Santos vê prejuízo e dívida e deseja revisar contrato de 50 anos com Pelé
Diretoria antiga assinou vínculo de exploração da imagem de Pelé em 2014, fora do prazo estatutário, e a diretoria atual não pagou nenhuma das parcelas devidas. Agora, a polêmica
Em dívida superior a R$ 2 milhões e com seu estádio penhorado em razão de contas não pagas à Sport 10 Licenciamento do Brasil, empresa que gere a imagem de Pelé, o Santos planeja reconsiderar diversos itens do contrato assinado com o Rei do Futebol em 2014, que prevê a exploração da imagem do maior ídolo da história do Peixe pelo período de 50 anos. Além de entender que o vínculo é danoso ao clube, com poucas contrapartidas, a diretoria atual tentará anular o documento partindo do pressuposto de que ele foi assinado fora do prazo previsto no Estatuto Social do clube.
O primeiro contrato recente do Santos com Pelé é de 2013, e foi renovado em 2014. Neste segundo vínculo, o clube se comprometeu a pagar US$ 500 mil em 2015 e 2016, US$ 400 mil em 2017, 2018 e 2019 e US$ 300 mil de 2020 até 2064, sendo que o contrato deixa de existir se Pelé morrer. Porém, além da necessidade do pagamento anual por quatro aparições públicas, o Peixe ainda tem obrigação de assumir as despesas de acompanhantes de Pelé e outros valores que inflam as contas.
O acordo de 50 anos foi anunciado por Santos e Pelé em 4 de dezembro de 2014, mas sua assinatura data de um mês antes, em 4 de novembro. A grande questão observada pela Comissão Fiscal do Conselho Deliberativo do Santos é que a diretoria de futebol do clube não pode assinar nenhum contrato que comprometa as finanças dentro do prazo de 90 dias antes das eleições presidenciais do clube, que no ano passado ocorreram em 13 de dezembro. Portanto, como não houve aprovação do Conselho conforme previsão do Estatuto, o contrato, para o Santos, é considerado nulo. Esta questão será discutida internamente nos próximos meses.
Enquanto isso, o Santos tenta lidar com uma dívida de R$ 2,3 milhões referentes a uma parcela de 2013 e outras cinco parcelas deste ano, além de multa, juros e correção. A empresa tentou acordo amigável com o Peixe, mas não obteve sucesso. A primeira decisão do caso, tomada pela juíza Cláudia Longobardi Campana, saiu em setembro deste ano, com ganho de causa dos representantes de Pelé. A garantia do Peixe neste contrato foi seu estádio, e bem mais valioso, a Vila Belmiro.
O imbróglio impediu que o clube concretizasse um plano de marketing da gestão de Modesto Roma Júnior, que pretendia estampar a marca do Rei em seu uniforme de jogo no espaço da fornecedora de material esportivo - o Peixe terá uma marca própria em 2016, e a imagem do soco no ar eternizada por Pelé substituiria o logo da fabricante.
Apesar de tudo, o Santos preza pela manutenção de boa relação com Pelé.