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Os sete pecados capitais que fizeram o Santos ser rebaixado

Queda foi arquitetada ao longo da temporada com inúmeros erros de gestão

Santos - rebaixado
imagem cameraO Santos conhecerá o "inferno" da Série B pela primeira vez em sua história no ano de 2024 (Arte: Vitor Araújo / Lance!)
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João Marcos
Santos (SP)
Dia 07/12/2023
08:00
Atualizado em 07/12/2023
07:40

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O Santos foi rebaixado no Brasileirão pela primeira vez em sua história, fato consumado após uma combinação de resultados da última rodada da competição. Afirmar que o Alvinegro caiu somente por conta desta combinação de resultados, no entanto, é um erro.

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Isso porque o clube atravessou vários episódios problemáticos ao longo da temporada, que vão desde os erros de planejamento da gestão Rueda até o caso de indisciplina do atracante Marcos Leonardo, na semana do jogo mais importante da história do clube. A seguir, listamos os sete "pecados" cometido pelo Santos no Brasileirão que levaram ao seu rebaixamento.

1. MONTAGEM DO ELENCO
O Santos contratou quase 20 jogadores em 2023, praticamente dois times. A quantidade não é exatamente um problema, mas como isso ocorreu, sim. Além de faltar qualidade, não houve um padrão nas contratações ou perfil específico. ENtre a virada do ano e o início do Paulistão, a proposta era contratar jogadores de baixo custo. Chegaram nestas condições o volante Dodi, os zagueiros Joaquim e Messias, e o lateral João Lucas, por exemplo.

Quando o Santos percebeu que a briga contra o rebaixamento era a sua realidade no estadual, atuou no desespero: trouxe Lucas Lima por um contrato de três meses. As atuações razoáveis foram o suficiente para garantir uma extensão de contrato ao jogador. Após o estadual, foi a vez do "pacotão do Água Santa", com as chegadas de Bruno Mezenga, Gabriel Inocêncio e Luan Dias.

Mais tarde, o desespero bateu à porta do clube novamente, que saiu para contratar jogadores mais qualificados para a disputa do Brasileirão, na janela do meio do ano. Foi neste momento que chegaram nomes como Jean Lucas e Tomás Rincón, que deram sobrevida ao time na competição. Entretanto, era tarde demais: já não havia tempo para que as contratações entrosassem e respondessem à altura.

Bruno Mezenga
Bruno Mezenga foi um dos jogadores contratados pelo Santos no "pacotão do Água Santa" (Foto: Raul Baretta / Santos FC)

2. TROCAS DE TREINADOR
A escolha por Odair Hellmann parecia promissora. Um técnico com bons trabalhos no futebol brasileiro, que poderia dar consistência, ao menos na defesa, para o time do Santos. O trabalho, porém, não engrenou. O Alvinegro jogava mal, não tinha padrão defensivo e muito menos ofensivo. Odair teve problemas com a organização da bola parada e parecia confuso à frente da equipe, realizando mudanças bruscas no sistema tático, na escalação e na forma de jogar.

O técnico foi demitido na 11ª rodada da competição e, para o seu lugar, o Peixe contratou Paulo Turra. O jovem treinador vinha de sua primeira experiência na Série A, no comando do Athletico-PR, clube em que conquistou o Campeonato Paranaense de maneira invicta. Porém, os resultados no Santos foram péssimos, com apenas uma vitória em sete jogos. Além disso, atritos com o elenco, que resultaram no afastamento de vários jogadores, entre eles Soteldo, pesaram a favor de sua demissão.

Para o lugar de Turra, o Santos finalmente parecia ter acertado: contratou Diego Aguirre, técnico com experiência suficiente para organizar o time e terminar o campeonato de maneira segura. Mais uma vez, veio a decepção: cinco jogos e uma vitória somente. Não houve outro caminho que não fosse nova demissão - e a consequente escolha de Marcelo Fernandes para encerrar a temporada.

Aguirre Santos
Delírio coletivo? Diego Aguirre comandou o Santos por apenas cinco jogos (Foto: Raul Baretta / Santos FC)

3. TERMINAR O ANO COM UM INTERINO
O principal argumento para a manutenção de Marcelo Fernandes até o final da temporada era que ele "conhecia o Santos". Argumentos táticos, no entanto, ficaram em falta. Apesar disso, o técnico até deu uma cara ao time no início de seu trabalho. O estilo de jogo, porém, era simples demais e se desgastou rapidamente. Os sinais foram dados na goleada por 7 a 1 sofrida diante do Internacional.

Marcelo também nunca conseguiu mudar a impressão de que era um interino, mesmo efetivado oficialmente pelo clube. Em resumo: da mesma forma que o Botafogo, no topo da tabela, errou ao conferir tamanha responsabilidade a um técnico inexperiente e que aparentava ser provisório, o Santos cometeu (mais) um deslize ao eleger Marcelo Fernandes como o "salvador" do rebaixamento.

Santos Cuiabá técnico Marcelo Fernandes
Marcelo Fernandes foi escolhido como o "salvador" do Santos na reta final do Brasileirão, mas acabou rebaixado (Foto: Raul Baretta / Santos FC)

4. O EXECUTIVO DE FUTEBOL
Embora o cargo de Paulo Roberto Falcão fosse o de coordenador de futebol, o ex-volante tinha atribuições mais próximas às de um diretor-executivo. A omissão em momentos delicados para o time e o aparente distanciamento da realidade do clube fizeram com que Falcão fosse muito contestado em seu trabalho.

Alguns momentos marcantes da passagem do ex-jogador pelo Peixe podem ser citados, como o dia em que Falcão estava assistindo a uma partida de tênia antes de clássico contra o São Paulo; ou quando o dirigente afirmou que o Santos brigava por vaga na Libertadores, mas a distância do G6 era maior que a distância para a zona do rebaixamento.

Um problema extracampo acelerou a saída de Falcão do clube. Para o seu lugar, chegou Alexandre Gallo, agora oficialmente no cargo de executivo. Porém, o estrago já estava feito e o dirigente não pôde evitar que o Santos fosse rebaixado.

Falcão - Santos
Paulo Roberto Falcão ocupou o cargo de coordenador de futebol do Santos na temporada (Foto: Divulgação / Twitter Santos)

5. MARCOS LEONARDO
Já dizia aquele famoso personagem de filme: ou você morre herói, ou vive o suficiente para se tornar vilão. Marcos Leonardo tinha tudo para passar ileso pela péssima temporada do Santos, terminando o ano como artilheiro do time. Desentendimentos com a direção do clube, entretanto, praticamente apagaram tudo de bom que o jogador fez em 2023.

A começar pelo episódio sua não-venda para a Roma (Itália). A direção do clube havia prometido que venderia o jogador na janela do meio do ano. Uma proposta considerada irrecusável do Chelsea para o jovem Deivid Washington, no entanto, fez com que a direção santista descumprisse o acordo com Marcos Leonardo. A reação do centroavante foi imediata: faltou ao treino e se recusou a voltar aos trabalhos enquanto sua situação não fosse resolvida.

Alexandre Gallo controlou a situação, e o jogador voltou para ajudar o Santos na luta contra a queda. Entretanto, na última semana, o jogador trouxe novos problemas para o time ao se atrasar para o embarque rumo a Curitiba, antes da partida contra o Athletico-PR. A situação desconfortável, contornada com um afastamento "soft" - Marcos Leonardo ficou no banco de reservas nas duas últimas partidas - gerou uma enorme crise na semana do jogo mais importante da história do clube.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2023: SANTOS FC X SÃO PAULO FC
Marcos Leonardo lamenta mais uma derrota do Santos: atacante foi de herói a vilão em 2023 (Foto: Guilherme Dionizio/Codigo 19/Gazeta Press)

6. A IRA DA TORCIDA
Caro santista, é preciso assumir a sua parte da culpa também. Em alguns jogos da temporada, a torcida ultrapassou todos os limites e apelou para a violência durante os protestos contra a má fase do time. Podemos citar, por exemplo, a partida diante do Newell's Old Boys, pela Sul-Americana, quando houve arremesso de bombas no gramado da Vila Belmiro.

Mas a partida que trouxe prejuízos sérios ao Alvinegro foi a derrota por 2 a 0 diante do Corinthians, pela 11ª rodada do Brasileirão. Como punição, o Santos teve a sua torcida proibida de frequentar jogos da equipe durante 30 dias, além da perda de mando de campo por oito partidas - pena revertida posteriormente no próprio tribunal, em recurso do clube. O Santos poderia ter passado muito menos sufoco no Brasileirão se não fossem essas punições, provocadas pela própria torcida do Peixe.

7. GESTÃO RUEDA
Por fim, mas não menos importante, o principal responsável pela queda do Santos tem nome e sobrenome: Andrés Enrique Rueda Garcia. Todos os itens acima passam pela incapacidade do presidente do clube em tomar decisões. Desde a escolha de um executivo de futebol qualificado até o ambiente caótico que resultou nos atos desesperados da torcida.

Em abril, o mandatário do clube chegou a convocar uma entrevista coletiva na qual afirmou que o Santos entrava no Brasileirão para ser campeão, e que o Peixe não havia corrido risco de rebaixamento em nenhum dos campeonatos anteriores sob a sua gestão. A realidade, no entanto, foi implacável: Rueda entregará ao novo presidente do Santos um time na segunda divisão, com a moral baixa e fora da Copa do Brasil, campeonato com potencial de salvar os cofres do clube.

Santos - Rueda
Andrés Rueda ficará marcado como o presidente do primeiro rebaixamento da história do Santos (Foto: Divulgação / Santos FC)

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