Milton Teixeira Filho: ‘O equilíbrio administrativo e de um time forte do Santos será encontrado em um ano’
Candidato à presidência do Peixe pela chapa 'Tradição e Inovação' é o segundo entrevistado na série de sabatinas promovida pelo LANCE!
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No dia 12 de dezembro, os associados do Santos irão decidir o mandatário do clube para o próximo triênio (2021 a 2023). Seis chapas estão registradas para concorrer ao pleito, sendo a segunda lançando o nome de Milton Teixeira Filho.
Confira a entrevista promovida pelo L! com o candidato da chapa "Tradição e Inovação"!
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O que te impulsionou a se candidatar à presidência do Santos em 2020?
Pra nós é sempre uma honra e um prazer falar sobre o querido, Santos Futebol Clube. Pelas raízes, vínculo e amor que nós temos, eu vivo o Santos Futebol Clube desde os meus dois anos de idade, e em u momento tão importante que o Santos vencia uma das principais crises institucionais, políticas e financeiras dos últimos 30, 40 anos. Antes de ser candidato, eu sou um grande torcedor e apaixonado pelo Santos Futebol Clube. O Santos, este momento em que nós amadurecemos e essa reflexão e decisão foi tomada em conjunto com o nosso de apoio, com pessoas que estão engajadas e imbuídas neste mesmo ideal, que é de mudar o Santos Futebol Cube, inovar e, ao mesmo tempo, resgatar as nossas tradições, as nossas glórias e, em especial, a nossa identidade perdida e a autoestima do torcedor, a gente precisa resgatar isso também. Nós entendemos, que de acordo com a nova dinâmica do mercado global a gente tem condições de colocar o Santos novamente nos mais elevados patamares do futebol mundial. Claro, não adianta ser apenas um torcedor, um apaixonado pelo clube, é preciso ter experiência, ter vivência de Santos, e isso pela vivência que nós temos, hoje a gente sabe o que pode ser feito e não pode ser feito, deve ser feito e o que não deve ser feito dentro do clube, até pela vivência de bastidor, estou como conselheiro eleito pelo quinto mandato. A nossa experiência profissional, eu sempre fui acostumado, desde cedo, ao estudo e ao trabalho, desde os 12 anos, passei pelas mais diversas áreas dentro de uma instituição de ensino que o meu saudoso pai, o ex-presidente Milton Teixeira, fundou, ele que, acima de tudo, nos deixou um grande legado: de construir, empreender, servir. E está no momento de darmos a nossa contribuição, colocarmos a nossa energia e o nosso conhecimento, para que o Santos possa mudar e, realmente, tirarmos ele dessa situação adversa.
Falando um pouco da minha trajetória profissional, sou advogado atuante há 17 anos, administrador de patrimônio imobiliário, tive experiência nos departamentos de audiovisual, departamento de hardware e software, hoje chamado de departamento de T.I, na área de Recursos Humanos, de contabilidade, tesouraria, jurídico, recuperação de ativos, temos uma vasta experiência de administração e gestão, com total capacidade para administrar o maior time do mundo.
O Santos hoje possui grandes dívidas financeiras e as mais recentes gestões em sua grande parte assumiram o clube afirmando que essas pendências foram herdades. Na sua opinião, em que ponto esse declínio administrativo iniciou e como solucionar esses problemas em um triênio?
O endividamento do Santos vem de muitos e muitos anos, o que ocorre, é que ao longo da história, pela falta de visão, por não conhecer, e há uma tendência de mudança, o Santos sempre gastou mais do que arrecadou e suprimia essas lacunas financeiras com a revelação de talentos e craques, comercializava-os no mercado e assim ia estancando sucessivamente os buracos e lacunas financeiras. Só que hoje, de acordo com a nova dinâmica, não é aceitável que os clubes sejam administrados por meio do achismo, com indicações políticas para os cargos, hoje é necessário para que os clubes grande permaneçam grandes, que haja, independentemente de ser um modelo associativo ou um clube empresa, a gestão precisa ser profissional dentro dos clubes. Então, a questão financeira hoje, eu vejo que o grande problema não é a falta de recursos financeiros, o que existe é uma má administração desses recursos. O Santos, contabilmente, arrecadou quase R$ 360 milhões no ano passado, R$ 185 milhões, claro que aí existem as negociações de atletas, que são consideradas receitas extraordinárias, mas o Santos no ano passado arrecadou R$ 185 milhões com as suas receitas ordinárias, certas e garantidas. E o que precisa ser feito? Ajustar as despesas costumeiras às receitas ordinárias, ou seja, a gente não pode gastar mais do que arrecada. Não há muito milagre. Além disso, deve ser feito uma auditoria externa independente, que obrigatório pelo nosso estatuto, mas dar a real publicidade da atual situação do clube, isso você mostra pro mercado a real situação do clube, não importa se deve 100, 200 ou 700, você deve demonstrar, dentro do seu planejamento, como isso será honrado. Uma coisa é o clube ser devedor, todos nós somos devedores, nós devemos para o fisco, para a companhia de energia elétrica, companhia de telefonia móvel, outra coisa é estar inadimplente, e o Santos hoje é um clube inadimplente, o que preocupa não é o endividamento como um todo, são as dívidas a curto prazo, que o Santos talvez não tenha condições, até junho de 2021, de acordo com o andamento da administração e os números veiculados, talvez o Santos não tenha condições de honrar essas obrigações. O que deve ser feito? Adequar as despesas às receitas ordinárias; realizar a auditoria e dar publicidade da real situação do clube e mostrar no seu planejamento como isso será pago; renegociar os contratos, sejam os já vencidos ou aqueles que são desfavoráveis ao clube, ganhando prazos e reduzindo os juros, porque não adianta só renegociar e a dívida aumentar; fazer um estudo analisando salário, função e competência, o SFC, essa pessoa recebe X reais do clube, está de acordo com a locação de recursos para o determinado departamento, está de acordo com a necessidade do setor, ele é competente, eficiente e eficaz para atuar naquele departamento ou de acordo com o planejamento, os planos de ação do clube, em caso negativo isso se dá pela ausência de infraestrutura do clube. Aí avaliaremos e tomaremos uma decisão para verificar se a máquina é inchada, ou não. Outro ponto é avaliar para saber se a máquina é inchada, não é, o que precisa ser feita eventuais reposições e contratações no mercado. Outro ponto importante é a questão do ato trabalhista. O Santos sofre constantemente com os bloqueios e penhoras judiciais, em especial as oriundas da justiça do trabalho, porque o Santos não honrou os seus contratos e obrigações e esses bloqueios constantemente atrapalham o seu fluxo de caixa, o pagamento e cumprimento das obrigações mensais, cotidianas, do Santos. O ato trabalhista você reconhece toda essa dívida, tanto aquelas que ainda estão em discussão bem como aquelas que tiveram decisões definitivas e/ou provisórias, mas que há cumprimento de sentença e execuções, reconhece e sinaliza para a Justiça do Trabalho, Poder Judiciário, que essa dívida será paga em 12 anos, dentro de um planejamento, e todo mês você destinja uma verba dentro do seu planejamento financeiro para a justiça do trabalho. O Santos terá que pagar, salvo engano, até janeiro de 2021 quase R$ 17 milhões oriundos da Justiça do trabalho. Isso, por si só, é praticamente a folha, um pouquinho mais, uma folha e meia do Santos. Veja o que isso impacta diretamente no dia a dia do clube. E, principalmente, o Santos tem condições de capitalizar, criar novas receitas. Hoje é muito fácil comercializar a marca Santos no mercado, a marca Santos é a grife do futebol mundial. Contudo, as pessoas não querem associar os seus nomes, as suas marcas, às pessoas que fazem a gestão da marca Santos. Nós tivemos uma série de atos de gestão temerária, irregularidades, e a partir do momento que há uma mudança na gestão, das pessoas que estão administrando o clube, consequentemente nós sinalizaremos para o mercado que nossa gestão é responsável, merece credibilidade e nós construiremos relações sólidas e duradouras.
Existe fórmula para solucionar ou estancar parte o integralmente os problemas financeiros do Santos sem onerar o desempenho esportivo?
O equilíbrio do Santos entre a parte administrativa e a manutenção de um time forte e competitivo será encontrado em um ano, dentro do nosso planejamento. Isso não significa pagar todas as dívidas. O pagamento da dívida, dentro do nosso planejamento para o clube, poderá ser feito de 8 a 15 anos. Isso é dentro da realidade. Tem gente que fala que se a dívida é 100 e vai diminuir para 20, não existe milagre. Isso é até possível, mandando todo mundo embora, reduz lá, mas você perderá em performance, desempenho técnico e manutenção de uma equipe forte e competitiva. Agora, por isso que é importante que além de conhecer o mercado, é importante que o presidente conheça de futebol. E nós conhecemos de futebol, nós respiramos futebol. Nós sabemos quais profissionais têm condições, mesmo com o custo mais baixo, de manter um time forte e competitivo. Nós temos excelentes profissionais hoje no Santos, que estão a bastante tempo, algum deles forma resgatados, tinham sido dispensados, temos condições hoje de manter uma estrutura enxuta, mas, ao mesmo tempo, eficiente e eficaz, porque nós conhecemos futebol. Nós vimos outros candidatos, em outras chapas, pessoas renomadas no mercado só que, contudo, não conhecem futebol. Participaram até de negociações tenebrosas para o Santos, a negociação do Leandro Damião, por exemplo, que o clube sofre consequências até hoje. Porque eram bons profissionais, conheciam o mercado, mas não conheciam futebol. Dentro do nosso planejamento, o equilíbrio entre a parte administrativa e manutenção de um time forte e competitivo será encontrada em um ano, isso não significa o pagamento de todas as dívidas, mas o equilíbrio, que será um desafio para a próxima gestão.
Como o senhor enxerga e pretende lidar com as categorias de base do Santos, se eleito?
A nossa base é a menina dos olhos de ouro. O Santos deve, mais do que buscar bons jogadores no mercado, é revelá-los e formá-los, para que, em primeiro momento, eles darem o resultado técnico, com alta performance e conquista de vitórias e títulos, e em segundo momento eles possam dar o retorno financeiro, com a negociação dele no mercado interno e internacional também, Vejo que a base precisa passar por mudanças significativas. Temos em nossa ideia construir um centro de excelência que esteja na altura da nossa tradição e das nossas glórias, até porque o Santos foi o clube brasileiro que mais auferiu renda com as suas categorias de base, no entanto, continua na mesma situação financeira delicada e vulnerável. Não foi o que mais revelou, mas foi o que mais arrecadou com a base. E como deve ser esse centro de excelência? Deve ter uma infraestrutura com alojamento adequado, campos necessários para atender todas as suas categorias, departamento de análise de dados, departamento de saúde muito bem estruturado, com médico, nutricionista, assistente social, psicólogo, uma pessoa que faça gestão e que dê um auxílio ao atleta e as suas respectivas famílias, porque muitas vezes eles estão em condições de vulnerabilidade social, então precisam de um amparo afetivo, subsídio emocional, psicológico, de infraestrutura, educacional também, o clube deve proporcionar isso. Nas categorias de base, outro ponto importante, é a implementação de uma metodologia contínua, que seja observada nas categorias, como no futebol profissional, como também nas escolinhas de futebol, para que o Santos tenha um padrão, então isso nós faremos também. Além disso, os cursos de aperfeiçoamento constantes, para os técnicos das categorias e para os treinamentos periódicos para todos os profissionais que estão ali feitos às categorias de base. Outro ponto importante, é que nós iremos manter o nível inteligente e cognitivo alto do atleta, do jovem, isso é uma maneira de você desenvolvê-lo, aperfeiçoá-lo para que quando ele possa chegar no futebol profissional, eles esteja mia amadurecido, preparado e seguro de si, isso é extremamente importante. Outro ponto é a implementação de processos internos, observado como as regras de compliance, você implementar processos para que o clube não sirva apenas de “barriga de aluguel”, o menino venha, fique dois, três meses, bata foto, seja comercializado para outros clubes do Brasil ou exterior, e gerar mecanismos para coibir assédios de empresários, não é afastar os empresários, que devem ser parceiros e não donos do clube. Na forma de aprovação dos atletas se dará em duas etapas: primeiro, uma comissão composta por ex-atletas, nossos ídolos eternos, que tem expertise, experiência e olhar clínico para analisar quem pode ter uma oportunidade para ser lapidado no glorioso Santos, e no segundo momento o técnico da categoria, que é uma maneira de minimizar, dar uma possibilidade, que todos os jovens possam concorrer em condições de igualdade. Outro ponto importante, o atleta, ao completar 14 anos, terá o seu contrato de formação, e ao completar 16 anos terá o seu contrato de atleta profissional, de acordo com a legislação vigente.
Como o senhor enxerga e pretende lidar com o futebol feminino do Santos, se eleito?
O futebol feminino é uma grande oportunidade aos clubes brasileiros, e, infelizmente, os clubes, não falo só do Santos, mantém o futebol feminino, em especial os que estão na Série A, são aderentes a lei do Profut, e é uma obrigatoriedade de manter o futebol feminino. E o Santos foi pioneiro nisso. No Reino do Futebol, tivemos o Rei do Futebol, o Rei do Futebol de Salão e a Rainha do Futebol, então isso deve ser ressaltado, sempre enfatizado. Temos como meta construir um Centro de Treinamentos, não só para o Departamento Feminino, mas também para que haja formação de base, para que as Sereias possam, desde cedo, possam vir para o Santos em busca de oportunidades. Então, nós enxergamos uma grande oportunidade para os clubes, seguindo até o modelo norte-americano e europeu, quem tem implementado o futebol feminino com maestria, tivemos em 2019 a Copa do Mundo Feminina, que foi um grande sucesso, e temos a possibilidade de capitalizar receitas e atingir públicos que não atingimos hoje. O quadro associativo do Santos até pouco tempo estava com 12% do gênero feminino, salvo engano agora está em 17% no raio-X do Sócio-Rei, mas é muito pouco. E quando a gente fala da participação das mulheres, não estamos falando só do futebol feminino, mas em todas as áreas interligadas no Santos, futebol profissional, esportes olímpicos, e-sports, atuação nas plataformas digitais, redes sociais, temos uma série de possibilidades e oportunidades que talvez não estão sendo enxergados pelos mandatários que passaram no clube. Nós vamos tratar as mulheres com muito carinho, muito zelo e toda atenção devida, não só pela necessidade que nós temos, mas principalmente porque é uma grande oportunidade para o Santos capitalizar ainda mais em cima disso.
Como o senhor enxerga a possibilidade de inclusão de outras práticas esportivas no Santos FC?
Nós temos como meta implementar de três a cinco modalidades olímpicas até o final da gestão. Temos um estudo comparativo com os demais clubes brasileiros, temos conversas com políticos em âmbito municipal, estadual e federal, para que o Santos possa, além de receber verba de incentivo, receba verbas de emendas parlamentares e também com o empresariado, que temos excelente relação, para custear e associar os seus nomes, suas marcas, com as modalidades olímpicas, para atingir públicos que não atingimos hoje e fazermos isso de forma segmentada. Outro ponto importante, é que outros clubes estão fazendo isso de manteria ostensiva, bem incisiva, e temos o estudo comparativo inclusive com as verbas que foram destinadas, qual político destinou, qual empresa patrocinou, de onde vem o incentivo, tudo isso foi feito e teremos com meta implementar no Santos Futebol Clube, sem dúvida alguma, até pela nossa tradição.
Como o senhor avalia as prioridades de mando de campo de Santos Futebol Clube e o projeto de retrofit da Vila Belmiro?
O Santos é do mundo e tem a sua sede localizada em Santos. O Santos é do mundo. Primeiro ponto, uma vez realizada adaptação tecnológica na Vila Belmiro, o Santos mandará todos os seus jogos na nova casa, sejam em Santos ou em outra cidade, até pela necessidade e viabilidade financeira desse novo patrimônio imobiliário chamado “Nova Vila Belmiro”. Nesse momento, o Santos deve mandar alguns jogos em Santos, alguns em São Paulo e pontualmente algumas cidades do interior onde haja grande concentração de santistas, em especial cidades que possuam embaixadas do Peixe, sempre de forma antecipada, planejada, organizada, para que o torcedor, associado, santista da região ele possa se organizar, tanto de Santos, bem como a Região Metropolitana da Baixada Santista, São Paulo e interior. Eu até gostaria de manda alguns jogos em outros estados, mas não poderia fazer esse tipo de promessa em razão dos regulamentos das competições, seria uma irresponsabilidade assumir um compromisso desse tipo, é uma vontade que tenho, mas não uma promessa. A título exemplificativo, o Santos quando vai jogar em Curitiba como visitante ocupa um gomo inteiro da arquibancada, uma coisa maravilhosa, imagina o Santos mandando um jogo com antecedência, se organizando para isso. O início do calendário, os jogos são divulgados são sempre divulgados no início do ano, e o Santos tem condições de divulgar isso com antecedência e sem aquele achismo de que o Santos vai jogar no Pacaembu, só em Santos, isso tem que ser feito de uma maneira planejado. Se o Santos hoje mandar jogo só em Santos ou em São Paulo, não vai conseguir manter uma média de pública considerável. Isso já foi provado. Não há uma rotatividade de público, a gente sempre atinge as mesmas pessoas. Com uma nova arena, nós teremos condições de atingir públicos que nós não atingimos hoje. Por mais que a gente tenha uma grande paixão pela Vila Belmiro e o Pacaembu, a verdade é que esses estádios hoje não oferecem as instalações adequadas, o conforto e a experiência que deve ser proporcionada e é exigida hoje pela nova demanda do consumidor. Não é aceitável que a pessoa pague R$ 100 num ingresso e tenha que utilizar um banheiro químico no dia do jogo, então isso tudo a gente consegue perceber que a dinâmica mudou. O Santos tem, pelos últimos números que eu vi aqui quase 7 milhões de torcedores, imaginem se essas pessoas fossem aos estádios, teríamos públicos para 10 anos sem repeti-lo a cada partida, mas não é isso que acontece. Nos últimos 10 amos, a média de público não chegou a 50%. Daremos continuidade aos estudos de viabilidade técnica e financeira da Nova Vila Belmiro. Em nosso estudo, questionamos dentro do Conselho, porque o vídeo institucional apresentado foi feito em cima de uma área de 18 mil m², a Vila Belmiro possui 16,5m2. Além disso, no plano de negócios foi apresentado a expectativa de capacidade de 70 a 90% do estádio. Eu sugeri que fosse feito entre 50 e 60%, até baseado nos números apresentados pelo Allianz Parque, o time de lá teve uma média de público de 65 a 67%, em uma área nobre de São Paulo, na cidade mais rica do país. Se nós fizéssemos o plano de negócios com a expectativa de público de 70 a 90%, o Santos assumiria compromissos que, por ventura, não poderia honrá-los. Essa foi uma sugestão que fizemos na apresentação feita no Egrégio Conselho Deliberativo.
Recentemente o atual Comitê Gestor do Santos apontou algumas inconsistências no cadastro de sócios do clube, como você enxerga esse episódio?
Eu quero deixar claro, até porque foi veiculado várias vezes que nosso grupo era contro ao voto à distância, pelo contrário, nosso grupo, porque entendemos que a equidade, que é um dos princípios da boa governança. E equidade é você dar oportunidade igual para pessoas que estão em condições desiguais. O mesmo direito que ao associado que está no Rio de Janeiro tem de votar, é do associado que está no Mato Grosso do Sul, por exemplo, pelas questões territoriais e de distância ele não consegue exercer o seu direito de voto se a eleição fosse apenas presencial. Segundo ponto, as inconsistências e irregularidades verificadas no banco de dados de sócios do clube isso traz insegurança e vulnerabilidade para o processo democrático como um todos, tanto para a eleição presencial, bem como pela eleição virtual. O processo como um todo fica, de certa maneira, desprotegido, por isso é importante que haja essas correções, retificações no banco de dados, para que o processo seja o mais seguro possível, para que haja a vontade no resultado do processo democrático reflita 100%, de forma idônea e íntegra, vontade democrática do associado.
Você acredita que a inconsistência nos dados dos sócios, bem como algumas contrariedades ao voto à distância, poderá dar brechas para que chapas derrotadas tentem a anulação do pleito?
A possibilidade sempre existe, não por conta do voto à distância, mas se tiver alguma insegurança ou possibilidade fraude no processo democrático. Acreditamos que para realizada, a gente sabe da responsabilidade do presidente da mesa, ele tem conduzido de maneiras muito imparcial, ouvido todas as chapas, as demandas solicitadas pela Secretaria Social, Comitê de Gestão, para que o processo possa acontecer da maneira mais segura possível. Agora, se alguma chapa, algum grupo, se sentir lesado, tem todo o direito de procurar o poder judiciário para anulá-lo, isso é um direito de ação, constitucional, inerente a qualquer cidadão, qualquer pessoa que esteja em território nacional. Esperamos que isso não aconteça, que o processo democrático, independentemente do resultado, seja a nossa chapa a vitoriosa, ou qualquer outra chapa, que seja o resultado da vontade soberana dos sócios, esse é o nosso desejo, independentemente de vencer a eleição, ou não, o processo democrático do clube deve ser feito com transparência, segurança, com a moralidade tão necessária para que o Santos possa realmente ter um processo seguro, que o resultado reflita 100% o desejo do associado.
Como você avalia o atual Conselho Deliberativo do Santos e como pretende formar o seu, caso consiga o número necessário de votos para constituir cadeiras?
A função do conselheiro é fiscalizar o clube, vejo algumas pessoas que as vezes fazem críticas ao Conselho, sem ao menos saber a função do Conselho. Evidentemente, o Conselho tem a função de fiscalizar os atos de gestão. Eventuais mudanças, não depende de mim, como presidente, uma vez eleito, mas depende dos sócios, qualquer alteração estatuária, a regra do clube hoje é essa, o Conselho composto por 100 efetivos, os natos e na proporcionalidade com 200 conselheiros eleitos. E a proporcionalidade eu vejo como salutar, que é uma maneira de você ter o contraponto, um outro olhar, um outro ponto de vista, acerca da administração do clube. Eu vejo que algumas melhorias, eu vejo que o nosso estatuto é o mais moderno, um dos mais avançados, no que tange a governança corporativa, a administração do clube de futebol, mas precisa passar por algumas melhorias, sim, alguns aperfeiçoamentos, algumas mudanças, e se for da vontade do associado, será feito. Eu vejo mais as questões dos mecanismos de controle, para coibir eventuais irregularidades e infrações. O problema não está no Conselho, você pode ter o melhor estatuto e Conselho do mundo, quem cumpre regra são pessoas. Se você tem um contrato onde uma das partes não quer cumprir, você pode ter o melhor contrato do mundo, com as mais diversas previsões, se uma das partes não quiser cumprir, não será cumprido. Claro que terá que sofrer as consequências legais, mas naquele momento que você precisa que aquilo seja respeitado, não será. De 2011 para cá, tivemos uma mudança institucional na forma de administrar o clube, nós tínhamos o modelo do presidencialismo puro, onde as decisões eram centralizadas em um único presidente, e de 2011 para cá tivemos a implementação das decisões colegiadas, por meio do Comitê de Gestão e a governança corporativa. E o que acontece é que os mandatários eleitos não estavam acostumados a esse modelo de governança corporativa, decisões colegiadas, e por isso o clube se encontra nessa situação também, pela ausência de familiaridade, ausência de conhecimento das regras do clube e talvez pela falta de experiência e qualificação e gestão em clubes de futebol.
Comitê de Gestão: necessário, desnecessário ou mal necessário?
Hoje o modelo é esse. Sou um defensor do Comitê de Gestão, do modelo de decisões colegiadas, uma forma que tenho que pensar. Entendo que duas ou mais cabeças pensantes imbuídas no mesmo ideal, a possibilidade de sucesso é maior, minimiza riscos e mitiga eventuais prejuízos ou qualquer erros que poderiam ocorrer, eu sou favorável a esse modelo. Nas últimas eleições nenhuma chapa divulgou com antecedência o seu Comitê de Gestão, eles sempre foram montados por questões políticas, e não por afinidade e questões técnicas. Nosso Comitê de Gestão será divulgado com antecedência, até o dia 12 de dezembro, o associado e associada do clube saberá em quem irá votar para o próximo triênio, 2021 a 2023. Já revelamos dois, Ivo Morgante, grande comunicador e empresário, grande santista, fará parte do nosso Comitê de Gestão, o quarto membro do Comitê de Gestão, porque o primeiro é o presidente e o segundo o vice, é o ex-presidente do clube, Miguel Assad, grande empresário, grande santista, com a sua experiência e expertise, vai auxiliar também nesse sentido.
Como você analisa a “Gestão de Transição”, do presidente Orlando Rollo e o “Comitê de Transição” montado para esse período?
Eu vejo que a sua maneira, o presidente em exercício, Orlando Rollo, tem feito o possível e o impossível, para manter o bom andamento do clube, com as suas características, as suas peculiaridades, trouxe, inclusive, alguns profissionais da CBF Academy, eu sou o único dos candidatos que frequentou o curso de gestão de futebol da CBF Academy, tivemos lá aperfeiçoamento na estrutura e governança do futebol, planejamento estratégico, direito desportivo, gestão em departamento financeiro, gestão de marketing do futebol, organização de eventos a nível de competições, aperfeiçoamento na área de comunicação e gestão de crises dentro dos clubes, a estrutura e organização de gestão do futebol profissional, e a gente inclui também as categorias de base, futebol feminino, e ele até trouxe alguns profissionais que temos contato da CBF Academy, que têm totais condições de ajudar o Santos nesse sentido. Claro, o Comitê de Transição criado, não tem legitimidade, porque não está previsto no nosso Estatuto, mas ele de uma maneira muito imparcial abriu para as chapas indicarem representantes para que os postulantes possam saber a real situação do clube, financeira, contábil, jurídica, todas as peculiaridades inerente ao bom andamento do clube, e está sendo de grande valia, porque temos acesso de uma maneira muito clara e transparente da maneira que o clube se encontra. Então, eu vejo que está sendo bem proveitoso o Comitê de Transição, nesse sentido.
Consideração final
Espero que no próximo dia 12 de dezembro, seja presencial ou virtual, possam nos conceder esse voto de confiança para que nós possamos resgatar as tradições e glórias do nosso querido Santos FC e colocar o Santos como protagonista do futebol mundial. Temos uma equipe multidisciplinar que está engajada nesse processo de mudança e iremos colocar a nossa força, energia, fé em Deus e vontade, acima de tido, de servir o nosso querido clube. Que no próximo dia 12 você possa votar na chapa 2 “Tradição e Inovação”.
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