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‘Sem medo’, Peres rebate oposição, fala sobre Lica e se garante no Santos

Presidente fala de maneira firme sobre pressão dos opositores, vê impeachment sem base legal e promete colocar 'a casa em ordem' após turbilhão de problemas: 'Homens passam'

Presidente Peres estuda fazer novos cortes no departamento médico do  Santos
imagem cameraCom postura firme e entrevista longa, Peres disse não temer pressão que sofrerá no Peixe (Foto: Ivan Storti/Santos)
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Lance!
Santos (SP)
Dia 19/04/2018
15:07
Atualizado em 19/04/2018
17:36

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Em momento efervescente da política do Santos, o presidente José Carlos Peres escolheu a quinta-feira para conceder entrevista coletiva e dissecar ponto a ponto do pedido de impeachment feito por 22 conselheiros e protocolado na última terça. Na Vila Belmiro, o mandatário ainda falou sobre Ricardo Marco Crivelli, o Lica, afastado da coordenação da base por suspeita de abuso sexual de menor. Segundo Peres,  ele teve sempre conduta exemplar e não exerce mais o cargo para poder responder com tranquilidade à denúncia. 

Peres e Lica são sócios da empresa Saga Talent Sports & Marteking, cuja criação foi em 2005 e a finalidade oficial é a criação de estandes para feiras e eventos. A oposição acusa Peres de usar a empresa para agenciar jogadores, algo proibido pelo Estatuo Social do Clube. Além de explicar a situação de Lica, após a denúncia, o presidente ainda falou da criação e uso da empresa, vista pela oposição como prato cheio para protocolar novo pedido de impedimento. 

- Eu não defendi o Lica em momento algum. Fora de hipótese. Chamei ele na sala, conversei com ele firme. Ele disse que era inocente e eu falei para ele ir se defender na Justiça. Fui curto e grosso. Mas não posso atacá-lo. Quando se tem apuração, se tem surpresa. Lica trabalha há mais de 20 anos sem nenhuma mancha. Fomos pegos de surpresa por uma denúncia. Fizemos uma reunião com o Comitê de Gestão e optamos pelo afastamentos para que ele possa se defender. O Santos vive um momento político muito forte. Não há como separar esses atos da política. Ele se afastou e está se defendendo. O caso dele está em sigilo de Justiça - explicou Peres, e completou sobre o assunto:

- Há 12 anos, cinco santistas se juntaram, ninguém precisava ganhar dinheiro, e fizemos eventos para o Santos, sem ganhar um centavo. Como o Gabigol, que veio de graça. Oito meses depois, descobrimos que não tínhamos tempo para tocar o negócio. Tiveram três movimentos na empresa, que foi o próprio Lica que assinou um contrato com a Puma. Ele ia muito para o interior, ele viaja muito, era bem reconhecido. A Puma pagou uns R$ 2 mil para ele. Mas a empresa nunca esteve cadastrada na CBF. Não dá pra fazer transação de jogadores sem isso. Foi feito uma série de bomba para estourar, mas sem nenhum embasamento legal. E isso aconteceu por mexermos com muita gente. E com gente perigosa. Mas não temos medo, vamos enfrentar. Vamos colocar a casa em ordem. 

No primeiro pedido de impeachment, os 22 signatários responsáveis por assinar e protocolar o pedido de impedimento de Peres alegam que o mandatário teria "agido contra a norma estatutária" ao criar uma portaria determinando que todas as contratações do Santos só poderão ocorrer "mediante determinação prévia e expressa" do presidente. Questionam ainda inúmeras demissões de sua gestão, a saída do executivo Gustavo Vieira, o acerto com a TV Globo para a transmissão de jogos em TV aberta e pay-per-view de 2019 a 2024 e o fracasso na transferência do zagueiro Lucas Veríssimo para o Spartak Moscou, da Rússia. Em entrevista, Peres justificou um a um: 

Demissões
Fizemos grandes mudanças no clube e estamos ajustando. Estamos mexendo com muita gente. A eleição foi muito disputada e muita gente não chegou à conclusão de que tudo que se faz é para prejudicar o clube. Mais do que me prejudicar, prejudicar o clube. Estou de consciência limpa. Fiz um trabalho forte. Terei tolerância zero. Fizemos até agora um choque de gestão e isso atingiu muita gente. Não dá pra separar os atos da questão da eleição. O Santos fica e os homens passam. O Santos sempre permanece.

Tivemos uma entrada de um impeachment sem nenhuma base legal. Nossos advogados verificaram. A base do impeachment é a gestão. O corte que fizemos, amparados ao Comitê de Gestão, todos os integrantes aprovaram que qualquer demissão ou contratação passasse pela minha mesa. Tive cuidado para não fase qualquer demissão, mas que fosse estudada.

Relação com Gustavo Vieira, ex-diretor executivo do Santos
É um grande profissional, não se adaptou ao trabalho e ao Comitê de Gestão. E vamos fazer o possível para manter nossos balanços reprovados e vamos obedecer o que o estatuto manda. Achamos que em um determinado momento ele ficou insatisfeito.

Negociação e acerto com a Globo

Respeitou a minha marca e meu clube, estamos aqui como bons negociadores. Fizemos a melhor negociação da Série A, tirando Corinthians e Flamengo. Além de receber o valor adequado, contribuiu para que a Globo nos amparasse com empréstimo a juros baixíssimos. Foi um ótimo negócio. Os pacotes são: TV aberta, TV fechada, a internet, e os pacotes internacionais. A gestão anterior vendeu a TV fechada, a internet e os pacotes internacionais. Com isso, houve uma redução de 50% dos ganhos na Globo.

São 20 clubes, faltam quatro ou cinco para assinar. Se você ficar fora, o patrocínio é menor pela falta de exposição, não haverá parcerias, a exposição maior é a TV. Tem que estar de bem com a TV, é parceira. Não pode ser torcedor, tem que ver que nos elogiou e ajudou nossa marca.

Negociação fracassada de Lucas Veríssimo
Negociei com mais três integrantes do Comitê de Gestão. Fechamos, mas os russos tinham dado um papel para três negociadores. Um da Itália, um da França e um da Russia. Quando houve esse conflito dos três eles desistiram, por enquanto. Era o imbróglio. Não quis pagar a comissão para os três. Nós fechamos um valor, aceitaram, mas não tiveram uma composição nos mandatos de venda. Hoje o Veríssimo está ai. Não são poucas as propostas. Não tenho prejuízo e estamos negociando.

Relação com o vice-presidente Orlando Rollo
Não estamos rompidos e nunca brigamos. São divergências naturais do dia a dia. Traçamos a gestão, foi planejada. Eu não cai de paraquedas. Estou no clube há 40 anos, e há 20 ajudando. Cedi uma casa no Pacaembu sem cobrar ao clube. Eu não cai ontem de paraquedas. Eu lamento muito quererem fazer uma briga minha com o meu vice. Estamos trabalhando juntos. Ele respeita minhas decisões. Vai para o Comitê de Gestão e lá se decide.

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