Quase impecável, Dorival tem time mais experiente e seguro que 2010

O acontecimento é raro na história, mas o Santos chegou à sua segunda final de Copa do Brasil com o mesmo treinador de cinco anos atrás, quando foi campeão graças ao brilho da geração de Neymar. Ao contrário da primeira passagem, desta vez o comandante chegou no meio do caminho, entre os jogos de ida e volta da terceira fase, contra o Sport. Após eliminar os pernambucanos, o Santos tirou Corinthians, Figueirense e São Paulo para chegar às finais contra o Palmeiras. E dar a Dorival, novamente, a chance de fazer história com uma taça nacional e a possibilidade de jogar a Libertadores da próxima temporada. Desta vez sem Neymar, mas com menos sofrimento.

O Santos de 2010 foi uma máquina de fazer gols, com 39 anotados em só 11 partidas, uma altíssima média de 3,5 por jogo, com direito a goleadas como o 10 a 0 diante do Naviraiense-MS ou o 8 a 1 contra o Guarani. A defesa, porém, passou sufoco nas mãos de Dorival Júnior, sofrendo 14 gols nestes mesmos 11 jogos, média de 1,2. O Peixe perdeu fora de casa em todos os jogos decisivos, por exemplo, contra Atlético-MG, Grêmio e Vitória, mas sempre resolveu dentro de seus domínios.

Em 2015, a campanha é bem superior. Apesar de não ter havido nenhuma goleada marcante, o Peixe anotou 24 gols em 13 partidas, uma média de 1,8 até o momento. Os números só foram possíveis graças às importantes marcas: 11 vitórias, um empate (Maringá) e uma derrota (Sport) em toda a campanha, com 87% de aproveitamento. Dentro e fora de casa, o Santos bateu todos os adversários das fases mais recentes, inclusive os rivais Corinthians e São Paulo. Se o ataque não decepcionou, a defesa é que fez bonito: foram somente nove gols sofridos em todos os 13 jogos da campanha, média de 0,6 por jogo.

Um dos elementos que pode explicar o melhor desempenho do setor defensivo em 2015 é a maturidade dos jogadores do elenco. No título de 2010, a média de idade do time que disputou a final contra o Vitória era de apenas 22,7 anos. Hoje, o time de 2015 tem média de 26 anos, incluindo jogadores acima dos 30 anos, como Vanderlei, Renato e Ricardo Oliveira. No ano do título não havia ninguém no Barradão com mais de 30 - a dupla de zaga, formada por Edu Dracena e Durval, tinha 29.

Em comum entre as duas campanhas, além do fato de ambas terem chegado às finais da Copa do Brasil, está a figura de Dorival Júnior. O treinador, aliás, tem um aspecto extra para ser motivo de confiança do torcedor alvinegro: seu desempenho em mata-mata beira o impecável. Entre Paulistão, Copa do Brasil e Sul-americana, que são torneios eliminatórios, o técnico disputou 13 confrontos. Em 2010, superou duas fases pelo título do Paulistão e seis pela conquista da Copa do Brasil. Sua única eliminação foi no torneio continental, quando atuou com reservas diante do Avaí. Já em 2015 foram quatro fases da Copa do Brasil ultrapassadas em nome do sonho do título.  

A segunda vez pode ser ainda melhor?

COMPARATIVO 2010 X 2015:

Copa do Brasil-2010
Time da final - Rafael; Pará, Edu Dracena, Durval e Alex Sandro; Arouca, Wesley e Ganso; Neymar, Robinho e André.
Média de idade - 22,7 anos.
Média de gols marcados na Copa do BR - 3,5 (39 em 11 jogos).
Média de gols sofridos na Copa do BR - 1,2 (14 em 11 jogos).

Copa do Brasil- 2015:
Time provável da final - Vanderlei; Victor Ferraz, David Braz, Gustavo Henrique e Zeca; Thiago Maia, Renato e Lucas Lima; Marquinhos Gabriel, Gabigol e Ricardo Oliveira.
Média de idade - 26 anos.
Média de gols marcados na Copa do BR até agora - 1,8 (24 em 13 jogos).
Média de gols sofridos na Copa do BR até agora - 0,6 (9 em 13 jogos).
Média de gols marcados na Copa do BR com Dorival até agora - 2,25 (18 em 8 jogos).
Média de gols sofridos na Copa do BR com Dorival até agora - 0,75 (6 em 8 jogos).