Personalidade, elenco e postura: eliminado, Santos cresce com Cuca
Equipe melhora em campo e mostra brio; questionado sobre o clube, treinador não se esconde e fala dos problemas sem temer as consequências: primeiro passo para evoluir
A terceira eliminação do Santos em competições de mata-mata no ano parece ter deixado uma herança positiva: Cuca. O treinador, que não se esconde quando questionado a respeito de situações polêmicas, tem personalidade suficiente para enfrentar o furacão dos bastidores do Alvinegro e parece ter conseguido conquistar o elenco em pouco tempo de trabalho. Com um time mais organizado e coragem para expor os problemas do clube, pode colher bons frutos no futuro se tiver tempo de trabalhar.
Cuca foi anunciado pelo Santos em 30 de julho, enfrentou um início turbulento nos gramados, com algumas derrotas em sequência e só agora parece estar totalmente a par do clube como um todo. Desde o começo, decidiu "comprar a briga" dos jogadores e faz questão de enfatizar a tentativa árdua de blindá-los de críticas exageradas. No campo, o resultado foi um time com mais brio e entrega dentro de campo. Foi o responsável direito pela recuperação de Gabigol, que chegou a ser vaiado pela torcida em alguns jogos. Agora, parece disposto a ajudar a consertar os problemas internos.
Se Gabriel teve de passar pelo banco de reservas com Cuca para só depois usar a faixa de capitão (em jogo contra o Bahia) e selar as pazes com os fanáticos, a diretoria, ao que tudo indica, não será blindada pelo treinador nos próximos meses. Se José Carlos Peres, presidente do clube, e todo o departamento jurídico do Santos passaram os últimos dias colocando publicamente a culpa unica e exclusivamente na Conmebol pela escalação irregular de Carlos Sánchez, Cuca mudou o discurso.
O treinador foi o primeiro a falar sem papas na língua que houve um "erro básico" interno em não consultar formalmente a entidade a respeito da situação de cada um dos jogadores. Disse que falta organização e profissionalismo dentro do Santos e que o noticiário ruim a respeito do clube deixam o torcedor "maluco" antes de chegar ao estádio. Se taticamente o Santos melhorou em campo, internamente o treinador parece disposto a revirar cada lacuna para encontrar soluções.
Cuca já mostrou ter coragem e experiência suficiente para não se esconder atrás de coletivas vazias ou despretensiosas. Vetou a contratação de um centroavante que não pretendia usar, indicou outros e não escondeu sua frustração com o fato de não ter sido contratado ninguém para o setor. Agora, espera que brigas políticas ou problemas na gestão não atrapalhem o Santos. Assim como quer usar a experiência que adquiriu profissionalmente no Palmeiras para fazer do Peixe um clube mais "profissional", como disse com todas as letras durante a coletiva de imprensa.
Enquanto nos bastidores correm dos processos de impeachment contra o atual presidente e conselheiros se preparam para votar a respeito dos processos, o treinador tem pela frente o o restante do Campeonato Brasileiro e da temporada para fazer valer suas certezas e ajudar o Santos a crescer.