportivo. Na sexta, o Liverpool eliminou o Aston Villa da Copa da Inglaterra, enfrentando um time formado quase que exclusivamente por garotos da base, já que um surto de Covid derrubou o elenco principal. Uma situação que muitas vezes já assistimos por aqui desde que a bola voltou a correr e o Brasileirão começou.
A novidade, essa semana, foi o que se passou na Argentina com o Peixe. Ao serem obrigados a permanecer em Buenos Aires, longe da família e da delegação santista, trancafiados em quartos de hotel, John e Wagner Leonardo inauguraram no futebol uma nova categoria de doentes: os exilados da Covid.
Ainda bem que estavam na capital argentina, onde as condições de conforto, higiene e principalmente a estrutura médica para um caso de necessidade extrema é de ótimo nível. Pior se fosse naquelas altitudes irrespiráveis, nos rincões da Bolívia ou do Equador, por exemplo. Sabe-se lá o que poderia acontecer.
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