Rueda faz balanço da gestão até agora e vê futuro melhor para o Santos
Presidente equilibrou as contas do clube e se defendeu das críticas que vem recebendo por ter investido pouco no futebol e lutado contra o rebaixamento em três campeonatos
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O presidente Andres Rueda assumiu o Santos sob uma enorme expectativa. Empresário de sucesso do ramo de TI, com atuação na bolsa de valores, ele venceu a eleição com quase 50% dos votos (3.936 de 8.154 votos totais), no maior pleito já realizado pelo clube. Foi a única chapa a eleger membros para o Conselho Deliberativo.
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No primeiro mês de gestão, viu o Santos perder a final da Copa Libertadores para o Palmeiras. Desde então, administrou o clube em uma espécie de dualidade. Ao mesmo tempo em que o lado extra-campo, administrativo e financeiro, davam sinais positivos, dentro de campo o time sangrava. Foram duas lutas contra o rebaixamento até a última rodada do Campeonato Paulista e duas das cinco piores campanhas na era dos pontos corridos no Brasileirão. Vexames contra o Corinthians na Copa do Brasil e o Deportivo Táchira na Copa Sul-Americana.
Perto de iniciar o terceiro e último ano de mandato (ele descarta concorrer à reeleição), Andres Rueda concedeu uma entrevista ao DIÁRIO DO PEIXE, que completa cinco anos neste domingo, e projetou um futuro melhor para o clube a partir de 2023, principalmente se a Libra, a liga de clubes da qual ele é um dos líderes, prosperar. Confira abaixo alguns dos principais pontos da entrevista e matérias produzidas pela equipe do DIÁRIO sobre ela:
DIÁRIO: Presidente, o Senhor declarou que se o Santos sobrevivesse ao final de 2022, o clube mudaria de patamar em 2023. Como o Santos chega ao final do ano?
RUEDA: Chegamos ao final de 22 sobrevivendo, não da maneira como estava planejado pelo tombo que tivemos com o problema do Kaiky (o fisco da Espanha bloqueou 4,5 milhões de Euros), que bagunçou nosso fluxo de caixa, mas conseguimos terminar 22 em uma situação que nos permite olhar para a frente e ver um futuro bem melhor. No começo de 21, o paciente estava na UTI e quase indo embora, em uma situação muito complicada. Hoje a nossa situação melhorou muito, a dívida está sob controle, os acordos feitos sendo pagos. É complicado, mas a situação é um pouco mais confortável, o que nos permite alçar voos maiores em termos de contratação. Até agora era empréstimo sem custo, salário baixinho, e valor de passe definido. Hoje dá para pensar em valor. Não vou mentir para o torcedor, não dá para fazer grandes contratações, mas investimos em uma comissão técnica e um executivo de futebol de porte para esse investimento ser bem embasado.
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DIÁRIO: Tivemos a sensação de que a declaração de mudança de patamar para 2023 foi baseada na expectativa pela Liga. Foi isso mesmo?
Rueda: Eu não contei com a Liga. Não dá para contar com algo que pode acontecer em janeiro, em julho ou em dezembro.
DIÁRIO: E o senhor acredita que a Liga vai sair?
“A Liga está andando, agora começa acelerar porque existe uma proposta formal de um investidor, são valores significativos, quase R$ 5 bilhões pela Liga como um todo. Existe uma discussão sobre como esses valores serão divididos entre os clubes, existe uma parte de maneira igualitária, depois tem histórico de torcida e tal. Será bem justo. Nesse momento, o Santos deve ter uma realidade bem diferente da que tem hoje. Acredito que até o primeiro semestre de 23 vai estar concretizado. No momento que tem investidor os clubes que não aderiram começam a aderir. Eu estou otimista e acho que sai no primeiro semestre.
DIÁRIO: As matérias publicadas sobre a proposta falavam em R$ 300 milhões para os clubes da primeira faixa e algo em torno de R$ 200 milhões para o Santos. São esses os valores?
RUEDA: O Santos tem mais do que isso. No momento que eu tenho a dívida controlada, esse dinheiro vai entrar para injetar no futebol, diferentemente de outros clubes que estão endividados. Com a Liga espera-se que dobre o valor do que é pago pelo televisionamento e pelo marketing. Hoje o futebol brasileiro arrecada R$ 2 bilhões por ano e a expectativa é que isso dobre já no primeiro ano. Muda o patamar de dinheiro envolvido. O mais importante é a relação entre o primeiro colocado e o último. Hoje existe uma relação de quase 11 vezes. O time lá de cima arrecada mais de dez, 11 vezes que os últimos. Isso vai tornando o futebol menos competitivo, os primeiros vão contratando melhor. A vantagem que a Liga vai trazer é o comprometimento de que no curto espaço de tempo essa relação caia para três, três e meio para um, o que traz mais equilíbrio para os clubes.
DIÁRIO: E como você imagina a aplicação desse valor que o Santos ganharia com a Liga?
Rueda: Caminhando a Arena (leia-aqui), o que falta paras o Santos? O CT. O CT, com terreno e tudo, vamos imaginar 20, 30 milhões, dá para fazer uma CT bem razoável. Fora isso, o que o Santos vai investir? Vai ser no futebol. Esses valores serão limpos para investir no futebol. Dinheiro não aceita bobagem. Tem de ser bem administrado, com toda parcimônia, não é porque tem o dinheiro que vamos fazer loucuras porque esse dinheiro acaba. Muda muito o patamar do clube. E muda porque conseguimos equacionar as dívidas.
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DIÁRIO: Qual o legado que o senhor imagina que vai deixar para o Santos?
RUEDA: O maior legado que a gente pode deixar é a recuperação financeira. Muita vez saio da cadeira de presidente, me coloco como torcedor e falo: “caramba, o que esses malucos fizeram. Resolveram o problema em dois anos. Se falava em R$ 600, R$ 700 milhões (em dívidas) e resolveram, dez anos de desmontagem. Isso é um legado importante. Se a gente tivesse fracassado em fazer isso o clube tinha terminado. Ah, mas o clube não fecha, não fecha, mas a gente estava três, quatro meses atrasado e sem dinheiro para pagar jogador. Tinha o transferban, contas bloqueadas sem condições de pagar água e luz do clube. Poder entregar para o próximo um clube melhor. Segundo legado é o capítulo do Estatuto em que o executivo pediu para colocar regras para fiscalizar o próprio executivo. Isso não existe em lugar algum. Briguei para colocar travas para o executivo. Do tipo, tem dinheiro e não pagou a folha, não pagou imposto, no primeiro mês é advertido e no segundo é rua. Para não ter de esperar dois, três anos com o clube sendo esfoliado. O presidente que ficar dois meses sem pagar a folha e imposto é rua. Isso é um grande legado. Senão tudo que foi feito teria sido em vão. Não adianta o clube passar sufoco em campo por falta de investimento, de ter uma equipe melhor, o esforço dessa diretoria de colocar a casa em ordem, sem ter uma amarra que impeça que próximas gestões voltem a fazer o que fizeram no passado. Acho que são dois grandes legados.
DIÁRIO: E o que mudou no Andrés Rueda da eleição para o Andres Rueda após dois anos de mandato?
RUEDA: Como pessoa não mudou nada. É sofrido, a família sofre muito. Tenho um amigo que a gente se falava todo dia, fui ver esses dias e fazia seis meis que a gente não se falava Tenho residência no Guaruja e faz dois anos que não vou para lá. Estar presidente do Santos te obriga uma dedicação full time, 24 x 7, não tem sábado, não tem domingo, não tem feriado, senão a coisa não anda. Mesmo com essa dedicação a gente deixa a desejar. O que mais tenho sentido é isso. A parte social você praticamente zera. Dedicação total ao Santos. Cansa? Cansa, já são quase três anos sem férias. Me oho no espelho e vejo olheiras, nunca tive isso.
DIÁRIO: E quais são as metas do Santos para 2023?
Rueda: A meta do Santos em qualquer campeonato é ser campeão. O Santos não entra se não tiver essa meta. Até em campeonato de bolinha de gude. A meta é ser campeão.
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