Recuperado e titular, Ferraz desabafa e fala em volta por cima no Santos

Lateral-direito se recuperou de luxação no ombro direito e, enfim, conseguiu recuperar a vaga de titular na equipe: 'Antes de renovação, tinha um dos 20 menores salários do elenco'

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O lateral-direito Victor Ferraz concedeu entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, no CT Rei Pelé e, feliz por ter voltado ao time titular do Santos, fez uma espécie de desabafo. Falou sobre o período no qual foi muito criticado por boa parte da torcida alvinegra, sobre a lesão que o tirou da equipe ainda em janeiro e o fez virar reserva de Daniel Guedes e sobre a procura que recebeu do São Paulo, quando Dorival Júnior ainda era o técnico tricolor. O camisa 4 ainda declarou que tem treinado de maneira intensiva cruzamentos e que antes de ter seu contrato renovado, tinha um dos menores salários do elenco. 

- Sempre dei muita entrevista aqui. Vocês sabem que tive muito interesse em fazer carreira aqui, bater recordes e metas. Perguntaram de jogar fora, recebi muitas sondagens e propostas, e nunca passou pela minha cabeça. Dinheiro é um negócio que nunca me seduziu. Naquela época, muito torcedor me chamou de mercenário. Concordava com críticas em campo, mas algo me doía. E eu estava longe de ser mercenário pelas coisas que passei no clube. Antes da renovação, eu não estava nem entre os 20 maiores salários do elenco. Abro aqui para vocês. E pessoal me chamando de mercenário. Dinheiro nunca me moveu - disse o lateral, que teve seu contrato renovado em março de 2018 até o fim de 2020.

- Se optasse por trocar de clube, não era pelo dinheiro, mas pela possibilidade do ciclo acabar. Gosto muito do clube, da cidade e tenho identificação grande com o torcedor. Criticam porque sabem que posso dar mais. Resposta veio e consegui dar a volta por cima. Dois jogos é pouco, preciso jogar em grande nível os grandes jogos. E vou conseguir. Nosso time é promissor e brigaremos por grandes jogos.

Quando teve a luxação no ombro direito, Ferraz prometeu à torcida que se recuperaria bem e voltaria a treinar com uma intensidade muito maior para poder corresponder às expectativas e, assim, recuperar o posto de titular. Aos poucos e com muito empenho nos treinamentos, segundo ele mesmo conta, voltou a ser usado por Jair entre os titulares e parece ter ganho o posto novamente. 

- Eu me preparei para isso. Quando me machuquei, não sei se todos me seguem nas redes sociais, foi aquele jogo fatídico, que voltei daquela forma. Fiz uma promessa ao torcedor que ia treinar demais para voltar à minha melhor forma, o Ferraz que todos se acostumaram nessas 5 temporadas. Eu me regrei, abdiquei de muita coisa, descansei, foquei na recuperação e depois treinei muito. Cheguei mais cedo, saí mais tarde para voltar dessa forma. Agradeço a Deus porque tem sido de uma forma especial - explicou. 

O camisa 4 também falou sobre o próprio Daniel Guedes, justamente seu concorrente pela posição. Para Ferraz, o Peixe é quem se beneficia com a disputa entre os dois. 

- Ele é fantástico. Fui questionado sobre ele e falei de me manter em alto nível. Via pelos treinamentos que ele daria conta do recado. É promissor, cabeça boa e acho que estamos bem servidos. Estamos provando isso dentro de campo. O momento é do Jair me utilizar novamente, assim como eu voltei e fiquei seis jogos no banco. A opção era ele e respeitei. Fiquei feliz por ele. Queria jogar, mas sabia que ele estava bem. É um grande amigo, conversamos bastante, somos evangélicos e compartilhamos a palavra. A disputa é sadia - finalizou, mas não sem antes falar sobre os treinos excessivos de cruzamentos. No último jogo, contra o Paraná, mostrou repertório. 

- O primeiro foi algo que treinei muito. Precisava evoluir. Vocês que acompanham são testemunhas do quanto trabalhei. Fiz muitos cruzamentos, principalmente de arco. A segunda foi por baixo, da minha característica, bola entre zagueiro e goleiro. É minha principal característica. A terceira é a que o Sasha gosta, viajada, ele cabeceia muito bem e conversou comigo no vestiário. Aquilo foi conversado antes do jogo. Ele me procurou e falou que gostava daquela bola. Graças a Deus encaixou bem.

Confira outros pontos da entrevista coletiva de Victor Ferraz: 

​Convocação da Seleção Brasileira à Copa do Mundo
Foi meio tenso. Tínhamos alguns que poderiam estar na lista. E temos muitos amigos que podem jogar lá fora. Ficamos na torcida para que a convocação aconteça com a maior justiça possível. Esses últimos dias foram cheios de brincadeiras, de expectativa.

Força pela própria história de vida
Tive muito a força de Deus. Ele tem sido sempre presente comigo. O povo paraibano tem característica de ser guerreiro, de lutar pela sobrevivência, vai, não só do trabalho. Isso está no meu sangue. Fiquei muito feliz pela renovação. Santos acreditou em mim em momento difícil, críticas, estava apanhando muito, no momento mais duro. Foi necessário, absorvi as críticas. Tenho 30 anos e sabia que tinha que melhorar. Melhorei em muitos quesitos físicos, técnicos e mentais. Cheguei perto de talvez sair do clube, acabei ficando e tenho certeza que foi a opção certa.

Pensa em jogar de meia? 
Vejo alguns torcedores, Jair conversou comigo sobre isso, mas precisaria treinar. No futebol não dá para inventar. Teria que treinar nova função, aprender... Me vejo com característica de meio-campo, mas eu gosto de ser lateral. Me sinto bem, sou ambientado. Tenho muita lenha a queimar. No momento, não penso em mudar.

Continua treinado faltas? 
Treinei bastante e estou cobrando a molecada para cair perto da área para cavar falta ali (risos). Bola parada decide o jogo. Infelizmente não fizemos gol de falta, mas não só eu, tem muitos treinando bem. Jean bateu uma muito boa no outro jogo. Vamos caprichar nas próximas bolas que saíram.

Por que Santos melhora no segundo tempo? 
Gols saíram no segundo, mas tivemos um certo controle no primeiro. Segundo tempo, pelos gols, criarmos mais, aparenta ser muito melhor, mas no primeiro tivemos 70% de posse, controlamos, teve um chute do Alemão e não muita coisa. Se fecharam muito e tiveram que correr atrás. Sabíamos que as pernas iam pesar, só correr atrás é difícil, organismo dificilmente aguenta. Sem querer puxar saco, Jair fez mudança tática que complicou o Paraná. Ele passou o Jean pra meia e ficamos no 1-2. Tínhamos dois jogadores entre a linha de volante. Ajudou o Vitor Bueno na primeira jogada com essa alteração. Muitas vezes só quem está jogando sabe. Mais do que o chacoalhão, foi a mudança tática que nos ajudou na vitória.

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