Santos recebeu R$ 90 mil de agente para poder disputar Mundial sub-17
De acordo com o clube, cônsul da França no Brasil subsidiou passagens áreas do elenco para Madri, na Espanha, por meio de um sócio, já que Peixe não teria dinheiro para viajar
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O LANCE! teve acesso a um comprovante de transferência bancária do empresário Elias Abdo Filho, no valor de R$ 90 mil, para a conta do Santos, no dia 18 de maio de 2018. O valor, de acordo com o clube, foi usado para custear todas as passagens aéreas da delegação na viagem para disputar o Mundial de Clubes Sub-17, em Madri, na Espanha, em maio deste ano. O chefe da excursão do Peixe na Europa afirma que o valor foi um gesto de Nadir Bosch, cônsul da França no Brasil, para se aproximar e criar laços com o Alvinegro, e que não houve contrapartida do clube.
Nadir e Elias, o responsável pela transferência, são sócios na empresa de agenciamento esportivo Champions Bosch, segundo consta em contrato obtido pela reportagem. O depósito na conta do Santos foi feito da conta corrente de Elias. Portanto, em pessoa física e não em nome da empresa em comum. Em uma troca de e-mails obtidas pelo L!, o clube solicita ainda o pagamento de passagens e hospedagens a membros excedentes na delegação.
- (O depósito veio) de um empresário com bom relacionamento na Europa, chamado Nadir Bosch, ele é cônsul da França no Brasil. E no Santos (ele) tinha um jogador que ajudava, um francês que jogava na base do Santos. Esse francês foi dispensado. (O depósito) Foi feito em troca de nada. Apenas de relações institucionais. Queria criar uma relação Santos e times da França. Hoje, ele (Nadir) não tem nenhum tipo de negócio com o clube - explicou Pedro Doria, que além de chefiar a delegação na Espanha é também membro do Comitê de Gestão do clube, e completou:
- Não foi dinheiro de empresa. Foi um apoio que veio de uma pessoa física, sem nenhuma contrapartida. Haja vista que o mesmo Nadir não tem nada de negócios com o clube. Tampouco o depositante. Aliás, o Santos na oportunidade disse que não teria condições de arcar com todo o custo da excursão. Então, ele subsidiou a ida para a Espanha.
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Atualmente, Nadir não mantém negócios com o Santos, mas é ele quem gerencia a carreira de Junior Kingue, zagueiro francês de 19 anos, que ficou por alguns meses no sub-20 do Peixe, e foi dispensado dias depois da delegação retornar do Mundial na Espanha. Segundo o clube, a dispensa aconteceu por indisciplina. Por ser mais velho e pertencer a outra categoria, Kingue não viajou com o elenco para o torneio internacional.
- O fogador foi dispensado logo depois que voltamos do Mundial. Principalmente, por não estar sendo responsável nos treinamentos. Parece que ele chegou no final do ano passado, ficou em monitoria. Chegou a fazer contrato, mas foi dispensado. Não tenho certeza. Eu sei que ele fez um período de testes, era bom jogador, mas complicado - completou Pedro.
Nadir e Elias foram procurados pela reportagem. O segundo não foi encontrado. Já o cônsul disse que só falará com detalhes a respeito do valor cedido ao Santos para comprar as passagens aéreas dos jogadores e da dispensa de Kingue por meio de seu advogado.
- Essa história está transbordando de interesses. Nesse momento, só quem pode falar a respeito é meu advogado. Todo mundo fala qualquer coisa. Não vou entrar em um jogo de interesses. Disputar o Mundial de Clubes pode ser algo que muda a vida dos jovens. Qualquer coisa que eu falar, posso ser mal interpretado. Elias é meu amigo, meu sócio. Mais que isso, só meu advogado pode falar - disse Nadir, sem querer dar maiores detalhes sobre a situação.
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